Súper a favor do casamento gay, a ELLE francesa publicou, esta semana, duas mulheres vestidas de noiva na capa da sua última edição. Na chamada, a frase Casamento para Todos.
 O apoio da revista surgiu no meio de uma polêmica em torno do projeto 
que regulamenta a adoção de crianças por casais homossexuais no país. A 
edição francesa não é a única a combater o preconceito. A ELLE Brasil já
 teve uma capa estrelada pela modelo transexual Lea T, em dezembro de 2011, e também apoia a iniciativa.
sábado, 26 de janeiro de 2013
Psicólogo fala sobre o prejuízo que universo LGBT sofre com sua divisão em grupos
Publicado no MixBrasil
Ao longo da História, o Homem foi estabelecendo regras para poder se 
organizar “melhor” em grupo. Tradições religiosas, demandas sociais e 
econômicas contribuíram para que a heterossexualidade se tornasse a 
única orientação sexual “verdadeira”, “correta”, “natural”, “fixa” e 
“possível”. Por causa da Revolução Industrial, as cidades europeias 
ficaram muito populosas a partir do século XVIII. Era preciso 
estabelecer regras para o controle da população.
Disciplinar para tornar as pessoas obedientes, produtivas e lucrativas 
era a palavra de ordem da época. A família nuclear (papai, mamãe e 
filhinhos) vai se tornando a célula fundamental e funcional que 
sustentava a burguesia capitalista industrial que surgia. A religião e a
 ciência, financiadas principalmente pelos novos burgueses, endossavam 
todas as formas de disciplina e controle que os favorecessem. Aqueles 
que não se adequavam às normas eram submetidos a tratamentos para se 
tornarem “normais” e “funcionais”. Caso não adiantasse, poderiam ser até
 mesmo mortos ou mandados para instituições isoladas de confinamento.
Séculos antes, influenciados principalmente pelas ideias dos filósofos 
gregos Sócrates (469 – 399 a.C.) e Platão (428 – 328 a. C.), 
acreditava-se que era justamente na alma que se localizava a verdadeira 
identidade da pessoa. Por meio da confissão religiosa, descobriu-se que o
 corpo iria manifestar na carne os desejos que estavam na alma. 
Portanto, para saber quem a pessoa era, bastavam saber quais eram seus 
desejos. Baseados nas tradições, normas e costumes estabelecidos, os 
sacerdotes faziam um minucioso levantamento de todos os tipos de desejos
 e os classificavam em “normais” e “anormais”. Quaisquer práticas 
sexuais que não obedecessem às leis da procriação, casamento e família, 
eram consideradas anormais imediatamente.
Aquilo que parece estranho e anormal sofre preconceito instantaneamente.
 Então, o grupo de excluídos acaba reproduzindo o que foi feito com 
eles. Padrões de “superioridade” e “inferioridade” serão criados dentro 
do próprio grupo. No caso dos homossexuais, por exemplo, os principais 
subgrupos criados são: os leathers, os ursos, os intelectuais, as 
barbies, os alternativos, os fashions, as poque-poques, as finas, os 
pães com ovos, os fora do meio, os andróginos, enfim...
Para se proteger, diante de tantas diferenças, o ser humano tem a 
necessidade de se sentir mais forte em relação ao outro. Elege seu grupo
 como sendo o único possível, digno, natural, superior e verdadeiro. 
Ataca e hostiliza os demais, pois sente vontade de se colocar superior, 
por meio de uma hierarquia fantasiosa que ele mesmo convenciona. No fim,
 ele não percebe que quer queira quer não, depende e está conectado a 
todos os seres que existem. É preciso mudar nossa mentalidade 
competitiva para uma mentalidade cooperativa. Possivelmente, assim 
haverá maior crescimento, harmonia, paz, solidariedade e união entre 
todos nós.
Bibliografia Consultada:
FOUCAULT, Michel História da sexualidade I – a vontade de saber. São Paulo: Graal Editora, 2010.
NIETZSCHE, Friedrich Vontade de Potência. São Paulo: Editora Vozes, 2011.
Pedro Paulo Sammarco Antunes é psicólogo. Atualmente está cursando 
doutorado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de 
São Paulo. Em 2010 defendeu o título de mestre em Gerontologia pela 
mesma instituição. Concluiu sua pós-graduação lato-sensu em Sexualidade 
Humana pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 2008. 
Tem experiência na área de psicologia clínica com ênfase em sexualidade 
humana.
Bebê in vitro filho de casal gay faz aniversário solidário no Recife
Publicado pelo G1
Faz quase um ano que o sorriso de Maria Tereza chegou para iluminar a 
vida dos pais Mailton Alves Albuquerque, 35 anos, e Wilson Alves 
Albuquerque, 40. A criança foi o primeiro bebê brasileiro filho de um 
casal homoafetivo masculino e concebido através de fertilização in vitro
 registrado pela Justiça. A menina faz aniversário dia 29 de janeiro, 
mas a festa será no domingo (27). Ao invés de presentes, os convidados 
devem levar doações para um abrigo de crianças pobres com deficiência no
 Recife. Esse foi o jeito que os empresários arrumaram para despertar o 
espírito de solidariedade entre amigos e parentes. 
