sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

'Ser gay não é defeito', diz Paula Braun, mulher de Mateus Solano


 
Por Victor Hugo Camara para o EGO
 
Desde que começou a gravar as cenas de “Amor à vida”, a rotina de Paula Braun anda mais complicada do que nunca. Além de interpretar a médica judia Rebeca na novela das 21h, a atriz ainda cuida da filha, Flora, de 2 anos, fruto de seu casamento com Mateus Solano, e dá vazão à sua porção escritora – o roteiro do espetáculo “Do tamanho do mundo”, encenado pelo marido e em cartaz no Rio, por exemplo, é assinado por ela.
 
Em meio a tantos compromissos, convidamos a atriz para estrelar um ensaio de moda, mostrando as possibilidades de uso da pantalona, fotografado na Cidade das Artes, na Zona Oeste carioca.

A peça, que pode ir do trabalho à festa, dependendo do modo como o look é montado, voltou à cena em 2013 e tem tudo para se popularizar neste inverno. Dona de um estilo clássico, Paula conta que não faz o tipo consumista. “Não sou mulher de ter dez sapatos. Tenho um par muito bom, aí uso, uso e uso até gastar e depois compro outro. Não tenho um closet enorme e não sou muito adepta da quantidade. Gosto de coisas boas, de qualidade e básicas”.
 
 
 
Apesar de acumular sete filmes, 13 peças e alguns papéis na TV em sua carreira – incluindo uma participação em “Malhação”, em 2010 –, Paula ainda é conhecida por muitos como “a mulher do Mateus Solano”, rótulo que parece não a incomodar.

“É óbvio que existe preconceito, mas, quando isso começou a acontecer, botei na minha cabeça o seguinte: se me incomodar com isso, estou ferrada. Então, tive que criar um mecanismo para me treinar e começar a relevar os comentários e as situações, porque, senão, nem o casamento nem a carreira duram”, diz. “O Mateus é muito famoso e querido pelas pessoas, então sempre vai existir uma cobrança grande em cima de mim por conta disso".


 

'Ser gay não é defeito'

Em “Amor à vida”, Mateus Solano interpreta um gay enrustido que trai a mulher (Bárbara Paz) com outro homem (Lucas Malvacini). Caso a vida real imitasse a arte, Paula se mostra bem resolvida em relação ao tema. “Se descobrisse que tenho um marido gay, diria para ele se assumir e ser feliz. Ser gay não é defeito, não é vergonhoso e não é falha. E, quando a gente ama alguém, quer ver essa pessoa feliz e realizada. Jamais ficaria com alguém infeliz ao meu lado”, afirma. Viver uma relação a três, outra questão abordada na novela, também não seria uma opção para a atriz: “Nosso casamento é de muita cumplicidade, amor e respeito. Essa possibilidade não existe.”
 
Juntos há quase cinco anos e meio, o relacionamento de Paula e Mateus começou quase que por acaso. “Eu ia fazer o curta ‘Maridos, Amantes e Pisantes’ e, um dia antes do início das gravações, o ator com quem ia contracenar sumiu. O substituto foi o Mateus. Um dia, fizemos uma cena mais picante, mas foi tudo profissional. Depois, fui passar meu telefone para outro colega que estava presente e aí, de repente, alguém dá um toque no meu celular. Achei estranho na hora, mas logo depois veio o Mateus na portinha e falou: ‘Fui eu, tá? Vou te ligar para gente sair’. A partir daí, a gente começou a sair”, relembra.

Cerca de um ano depois, o ator estourou ao interpretar irmãos gêmeos na novela “Viver a vida”, de Manoel Carlos. “Não acreditei quando ele ficou famoso! Queria namorar um cara tranquilo e, de repente, ele bomba nesse nível. Pensei ‘putz’, porque sabia que as coisas iam ficar mais difíceis para mim a partir daquele momento. As pessoas acham que vai ficar mais fácil, mas fica mais difícil. A questão é que as pessoas comparam e analisam, e isso pode acabar se tornando um problema”.

'A bunda do cinema nacional'

Segundo Paula, o caminho até a novela das 21h não foi fácil. “Com 17 anos, saí de Blumenau e fui para São Paulo para estudar teatro. Fui fazendo uns cursos e tive que começar a trabalhar para ajudar na renda, aí fiz de tudo: fui modelo, trabalhei em restaurante e até restaurando móveis. Depois de um tempo, acabei voltando para Santa Catarina, entrei para um grupo de teatro e comecei a viajar pelo Brasil com várias peças. Um diretor de cinema, que era o Heitor Dhalia, viu e chamou o grupo todo para fazer uma participação em ‘Nina’. Depois, ele me chamou para fazer o ‘O cheiro do ralo’ e a partir daí é que comecei a fazer mais cinema”, conta.
 
