Publicado pelo G1
A secretária municipal de saúde, Eliane Chomatas, assinou, na tarde 
desta terça-feira (20), uma portaria que prevê que travestis e 
transexuais sejam chamados pelo nome social no atendimento nas unidades 
de saúde da Prefeitura de Curitiba. A norma será publicada em Diário 
Oficial até a próxima terça-feira (27) e deve valer para todos os 
procedimentos nas unidades de saúde, como consultas, coleta de exames, 
aplicação de vacinas e também no painel eletrônico dos centros de 
urgências médicas.
A portaria foi assinada em uma solenidade que reuniu representantes dos 
segmentos LGBT (de gays, lésbicas, travestis e transexuais), e as 
secretarias municipais de Recursos Humanos, Educação e Defesa Social. 
"É um passo a mais da rede de saúde para vencer preconceitos, reforçar o
 direito das pessoas, respeitar a identidade sexual e diminuir 
constrangimentos que possam ocorrer", afirmou a secretária de saúde. 
Eliane Chomatas explicou, ainda, que as equipes das unidades de saúde 
irão passar por "um processo de sensibilização para incorporar e colocar
 em prática" a portaria. O nome civil continuará sendo usado pelos 
pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), em Curitiba, em situações que
 exijam internações ou cirurgias. 
Respeito e Reconhecimento 
A presidente do Grupo Dignidade, a transexual Rafaelly Wiest, de 29 
anos, está na fila de espera para fazer a operação de mudança de sexo 
pelo SUS. Para ela, a assinatura da portaria é um avanço. "Em 2008, teve
 a portaria ministerial. Em 2010, foi no Paraná e, agora, em Curitiba. 
Tudo começou, em 2006, com a publicação da carta dos direitos dos 
usuários do SUS para receber um tratamento humanizado e com respeito à 
orientação sexual", relembrou. 
Rafaelly disse, também, que utiliza o SUS apenas no processo de mudança 
de sexo. Ela optou em fazer um plano de saúde privado, no qual é 
atendida desde 2009 para outros tipos de consultas. A escolha do plano 
particular foi por praticidade e segurança, diz. A transexual contou que
 o serviço privado respeita o nome social há algum tempo, antes mesmo da
 portaria estadual. Ela relatou que o nome social e usado até na fatura 
de cobrança. "Acho bonito. É respeito e reconhecimento". 
Rafaelly acredita que não basta somente a assinatura da portaria. 
"Pedimos a ampla divulgação. Os profissionais têm que estar a par de que
 é um direito". Ela ainda afirmou que a ação da Secretaria está apenas 
seguindo uma política que vem sendo adotada desde 2006. 
Constrangimentos 
A transexual contou que, em uma ocasião, foi a um posto 24 horas para 
tratar uma alergia na pele. Ao entrar no consultório médico, depois de 
passar pela triagem, o médico já estava com a receita pronta. "Ele não 
me examinou. Fui embora chorando". 
Ela ainda disse que, depois, procurou outro médico em outra unidade de 
saúde e descobriu que havia sido medicada incorretamente. "Ele me deu um
 remédio errado porque não me examinou por preconceito", avaliou. 
Rafaelly denunciou que, em alguns casos, profissionais fazem questão de 
chamar transexuais e travestis pelo nome civil para expô-los na frente 
de outras pessoas. "Tem gente que grita para todo mundo ouvir". 