A ONG Lar Rejane Marques será a beneficiada com os donativos. Sem fins 
lucrativos, a instituição acolhe crianças com deficiência física e/ou 
mental, vítimas de violência doméstica e em situação de vulnerabilidade 
social. "Quando começamos a pensar na festa, vimos que Maria Tereza não 
precisava de nada. Pensamos, primeiro, em ajudar pessoas que estão 
sofrendo com a seca, mas, por indicação, conhecemos o Lar Rejane 
Marques, que, por ser uma organização pequena, tem mais dificuldades em 
arrumar recursos", falou Mailton. 
O casal pediu aos 300 convidados donativos para colaborar com a 
manutenção da instituição, como lençóis, toalhas, remédios e leite. "Nós
 fomos conhecer o lugar e dói no coração ver crianças jogadas à própria 
sorte. É que quando você tem um filho, você vivencia um amor 
incondicional e é difícil entender como alguém o abandona, mas, claro, 
cada caso é um caso, não podemos julgar os pais delas. Nossa ideia é que
 as pessoas conheçam essa realidade e, se acharem por bem, depois 
continuem a ajudar o Lar", explicou Wilson. 
Atualmente, 16 crianças, de zero a dez anos, estão abrigadas na ONG, que
 fica no bairro de Campo Grande. A maior parte foi abandonada pelos 
pais. O local funciona apenas por meio de doações. "Precisamos de 
alimento, principalmente carne, que nunca vem, fraldas tamanho G e GG, 
remédios, sofás, ventiladores e outros eletrodomésticos. A casa precisa 
em torno de R$ 50 mil por mês para se manter, por isso doação em 
dinheiro também é importante", informou a coordenadora executiva do Lar 
Rejane Marques, Rita de Cássia Vasconcelos. 
Apenas 20 pessoas trabalham na instituição, em sistema de plantão. Por 
isso, o apoio de voluntários é bem-vindo. "O voluntário potencializa 
cada ação da casa, levando a criança para um passeio, para um médico, 
fazendo um aniversário, além de ajudar na mobilização de recursos e 
gestão. Fico feliz com essa ação do casal, pois mostra como a sociedade 
está evoluindo, pensando no bem de todos", disse a coordenadora 
Dia a dia 
A chegada do bebê mudou a rotina do casal, que está junto há 16 anos. O 
escritório onde trabalham, na Ilha do Leite, no Recife, precisou 
adaptar-se, com brinquedos pelo chão e o berço ao lado das mesas. "A 
sensação é que temos uma responsabilidade maior, de cuidar de uma outra 
vida. A gente faz tudo com ela, pois queremos que ela nunca se sinta 
sozinha. Estamos aprendendo no dia a dia a cuidar dela, é assim com todo
 pai de primeira viagem. Hoje, quem manda na gente é Maria Tereza", 
brincou Mailton. 
A decisão de terem um herdeiro aconteceu há dez anos, quando 
estabeleceram uma união estável. Na época, uma resolução do Conselho 
Federal de Medicina (CFM), que estava em vigor desde 1992, determinava 
que os usuários da técnica de fertilização deveriam ser mulheres em 
união estável ou casadas. Em 2010, Mailton fez um intercâmbio no Canadá,
 onde conheceu outro casal gay que já tinha três filhos, concebidos 
através da técnica. 
Interessado pela ideia, em janeiro de 2011 ele recebeu a notícia que 
esperava há muito tempo: o CFM mudara a resolução, decidindo que todas 
as pessoas capazes poderiam utilizar a técnica. No mesmo mês, os dois 
procuraram uma clínica no Recife e começaram a fazer os exames. 
Todas as mulheres da família, entre irmãs e primas de Mailton e Wilson, 
se prontificaram a ajudá-los. Depois dos testes, ficou decidido que uma 
prima de Mailton iria emprestar o útero para gerar a filha do casal. A 
família aprovou a iniciativa. Os dois doaram espermatozóides para serem 
fecundados com óvulos de um banco de doadoras. Dessa primeira vez, foi 
utilizado um óvulo fecundado por Mailton. 
Em 2012, foi o juiz Clicério Bezerra quem possibilitou que a certidão de
 Maria Tereza tivesse o nome dos dois pais, um caso inédito na época. Os
 dois vão providenciar este ano o segundo filho. Wilson é quem vai doar,
 desta vez, o material genético. "Nós nunca sofremos nenhum tipo de 
preconceito, pelo contrário, muitas pessoas nos reconhecem e parabenizam
 pela iniciativa, principalmente heteros. Estamos educando nossa filha 
da maneira mais natural possível, para que ela entenda que tem dois pais
 e enfrente qualquer dificuldade no futuro, pois o bullying só tem 
sucesso quando a pessoa se ofende, senão vira apenas uma piada sem 
graça", falou Wilson. 
Serviço 
Lar Rejane Marques 
Rua Esberard, n° 235 - Campo Grande - Recife 
Telefone: (81) 3241-4249 
Fax: (81) 3212.0009
E-mail: admlarrejanemarques@hotmail.com
Exército russo avalia tatuagens para afastar soldados homossexuais
Publicado pelo Terra
O Ministério da Defesa russo recomenda recrutadores do Exército do país a
 examinarem as tatuagens de novos soldados para verificarem "vestígios 
de homossexualidade", segundo documento obtido pelo jornal The Moscow 
Times. 