Em “O cheiro do ralo”, o bumbum de Paula aparece já na primeira cena, o que lhe rendeu o rótulo de "a bunda do cinema nacional”, como ela mesma brinca. “Nunca tive medo de isso ser um problema, até porque tem todo um contexto na história. Nunca imaginei que fosse causar o furor todo que causou na época, de virar a bunda do cinema nacional”.

Para a atriz, essa segurança toda é por se sentir confortável na própria pele. “Gosto do meu corpo e admito que sempre tem uma coisinha que a gente quer melhorar, mas acho que isso faz parte. Jamais vou ficar com o corpo que tinha antes de engravidar e sei disso, não tenho nenhuma neura. Tenho 34 anos, então a única diferença é que tenho que ter um cuidado maior por causa da idade. Não dá mais para sair por aí comendo hambúrguer, como adorava fazer quando era adolescente. Tenho que comer salada e frango grelhado e, de vez em quando, uma pizza”, assume.

“Mas também não sou neurótica. Se o Mateus vira para mim e fala ‘vamos comer pizza’, não vou falar ‘ah, vou comer salada’. Como a pizza, peço uma sobremesa e tudo bem. No dia seguinte a gente dá uma corridinha e tá tudo certo”, conta.

 

Aprenda para não passar vergonha



quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

5 razões científicas porque os pais gays são incríveis


 
Visto no Pheeno
 
A Academia Americana de Pediatria (AAP) divulgou em 2013 seu apoio ao casamento gay, assim como aos direitos de adoção para casais do mesmo sexo. “Crianças prosperam em famílias estáveis e que oferecem segurança, e isso se faz através do casamento. A AAP acredita que deve haver igualdade de oportunidades para todos os casais acessarem a estabilidade econômica e apoio federal a casais casados para criar filhos”, disse o doutor Benjamin Siegel, diretor do comitê de Aspectos Psicológicos nas Crianças da AAP.
 
USP: Filhos de pais gays não sofrem prejuízo psicológico
 
O site LiveScience listou cinco razões científicas, baseadas nos estudos da AAP, sobre o porque os casais gays são pais e mães incríveis! Confira a lista completa a seguir:
 
5. Eles escolhem ter filhos…
 
Casais heterossexuais frequentemente têm bebês “oops” – ou seja, filhos “indesejados”. Segundo o Instituto Guttmacher, cerca de metade das gestações nos EUA não são planejadas, e cerca de metade dessas gestações não planejadas acabam em nascimento, não aborto.
Pais de bebês não planejados podem fazer um bom trabalho os criando, é claro, mas alguns estão em circunstâncias terríveis – são famílias de baixa renda, muitas vezes sem condições de dar o suporte necessário a criança.
 
Os casais homossexuais, em contraste, geralmente passam por um processo extenso quando pretendem ter bebês. Eles têm que superar diversas dificuldades e limites biológicos para adotar, encontrar barrigas de aluguel ou doadores de esperma ou usar métodos de fertilização in vitro. Após perseverar através desses desafios, pais gays “tendem a ser mais motivados, mais comprometidos do que os pais heterossexuais, em média, porque eles escolheram ser pais”, explica Abbie Goldberg, psicólogo da Universidade de Clark em Massachusetts (EUA).
 
Assim, o desempenho do grupo de pais gays não é tão distorcido por pessoas que caíram acidentalmente na paternidade ou maternidade e não estavam preparados para ela.
 
4. Eles ajudam os mais necessitados…
 
Pais gays são um grande recurso para as crianças que aguardam adoção, especialmente os casos mais necessitados. Em outubro de 2011, o Instituto de Adoção Evan B. Donaldson (EUA) descobriu que 60% dos pais gays adotavam crianças de diferentes raças das suas, o que é importante, porque as crianças de minorias têm dificuldades para sair do sistema de adoção. E 25% das crianças colocadas com pais adotivos gays ou lésbicas tinham mais de três anos – também uma faixa etária difícil de ser adotada. Mais da metade das crianças tinham necessidades especiais.
 
Um relatório de 2007 do Instituto Urbano (EUA) concluiu que mais de metade dos homens homossexuais e 41% das lésbicas nos Estados Unidos gostariam de adotar. É um número enorme de pais em potencial, que supera as mais de 100 mil crianças adotáveis presas em lares hoje no país.
 