Além de expor suas tatuagens, os aspirantes ao serviço militar devem 
contar detalhes de experiências sexuais no decorrer da vida, se possuem 
ou não namorada e se consideram fidelidade importante em um 
relacionamento. O questionário tem o intuito de determinar a "saúde 
mental" do entrevistado e também inclui perguntas sobre religião, 
alcoolismo e tendência ao suicídio. 
Igor Kochetkov, representante da comunidade LGBT russa, disse ao jornal 
que tatuagens indicando homosseuxalidade são comuns apenas em prisões do
 país, onde detentos são forçados a se tatuarem para se tornarem 
"homossexuais passivos", que podem ser estuprados por companheiros de 
cela. 
"As imagens mais comuns nesses tipos de tatuagem são uma mulher de 
costas entrelaçada com uma serpente ou dois olhos sobre um pênis 
formando uma face. É uma forma de degradar um detento", explica Damon 
Murray, co-editor de um livro que investiga o sistema criminal russo.  
Um oficial de um batalhão do sul da Rússia, que não se identificou para a
 reportagem, comentou as orientações: "não me sinto apto a ter esse tipo
 de conversa com um novo recruta. Ainda assim, os comandantes seguem as 
instruções. O que eles fazem, examinam as genitais dos soldados e suas 
tatuagens? E como vão perguntar a alguém sobre experiências sexuais?", 
questionou. 
Ainda assim, o oficial vê ao menos uma utilidade para a medida. "Já 
tivemos um homossexual que entrou em nosso batalhão apenas para procurar
 por namorados. Para pessoas assim, não há lugar no Exército", declarou.
 
Com poesia, fonoaudióloga ensina travestis e transexuais a modular voz
Publicado pelo G1
Há três anos, Denise Mallet, 61 anos, ensina os travestis e transexuais 
de São Paulo a modular a voz. Para que as cordas vocais desse público 
não sejam prejudicadas, a especialista oferece uma técnica singela e, 
segundo ela, bastante eficaz. Com poesia, a especialista mostra que é 
possível assumir uma maneira masculina ou feminina de falar, sem 
precisar afinar ou engrossar a voz. 
(A trajetória de Denise Mallet é parte da cidade que chega aos 459 anos 
nesta sexta, 25. Para celebrar o aniversário de São Paulo, o G1 mostra 
25 paulistanos de origem ou "adotados" pela metrópole. Leia todas as 
histórias.)
O tratamento, pioneiro e ainda único no Brasil, é oferecido 
gratuitamente no Ambulatório para Saúde Integral de Travestis e 
Transexuais de São Paulo, projeto realizado no Centro de Referência e 
Treinamento DST/Aids, onde Denise atua desde 2001. De junho de 2009 a 
janeiro de 2013, o ambulatório registrou 1.322 pacientes agendados.
Declamando versos, ela ajuda esse grupo especifico a deixar a voz 
saudável e compatível com o visual já modificado. “Esteticamente é 
fácil, mas e a voz? É o que denuncia. No caso das travestis, elas usam 
falsetes, tem uma forma de produzir um som nasal para minimizar o tom 
grave da voz masculina", explica.
Com voz suave, ela apresenta obras da literatura brasileira em 
diferentes interpretações.“São pessoas muito nervosas, tensas, 
machucadas. E a poesia é muito leve. Então, é um momento de paz, 
serenidade, recebido com prazer. Com a ‘A Rua das rimas’ (poema de 
Guilherme de Almeida), muitas choram.”
O trabalho demanda tempo, e disponibilidade de ambas as partes. Denise 
revela que é preciso, em média, 40 a 50 dias para que os pacientes 
fiquem à vontade. “Tenho que resgatar a voz natural. E isso é muito 
difícil para esse público. Até mesmo dentro do consultório.”
Para ter êxito com uma população tão carente e fragilizada, Denise 
desenvolve a técnica de modulação da palavra. O que ela oferece é uma 
espécie de maquiagem na fala.  “Começo a mostrar para o paciente que 
posso emitir a poesia de várias formas. A voz continua a mesma, mas 
auditivamente parece outra. O importante não é falar fino ou grosso, é 
ter um jeito feminino ou masculino de falar.”
A poesia abre terreno para introduzir a prosa. A eficácia, em alguns 
casos, vai além da técnica. Com a ajuda de Manuel Bandeira - o 
queridinho da médica - e Cecília Meireles, ela também desperta nos 
pacientes o prazer pela leitura. “Fiquei muito contente que muitas foram
 às livrarias atrás dos autores que uso em consultório e descobriram 
inúmeros outros. Abre caminho para o conhecimento e coisas boas.”
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Rússia: Lei que proíbe "propaganda gay" é adiada indefinidamente
Publicado na Nossos Tons
O projeto de lei, apresentado pelo Kremlin e pela Igreja Ortodoxa Russa 
que estenderia a todo o país os regulamentos homofóbicos, já em vigor em
 alguns de seus territórios, como São Petersburgo, foi votado nesta 
terça-feira, 22, no Parlamento russo (Duma), depois de sofrer vários 
atrasos. No entanto, o projeto foi devolvido à fase preparatória 
indefinidamente, já que, alguns legisladores consideraram que ele 
necessita de maiores reflexões.
Sergei Mironov, líder do partido "Rússia Justa", depois de informar à 
imprensa sobre o novo atraso, se disse surpreso com a decisão da Duma: 
"Nós estamos falando sobre a proibição de propaganda. Lembra quando 
Yelena Mizulina (chefe da comissão parlamentar sobre a política da 
família) disse que tinha a sensação de que alguém estava, 
deliberadamente, contra todos os projetos relacionados a este tema? 
Agora foi novamente adiado, o que levanta questões." Vale destacar que o
 Primeiro-Ministro russo, Dmitri Medvedev, já declarou publicamente que 
não vê a necessidade de existir legislação específica, proibindo a 
"propaganda" e a "apologia" à homossexualidade.
O projeto de lei, que pretende punir com multas na ordem dos dois mil 
euros toda e qualquer propaganda sobre gays, lésbicas, bissexuais e 
transexuais, visa estender a todo o território russo os regulamentos 
homofóbicos já em vigor em algumas áreas, como São Petersburgo, cuja lei
 foi aprovada no início de outubro do ano passado pelo Supremo Tribunal 
russo. Já em setembro, o mesmo tribunal tinha aprovado uma lei similar 
na região de Arkhangelsk. Infelizmente já são numerosas as regiões 
russas que estão adotando regras similares, argumentando que a proibição
 da "propaganda homossexual" é uma forma positiva de impedir a 
realização de eventos LGBT's públicos, como por exemplo, as marchas do 
Orgulho Gay. 
Horas antes da votação ativistas LGBT's convocaram uma ação contra o 
projeto. Dezenas de pessoas se reuniram em frente ao Parlamento, com a 
intenção de promover um beijaço. Os beijos foram recebidos aos murros e 
pontapés por cerca de quinze homofóbicos que além das agressões físicas,
 jogaram ovos e catchup nos ativistas. Jornalistas que cobriam o evento 
também foram atacados.
Elena Kostyuchenko, ativista dos direitos gays e jornalista do jornal 
"Novaya Gazeta", disse que a legislação é absolutamente irrealista e nem
 define o que é "propaganda gay". Segundo Elena, pelo menos cinco 
agressores foram presos pela polícia.
Considerado um dos países mais homofóbicos da Europa, a Rússia 
descriminalizou a homossexualidade somente em 1993. No ano passado, o 
país proibiu a realização da parada do orgulho gay pelos próximos cem 
anos.
Projeto de Lei pretende assegurar aos líderes religiosos o direito de condenar a homossexualidade
Texto publicado pela Agência Câmara Notícias
A Câmara analisa o Projeto de Lei 4500/12, do ex-deputado Professor 
Victório Galli (PMDB-MT), que garante a liberdade de expressão religiosa
 em questões envolvendo a sexualidade. De acordo com a proposta, os 
líderes religiosos poderão ensinar a doutrina professada pela sua igreja
 quanto à sexualidade, de acordo com os textos sagrados.
Victório Galli afirma que o objetivo da medida é assegurar o direito 
constitucional de livre manifestação do pensamento. O temor é de que o 
projeto de lei que criminaliza a homofobia (PLC 122/06, que tramita no 
Senado) possa vir a prejudicar o ensino religioso de que o 
homossexualismo é pecado. Segundo o autor, se o PLC for aprovado, o 
líder religioso que ensinar que o homossexualismo é pecado correrá o 
risco de ser preso.
“O cerceamento da liberdade de expressão durante a realização dos cultos
 representaria interferência indevida do poder público na atividade das 
igrejas, impedindo o pleno funcionamento dessas cerimônias e rituais 
religiosos, em ostensiva violação do mandamento constitucional”, diz 
Victório Galli.
Tramitação
A proposta tramita em conjunto com o PL 6314/05, que será votado pela 
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e pelo Plenário.
Íntegra da proposta: PL-4500/2012
Reportagem – Oscar Telles 
Menina transexual escreve discurso de resposta a Obama
Publicado pela Visão
Se muitos aplaudiram o discurso da tomada de posse de Barack Obama, 
pelas referência aos direitos dos homossexuais, uma menina de 11 anos 
acha que o Presidente podia ter ido mais longe e tomou o assunto em 
mãos.
A menina, Sadie, diz-se "muito orgulhosa" por o Presidente ter incluído a
 comunidade gay no seu discurso na cerimónia de tomada de posse para o 
segundo mandato, na última segunda-feira, mas, na ausência de uma 
referência específica aos transexuais, Sadie escreveu o seu próprio 
discurso, já viral na Internet. 
"O mundo seria um lugar melhor se todos tivessem o direito a serem eles 
próprios", escreve Sadie, lembrando que "os miúdos transexuais como eu 
não podem frequentar a maioria das escolas porque os professores acham 
que somos diferentes de todos".   
"Seria um mundo melhor se todos soubessem que os transexuais têm as 
mesmas esperanças e sonhos que toda a gente. Gostamos de fazer amigos e 
queremos ir às escolas. Queremos bons empregos e ir a médicos", continua
 o "discurso" de Sadie. 
A menina fez a transição social de menino para menina ainda no jardim de
 infância. Estudou em casa até ao ano passado e agora frequenta o quinto
 ano numa escola pública. 
Ao jornal na Internet The Huffington Post, a mãe conta, apesar de já ter
 sido claramente discriminada, a filha não tem vergonha de quem é. Na 
verdade, relata, apresenta-se sempre assim: "Olá, sou a Sadie, a minha 
cor preferida é o cor-de-rosa, sou vegan e sou transexual. E tu, quem 
és?" 
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Casais homossexuais já somam metade dos casos de adoção de crianças na Bélgica!