No Brasil, um estudo feito pelo demógrafo Reinaldo Gregori tendo como base os dados do Censo 2010 revelou uma surpreendente taxa de casais do mesmo sexo no Brasil que já têm filhos: 20%. A pesquisa também mostrou que, enquanto apenas 34% dos chefes de família heterossexuais possuem mais de dez anos de estudo, entre os casais homossexuais declarados esse número chega a 67% e seu rendimento financeiro médio, de 5.200 reais, é quase o dobro. Ou seja, não há dúvida de que casais homossexuais são importantes (e talvez até mais adequados) para dar carinho e suporte a milhares de crianças brasileiras que foram abandonadas pelos mais diversos motivos.
 
3. Eles promovem a tolerância…
 
Essa é considerada uma vantagem de se ter pais gays pelas próprias crianças criadas por eles: filhos de casais homossexuais dizem que sua educação ensinou-lhes a ter mente aberta e empatia.
 
Em um estudo de 2007 publicado no American Journal of Orthopsychiatry, Goldberg entrevistou 46 adultos que cresceram com pelo menos um pai gay. 28% dos entrevistados mencionou independentemente que eles sentiam que sua criação os havia tornado mais tolerantes. “Homens e mulheres sentiram como se estivessem livres para buscar uma ampla gama de interesses”, afirmou Goldberg. Ou seja, eles não foram sujeitos a estereótipos dos mais básicos, como “você não pode fazer isso, isso é coisa de menino”, ou “isso é coisa de menina”.
 
2. Seus filhos vão bem na escola…
 
Uma revisão de todos os estudos existentes sobre pais do mesmo sexo e seus filhos publicada em 2010 constatou que as médias de notas acadêmicas (GPA, em inglês) eram iguais entre crianças de lares heterossexuais e homossexuais.
 
Em um estudo comparando adolescentes que vivem em ambos os tipos de famílias, meninos de mães lésbicas tinham uma média de GPA de 2,9, em comparação com 2,65 para os meninos de pais heterossexuais. Meninas adolescentes criadas por duas mães tiveram um GPA médio de 2,8, em comparação com 2,9 para meninas criadas por uma mãe e um pai (como mais lésbicas do que homens gays têm filhos, estudos sobre elas são mais comuns).
 
Outra análise descobriu que a taxa de atividades delinquentes, tais como furtos ou brigas, em crianças de mães lésbicas e pais heterossexuais era a mesma.
 
Em maio de 2012, um estudo publicado no Journal of Marriage and Family descobriu que as crianças de famílias do mesmo sexo tinham a mesma capacidade matemática do que crianças de famílias heterossexuais, mesmo controlando os dados por conta de fatores familiares, como divórcios.
 
1. Eles criam filhos confiantes…
 
Muitos críticos da família centrada em pais homossexuais diz que as crianças sofrem bullying e não crescem com a mesma “tranquilidade” ou oportunidades, seja lá o que isso deveria significar. Nos itens anteriores, já vimos que elas são muito bem educadas e se dão bem academicamente. Esse item mostra que também são bem ajustadas psicologicamente.
 
Uma educação em uma casa de casais do mesmo sexo pode até dar às crianças um impulso de confiança. Em um estudo de 2010 publicado na revista Pediatrics, os pesquisadores examinaram crianças de famílias lésbicas planejadas, em que uma única mãe lésbica ou parceiras lésbicas decidiram ter filhos, em contraste com trazer crianças para uma nova relação a partir de parcerias heterossexuais anteriores. Como outros estudos de mães lésbicas, este não encontrou diferenças significativas no desenvolvimento infantil e comportamento social das crianças.
 
Mas as crianças de mães lésbicas eram mais confiantes do que as crianças de pais heterossexuais. Segundo os cientistas, o envolvimento ativo dos pais pode explicar o aumento da autoestima nos filhos.

Brasil mostra despreparo para atender lucrativo turista gay


 
Visto no TroncudosG
 
Para conquistar uma fatia maior num mercado que fatura anualmente R$ 395 bilhões em todo o mundo, País precisa investir mais em treinamento de profissionais e incentivar tratamento natural e igualitário ao consumidor LGBT.

O verão começou neste fim de semana e com ele se inicia um grande fluxo de turismo gay no Brasil. Entre tantas cidades que recebem esses visitantes, o Rio de Janeiro se destaca pelos números superlativos. Segundo dados de 2010 da Out Now, consultoria global dedicada ao marketing LGBT, 500 mil turistas homossexuais desembarcam todos os anos na capital fluminense. Diariamente, eles injetam R$ 5 milhões na economia local. O gasto médio é de R$ 400 por dia.