Publicado pelo DN de Portugal
Seis anos após a legalização da adoção por casais homossexuais na 
Bélgica, metade das crianças adotadas na Flandres (região norte), em 
2012, são acolhidas por casais do mesmo sexo. 
De acordo com a AFP, que cita fonte da autoridade competente, em 30 
crianças nascidas na Bélgica e colocadas para adoção, "14 foram 
recebidas por casais homossexuais e 16 por casais heterossexuais". Estes
 números confirmam que as associações responsáveis peça organização de 
adoções nacionais não se opõem à homossexualidade. 
Também as mães biológicas belgas, que podem optar pela orientação 
religiosa, sexual ou pelo estado civil de que vai adotar o seu bebé 
parecem não se importar com o acolhimento de crianças por parte dos 
casais homossexuais, explicou um porta-voz de uma organização para a 
adoção, citada pelo jornal local De Morgen. 
A lei belga permite desde 2006 que os casais homossexuais possam adotar 
crianças nacionais ou de países exteriores, apesar de a última opção ser
 quase sempre ignorada. Nenhuma das 122 crianças adotadas no passado ano
 na Flandres em processo internacional foi para casa de casais 
homossexuais. A Autoridade Central em Matéria de Adoção Internacional 
não foi capaz de precisar se as tendências também foram registadas na 
parte francófona do país. 
Em 2003 a Bélgica tornou-se o segundo país, depois da Holanda, a 
permitir o casamento homossexual. Desde então, cerca de 1000 casamentos 
entre pessoas do mesmo sexo são celebrados a cada ano no país, onde os 
homossexuais passam a poder adotar crianças e a recorrer à procriação 
medicamente assistida desde 2006. 
Artigo: Quem defende a criança queer?
Publicado pelo Instituto Adé Diversidade
Por Beatriz Preciado
Os católicos, os judeus e muçulmanos integralistas, os copeístas* 
desinibidos, os psicanalistas edipianos, os socialistas naturalistas à 
la Jospin, os esquerdistas heteronormativos e o rebanho crescente dos 
modernos reacionários se juntaram para fazer do direito das crianças a 
ter pai e mãe o argumento central que justifica a limitação dos direitos
 dos homossexuais. Foi o dia deles de sair, um gigantesco “sair do 
armário” dos heterócratas. Eles defendem uma ideologia naturalista e 
religiosa que conhecemos muito bem. A sua hegemonia heterosexual sempre 
esteve baseada no direito de oprimir as minorias sexuais e de gênero. 
Eles têm o hábito de levantar o facão. Mas o que é problemático é que 
forçam as crianças a carregar esse facão patriarcal.
A criança que Frigide Barjot diz que protege não existe. Os defensores 
da infância e da família fazem um chamado à família política que eles 
mesmos constroem, e a uma criança que se considera de antemão 
heterossexual e submetida à norma de gênero. Uma criança que privam de 
qualquer forma de resistência, de qualquer possibilidade de usar seu 
corpo livre e coletivamente, usar seus órgãos e seus fluidos sexuais. 
Essa infância que eles afirmam proteger exige o terror, a opressão e a 
morte.
Frigide Barjot, a musa deles, aproveita que é impossível para uma 
criança se rebelar politicamente contra o discurso dos adultos: a 
criança é sempre um corpo ao qual não se reconhece o direito de 
governar. Permitam-me inventar, retrospectivamente, uma cena de 
enunciação, de dar um direito de réplica em nome da criança governada 
que eu fui, de defender outra “forma de governo” das crianças que não 
são como as outras.
Em algum momento fui a criança que Frigide Barjot se orgulha de 
proteger. E me revolto hoje em nome das crianças que esses discursos 
falaciosos esperam preservar. Quem defende o direito das crianças 
diferentes? Os direitos do menino que adora se vestir de rosa? Da menina
 que sonha em se casar com a sua melhor amiga? Os direitos da criança 
queer, bicha, sapatão, transexual ou transgênero? Quem defende o direito
 da criança a mudar de gênero, se for da vontade dela? Os direitos das 
crianças à livre autodeterminação de gênero e de sexualidade? Quem 
defende os direitos da criança a crescer num mundo sem violência sexual 
ou de gênero?
O discurso onipresente de Frigide Barjot e dos protetores dos “direitos 
da criança a ter um pai e uma mãe” me faz lembrar a linguagem do 
catolicismo nacional da minha infância. Nasci na Espanha franquista, 
onde cresci com uma família heterossexual católica de direita. Uma 
família exemplar, para quem os copeístas poderiam erigir uma estátua 
como emblema da virtude moral. Tive um pai, e uma mãe, que cumpriram 
escrupulosamente a sua função de garantir domesticamente a ordem 
heterossexual.
No discurso francês atual contra o matrimônio e a Procriação com 
Acompanhamento Médico (PMA) / Inseminação Artificial para todos, 
reconheço as idéias e os argumentos do meu pai. Na intimidade do lar, 
ele usava um silogismo que evocava a natureza e a lei moral com a 
intenção de justificar a exclusão, a violência e inclusive o assassinato
 dos homossexuais, travestis e transexuais. Começava com “um homem deve 
ser um homem e uma mulher, uma mulher, como Deus quis”, continuava com 
“o que é natural é a união entre um homem e uma mulher, é por isso que 
os homossexuais são estéreis”, até a conclusão, implacável, “se o meu 
filho é homossexual prefiro matar ele”. E esse filho, era eu.
A criança a ser protegida da Frigide Barjot é o resultado de um 
dispositivo pedagógico terrível, o lugar onde se projetam todos os 
fantasmas, a justificativa que permite que o adulto naturalize a norma. A
 biopolítica** é vivípara e pedófila. A reprodução nacional depende 
disso. A criança é um artefato biopolítico que garante a normalização do
 adulto. A polícia de gênero vigia o berço dos seres que estão por 
nascer, para transformá-los em crianças heterosexuais. A norma ronda os 
corpos meigos. Se você não é heterossexual, é a morte o que te espera. A
 polícia de gênero exige qualidades diferentes do menino e da menina. Dá
 forma aos corpos com o objetivo de desenhar órgãos sexuais 
complementares. Prepara a reprodução da norma, da escola até o 
Congresso, transformando isso numa questão industrial. A criança que a 
Frigide Barjot deseja proteger é a criatura de uma máquina despótica: um
 copeísta diminuído que faz campanha para a morte em nome da proteção da
 vida.
Lembro do dia em que, na minha escola de freiras, Irmãs Reconstituidoras
 do Sagrado Coração de Jesus, a madre Pilar nos pediu para desenhar a 
nossa futura família. Eu tinha sete anos. Desenhei eu casada com a minha
 melhor amiga, Marta, três crianças e vários cachorros e gatas. Eu tinha
 imaginado uma utopia sexual, na qual existia casamento para todos, 
adoção, PMA… Alguns dias depois a escola enviou uma carta à minha casa, 
aconselhando os meus pais a me levarem a um psiquiatra, afim de 
consertar o mais rápido possível o problema de identificação sexual. 
Depois dessa visita, vieram várias represálias. Na escola foi espalhado o
 rumor de que eu era lésbica. Uma manifestação de copeístas e 
frigide-barjotianos era organizada todos os dias na frente da minha sala
 de aula. “Sai daí sapatão, diziam, você vai ser violada para aprender a
 beijar como Deus ensinou.”  Eu tinha um pai e uma mãe, mas eles foram 
incapazes de me proteger da depressão, da exclusão, da violência.
O que o meu pai e minha mãe protegiam não eram os meus direitos de 
criança, mas as normas sexuais e de gênero que dolorosamente eles mesmos
 tinham internalizado, através de um sistema educativo e social que 
castigava todas as formas de dissidência com a ameaça, a intimidação, o 
castigo, e a morte. Eu tinha um pai e uma mãe, mas nenhum dos dois pôde 
proteger o meu direito à livre autodeterminação de gênero e sexualidade.
Eu fugi desse pai e dessa mãe que Frigide Barjot exige para mim, a minha
 sobrevivência dependia disso. Assim, ainda que tivesse um pai e uma 
mãe, a ideologia da diferença sexual e a heterossexualidade normativa 
roubaram eles de mim. O meu pai foi reduzido ao papel de representante 
repressivo da lei de gênero. A minha mãe foi privada de tudo o que podia
 ir além da sua função de útero, de reprodutora da norma sexual. A 
ideologia de Frigide Barjot (que estava ligada na época com o franquismo
 católico nacional) impediu àquela criança que eu era ter um pai e uma 
mãe que poderiam me amar e cuidar de mim.
Levou muito tempo, conflitos e cicatrizes superar essa violência. Quando
 o governo socialista do Zapatero propôs, em 2005, a lei do casamento 
homossexual na Espanha, meus pais, sempre católicos praticantes de 
direita, se manifestaram a favor dessa lei. Eles votaram a favor do 
partido socialista pela primeira vez na vida deles. Eles não se 
manifestaram só a favor da defesa dos meus direitos, mas também para 
reivindicar o próprio direito deles de serem pai e mãe de uma criança 
não-heterossexual. Votaram pelo direito à paternidade de todas as 
crianças, independentemente do gênero, sexo ou orientação sexual. A 
minha mãe me contou que teve que convencer o meu pai, mais reacionário. 
Ela me disse “nós também, nós também temos o direito de ser os seus 
pais”.
Os manifestantes do dia 13 de janeiro em Paris não defenderam o direito 
das crianças. Eles defendem o poder de educar os filhos dentro da norma 
sexual e de gênero, como princípios heterossexuais. Eles desfilam para 
conservar o direito de discriminar, castigar e corrigir qualquer forma 
de dissidência ou desvio, mas também para lembrar aos pais dos filhos 
não-heterossexuais que o seu dever é ter vergonha deles, rejeitá-los e 
corregi-los. Nós defendemos o direito das crianças a não serem educadas 
exclusivamente como força de trabalho e de reprodução. Defendemos o 
direito das crianças e adolescentes a não serem considerados futuros 
produtores de esperma e futuros úteros. Defendemos o direito das 
crianças e dos adolescentes a serem subjetividades políticas que não se 
reduzem à identidade de gênero, sexo ou raça.
* Seguidor de Jean-François Copé, político francês. 
** Conceito de Michel Foucault que designa um poder exercido sobre o corpo e as populações.
Beatriz Preciado é filósofa, diretora do Programa de Estudos 
Independentes do Museu d’Art Contemporani de Barcelona (MACBA). Autora 
dos livros El manifiesto contra-sexual (2002), Testo Yonqui (2008) e 
Pornotopía. Arquitectura y sexualidad en “Playboy” durante la Guerra 
Fría (2010). 