Ao mesmo tempo em que se destaca por esses números, o Rio também merece atenção por personificar a situação de vários destinos gays no Brasil, que reúnem grande quantidade de atributos para atrair esse consumidor (como belezas naturais e vida noturna variada), mas que ainda estão longe de apresentar excelência na qualidade do atendimento.

Melhorar essa situação é fundamental para que o País conquiste uma fatia maior no mercado turístico LGBT, que rende significativos R$ 395 bilhões por ano em todo o mundo.

“Alguns destinos já estabeleceram boas políticas de atendimento ao turista LGBT, mas a grande maioria está atrasada”, aponta Martha Dalla Chiesa, presidente da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (ABRAT-GLS). “Se pegarmos as 12 cidades que sediarão a Copa do Mundo, por exemplo, veremos que apenas São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife estão razoavelmente preparadas para receber esse turista”, analisa a presidente da ABRAT GLS, ponderando que o evento máximo do futebol mundial deve atrair pouco o público LGBT.

Responsável pela Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual da prefeitura do Rio (CEDS),Carlos Tufvesson aponta alguns esforços da capital fluminense para receber melhor o turista gay.

“Um dos fatores de maior peso que o turista gay faz ao escolher uma cidade para visitar ou não é a política de cidadania LGBT. O preconceito pode acometer a todos em todos os lugares, mas o Rio tem leis que resguardam o LGBT”, explica Tufvesson, que destaca a lei local que pune os estabelecimentos comerciais que recriminem a troca de carinhos pública entre um casal gay. No entanto, o coordenador do CEDS reconhece que ainda há muito a melhorar. “De maneira geral, o atendimento de serviços no país está muito ruim. Não podemos ter a ilusão de que estamos no nível da Noruega”, avalia ele.

Coordenador-geral de Programas de Incentivo a Viagens do Ministério do Turismo, Wilken Soutotem uma visão mais otimista da questão, apontando inclusive os avanços das já citadas cidades do Rio, São Paulo, Recife e Salvador, e também de Florianópolis, Brasília, Maceió e Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Ele diz ainda que políticas têm sido desenvolvidas para capacitar as cidades brasileiras a receber o público gay. “Foram criados editais que contemplam apoio aos eventos LGBT, como as paradas”, exemplifica Souto, lembrando que todos os municípios brasileiros podem se candidatar a receber recursos.

Souto ressalta que agentes públicos, empresários do setor e militantes LGBT têm discutido maneiras de sensibilizar os prestadores de serviço, como agentes de viagem, funcionários de pontos turísticos e trabalhadores da hotelaria. Ele cita a 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas e Direitos Humanos de LGBT, que aconteceu em 2011, em Brasília, como um momento importante dessa discussão.

Natural e igualitário

A presidente da ABRAT-GLS ressalta que quem trabalha com o consumidor LGBT deve entender que os gays não desejam um tratamento diferente dos outros turistas, mas sim respeito à sua individualidade e à sua orientação sexual. “O atendimento específico para esse público não é nada mais do que o natural e igualitário. O fundamental é lidar com o público LGBT sem preconceito ou desconforto”, observa Chiesa.

Desta forma, não deve ser oferecido um quarto com duas camas de solteiro para um casal gay que reservou uma cama de casal, por exemplo. Neste sentido, Chiesa acredita que o treinamento deve ser feito em duas frentes. “Na primeira, o trabalho se dá com gestores, profissionais de recursos humanos e em cargos de comando. Na segunda, os trabalhadores da linha de frente, como garçons, recepcionistas e camareiras”, descreve a presidente da ABRAT-GLS.

Para Chiesa e Tufvesson, as políticas públicas e privadas que visam um atendimento natural e igualitário ao turista LGBT não vão ter tanto resultado se iniciativas como o projeto de ‘cura gay’ prosperarem no Congresso Nacional, dando ao Brasil uma imagem internacional de nação intolerante.

O recente congelamento no Congresso do projeto de lei que pune a homofobia também entra nesta conta de itens que atrapalham a imagem do Brasil lá fora. “No começo do ano, estávamos animados por conta da aprovação do casamento gay. Mas agora, no final, vimos uma série de retrocessos no Congresso”, lamenta Chiesa.

“O grande problema do nosso país é que estamos nos tornando intolerantes e as minorias não se unem. Desta forma, acabamos não conseguindo representação parlamentar, o que torna tudo mais difícil”, finaliza Tufvesson.