“Qui défend l’enfant queer?” foi originalmente publicado em francês em: 
Em espanhol: 
Tradução: Fernanda Nogueira 
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Artigo: Uma criança = papai + mamãe (?)
Publicado pela Época 
Por Ruth de Aquino
Esse era um dos cartazes, empunhados com orgulho hétero, na manifestação
 gigante de Paris no dia 13: Un enfant = un papa + une maman. Centenas 
de milhares de franceses saíram do armário para dizer “não” ao projeto 
de lei do governo socialista de François Hollande de “mariage pour tous”
 (casamento para todos). No país da “liberté, égalité et fraternité”, os
 homossexuais ainda não têm direito ao casamento civil – e avós, papais,
 mamães, jovens e criancinhas defenderam nas ruas uma versão idealizada e
 romântica da família contra “a ameaça gay”. 
A crise econômica e o desemprego atingem seriamente a Europa, mas o que 
leva uma imensa multidão a marchar no inverno parisiense não é a 
exigência de “trabalho para todos” – eles só querem impedir que 
homossexuais casem nos cartórios. Segundo as autoridades, foram 340 mil 
manifestantes. Segundo os organizadores, de 800 mil a 1 milhão. A 
disparidade dos números é um indício da irracionalidade do debate. La 
France n’est pas un pays sérieux. 
Por que esse pânico, que beira a histeria? O que muda realmente na vida 
de um casal heterossexual se outro casal, homossexual, decide 
transformar sua união estável em casamento? Qual o resultado pernicioso 
dessa lei? Que significado teria, além de celebrar a igualdade de 
direitos civis numa democracia republicana laica, e não numa teocracia? 
O que está em jogo não é o ritual da cerimônia, nem os papéis assinados 
ou os direitos à pensão ou herança. O que apavora os homofóbicos costuma
 vir logo depois do casamento: os filhos, a família. Os héteros mais 
fanáticos surtam só de pensar que um casal gay, de homens ou mulheres, 
tenha direito à paternidade ou à maternidade. Aí é demais. Contraria a 
natureza. O que será desses meninos e meninas, meu Deus?
Como se tivéssemos produzido gerações de crianças e adultos “normais”, 
livres de neuroses e traumas. Como se a heterossexualidade de pai e mãe 
assegurasse um vínculo afetivo sadio, um ambiente familiar exemplar. O 
argumento de que gays, por gostarem de pessoas do mesmo sexo, criarão 
filhos infelizes ou desajustados é de uma prepotência difícil de 
engolir.
“É natural o receio de que essas crianças sofram alguma discriminação na
 escola”, afirma a psicanalista e terapeuta familiar Junia de Vilhena. 
“Atendo no consultório um casal de mães homossexuais que se preocupam 
com a filha de 10 anos na escola. Mas a menina está muito bem integrada 
num meio liberal. As amiguinhas não questionam. Normalmente, quando 
existe preconceito, vem dos pais dos alunos, mesmo nas escolas mais 
avançadas. Sou esperançosa. A sociedade aos poucos aceitará. Pior e mais
 cruel é o preconceito contra crianças gordas. Elas enfrentam 
barbaridades.”
 
Mesmo nos países com leis progressistas, como o Brasil, desconfio que a 
maioria silenciosa da população seja contra o direito de um casal gay de
 educar uma criança como seu filho. Não importa o método: adoção, 
inseminação, fertilização in vitro ou acordos domésticos com amigos ou 
amigas. Há uma turma que considera a criança mais bem assistida num 
orfanato do que na casa de pais ou mães homossexuais.
“Dificilmente, hoje, encontramos essa família idealizada de um filho, um
 papai e uma mamãe, uma visão ligada à ideia do amor romântico e 
eterno”, diz Junia. A família de núcleo patriarcal é hoje minoria. 
Crianças vivem só com a mãe solteira, separada e provedora. Ou com 
padrastos, madrastas e meio-irmãos. “A classe alta não está nem aí para 
as regras. A classe baixa está fora desse sistema – em vez de sonhar com
 o casamento ideal, foca na sobrevivência. Quantos pais nem sequer 
reconhecem seus filhos. Ou têm amantes. Essa família arrumadinha e feliz
 nunca existiu, mas ainda é uma aspiração da classe média. Muitos homens
 e mulheres ficam juntos e infelizes até morrer.”
Estranho pensar que muitas de nós lutaram pelo direito de não casar de 
papel passado nem na igreja. Tive dois filhos, de dois homens, jamais 
casei oficialmente por ser contra associar o amor a qualquer contrato ou
 rito perante um juiz ou um padre. Há 40 anos, num mundo ainda com 
utopias, era uma transgressão. Formei minha família com erros e acertos.
Ser pai ou mãe, mais que uma possibilidade biológica, é um aprendizado. 
“Podemos encarar a família como uma prisão ou um lugar de abrigo. Um 
espaço de trocas ou de isolamento coletivo. Um agente de mudanças ou um 
dispositivo de alienação. De qual família estamos falando?”, diz Junia.
Alguns heterossexuais convictos alegam que gays só formam um casal, e 
não uma família. Um homem e uma mulher sem filhos tampouco são uma 
família. Mas conviver com filhos biológicos ou adotados, exercer a 
paternidade e a maternidade, deveria ser, sim, um direito de todos. O 
mundo caminha nessa direção. É irreversível. Nenhuma “parada hétero” 
reverterá esse processo. 
Gays celebram a posse e a nova postura de Obama
Publicado pelo Terra
No baile promovido pela principal associação de defesa dos direitos 
homossexuais nos Estados Unidos, realizado na noite de segunda-feira em 
homenagem a Barack Obama, os convidados ainda se emocionavam quando 
repetiam as cinco palavras que foram pronunciadas no discurso de posse 
do presidente: "Nossos irmãos e irmãs gays". 
Há apenas um ano, Obama ainda não havia se posicionado a favor do 
casamento gay. Estava "evoluindo neste assunto", segundo ele. Era maio 
de 2012 quando o presidente oficialmente concluiu sua reflexão e afirmou
 publicamente que as pessoas do mesmo sexo deveriam ter o direito de se 
casar. 
A Campanha de Direitos Humanos (HRC, na sigla em inglês), que reúne os 
maiores grupos de direitos dos gays, convidou inúmeras pessoas na noite 
desta segunda para celebrar a posse do presidente, que, por sua vez, 
esteve presente em apenas dois bailes realizados em diferentes partes da
 cidade. 
No salão de festas do Hotel Mayflower Renaissance, em Washington, o 
democrata Cory Booker, o popular prefeito de Newark, em Nova Jersey, 
estava em êxtase. "Temos muito o que comemorar esta noite!", declarou 
ante centenas de convidados de smoking, que pagaram 350 dólares cada um 
pela entrada. 
"Estive lá e assisti meu presidente, um homem verdadeiramente evoluído 
agora", continuou Booker. "Pronto para enfrentar a política conhecida 
como 'Não pergunte, não fale', pronto para defender a igualdade de 
casamento, pronto para dizer a verdade ao nosso povo, que não importa 
quem você é, sua cor, seu credo, sua raça, sua religião, quem você 
escolhe amar, você é americano e faz parte dos Estados Unidos", 
discursou. "Ainda vivemos em um país desigual, ainda vivemos em um país 
onde existem cidadãos de segunda classe, com seus direitos e privilégios
 negados", destacou o prefeito. 
Este foi o caso de Jerri Berc, 64 anos. Atualmente aposentada, ela 
casou-se com Roni Posner em 2002, em Washington, porém as duas mulheres 
foram viver em Delaware, onde uniões civis já eram legalizadas. O 
governo federal não reconhece seu casamento, o que representa um 
problema na hora de resolver questões de herança e pensão. Jerri ficou 
comovida ao ouvir as palavras do discurso de posse do presidente. 
"Foi um momento de comoção para mim", destacou. "Saber que o presidente 
dos Estados Unidos coloca os direitos homossexuais em primeiro plano", 
comentou. "Sempre senti que ele era solidário, mas colocar o tema no 
centro da mesa dos direitos civis foi histórico e extremamente 
comovente", ressaltou Jerri. "Isso ajudará a reconhecer nosso casamento e
 assim poderemos compartilhar nossos benefícios de saúde". 
Em seu discurso, Obama declarou: "Nossa missão não estará completa até 
que nossos irmãos e irmãs gays sejam tratados como qualquer um sob a 
lei". Obama fez um paralelo entre as inúmeras lutas pelos direitos 
cívicos na história americana -- como o das mulheres no marco da 
convenção de Seneca Falls em 1848, a batalha pelos direitos civis em 
Selma, Alabama e finalmente no caso de Stonewall, em junho de 1969, 
quando militantes do movimento homossexual realizaram um protesto que 
foi violentamente reprimido. 
Roni Posner, a companheira de Jerri Berc, relembrou que, no período da 
escola, era inconcebível assumir abertamente a sua homossexualidade. "O 
presidente Obama entende que chegou nossa hora. Ele trouxe este assunto à
 tona hoje e se posicionou sobre esta mudança", salientou. Mas, além de 
palavras, que mudanças efetivamente estão sendo realizadas? 
No final de março, a Suprema Corte irá analisar a constitucionalidade 
das leis de estado que proíbem o casamento gay. O presidente da Campanha
 de Direitos Humanos (HRC), Chad Griffin, disse à AFP esperar que a Casa
 Branca decida usar de toda sua influência ante a Corte na defesa dos 
argumentos a favor do direito constitucional ao casamento entre pessoas 
de mesmo sexo. 
Outra fonte de preocupação do movimento gay é o status dos cônjuges de 
militares. As forças armadas não garantem os mesmos direitos das esposas
 de casais heterossexuais porque a lei federal proíbe o reconhecimento 
do casamento gay pelo governo federal.
"A política do 'Não pergunte, não fale' foi revogada. Mas ainda assim, 
gays e lésbicas continuam sendo discriminados todo dia, neste momento 
não há direitos iguais", destacou Griffin. "É algo em que o Pentágono 
poderia avançar e é minha esperança que (o secretário americano de 
Defesa Leon) Panetta também o faça antes de deixar o cargo". 
Durante seu primeiro mandato, Obama abandonou seu apoio à política do 
'Não pergunte, não fale' posta em prática durante a administração do 
presidente Bill Clinton. Esta política desencorajou gays que serviam na 
carreira militar a revelar sua orientação sexual sob o risco de serem 
expulsos. Griffin descreveu o discurso do presidente como 
"inacreditável" e "comovente", acrescentando que tinha profundas 
implicações políticas. 
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