sábado, 9 de fevereiro de 2013

Estudo afirma que homens homo ou bissexuais são mais felizes que homens héteros



Publicado pelo ContextoG
 
Um estudo da Universidade de Montreal publicado na revista Psychosomatic Medicine chegou a um resultado no mínimo polêmico: homens homo e bissexuais são mais felizes que homens heterossexuais, desde que tenham já saído do armário.
 
Participaram do estudo 87 pessoas, entre lésbicas, homossexuais, bissexuais e heterossexuais, e os resultados demonstram que os gays que saíram do armário para seus familiares e amigos tem menos ansiedade, depressão e stress. Demonstraram também que, como um grupo, homens homo ou bissexuais são menos propensos à depressão e à problemas psicológicos que homens héteros.
 
Robert-Paul Juster, o chefe da pesquisa, disse que sair do armário traz benefícios para a saúde do indivíduo, não sendo mais uma questão de discussão da sociedade, e sim uma discussão médica.
 
 

Triste: Vítima de homofobia, jovem recorre ao suicídio em São Luís



Publicado pelo Marrapá
 
Mateus Campos Cardoso, 16 anos, teria recorrido ao suicídio na última terça-feira (5), por enforcamento, no interior da sua residência.
 
Ele morava com seus pais, no Condomínio Barramar, na Avenida dos Holandeses, em São Luís.
 
De acordo com a polícia, Mateus foi encontrado por familiares já sem vida, em um dos cômodos do apartamento. Ele deu cabo à própria vida utilizando um cinto que amarrou no pescoço e morreu por enforcamento.
 
Segundo vizinhos da vítima, o motivo que teria levado o jovem rapaz ao ato tresloucado seria o fato dos seus pais não aceitarem a sua condição homossexual.
 
Com informações da Gazeta da Ilha

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Aluno da UFG diz que apanhou de colegas portugueses por ser gay



Publicado pelo G1
 
Um estudante de 21 anos que cursa o 3º período de Ciências Contábeis na Universidade Federal (UFG) denuncia que foi espancado por quatro alunos portugueses que fazem intercâmbio na instituição. O fato, segundo ele, aconteceu no último sábado (2), na Casa do Estudante Universitário (CEU), uma espécie de república mantida pela própria faculdade, na Vila Itatiaia, em Goiânia. Segundo o jovem, a agressão aconteceu pelo fato dele ser homossexual assumido. “Não tenho dúvida de que me bateram por causa disso”, disse o rapaz, que registrou uma ocorrência no 25º Distrito de Polícia e vai processar os suspeitos.
 
O jovem, que não quis se identificar, contou ao G1 que, por volta das 5h30 de sábado, ele foi ao banheiro – comum a todos os estudantes do CEU – para tomar banho. Um dos alunos portugueses, afirma, entrou no local gritando que aquele “não era banheiro de mulherzinha e sim de homem”. Começou a esmurrar o box onde ele estava e com as pancadas, um pedaço da porta se soltou e atingiu o rapaz. Ele diz que colocou uma toalha e, quando saiu, começou a levar socos e chutes na região do peito.
 
Outros alunos ouviram o barulho, entraram no banheiro e conseguiram apaziguar a situação. O estudante relata que, então, voltou ao banho, mas poucos minutos depois, outros três rapazes, também portugueses, voltaram ao banheiro. Um deles deu socos e pontapés no rapaz. Novamente, outros alunos intervieram e acabaram com a briga. O jovem afirmou que todos estavam “visivelmente alterados”.
 
A advogada do jovem, Chyntia Barcellos, informou ao G1 que espera o resultado do exame de corpo de delito feito nesta quinta-feira (7) para que a polícia possa intimar os suspeitos de terem cometido a agressão. Ela fala que o espancamento causou revolta entre os colegas da faculdade. “Eles realizaram uma manifestação para pedir que os culpados fossem punidos”, conta. A advogada entrou com um processo por lesão corporal e danos morais.
 
Medo
 
Desde o dia em que a agressão ocorreu, o rapaz não vai as aulas, com medo de que as agressões se repitam. “Só volto quando me sentir protegido”, disse o jovem, que preferiu não mostrar as lesões que teria sofrido. O estudante também deixou temporariamente de morar no CEU e está na casa de amigos, enquanto o caso não se resolve.
 
O rapaz disse que nunca havia passado por qualquer tipo de constrangimento ou preconceito pelo fato de ser homossexual. Segundo ele, a mãe, que mora na Bahia, e o pai, residente em Leopoldo de Bulhões, cidade goiana a 56 km de Goiânia, ficaram revoltados com o que aconteceu.
 
O estudante disse que os quatro portugueses deixaram o CEU na quarta-feira (6) e foram para um apartamento. O visto de estudo deles, segundo a vítima, termina no próximo dia 17.
 
Em nota, a UFG disse que já avisou ao Instituto Politécnico de Bragança, em Portugal, onde os suspeitos estudam, sobre o caso. A universidade informou ainda que foi aberto um processo administrativo para apurar o caso, que também será investigado pela polícia.

Rio sem homofobia lança campanha na Central do Brasil



Publicado no Jornal do Brasil
 
A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos lançou, nesta quinta-feira (7), a campanha “No baile da diversidade, discriminação não pode entrar. O carnaval do Rio é sem homofobia", na Central do Brasil, com a distribuição de cartazes, adesivos, ventarolas, folders informativos e preservativos.
 
A ação do Programa Rio Sem Homofobia, da Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos, conta com cerca de 150 promotores da cidadania, que vão distribuir, ao todo, 150 mil itens de material informativo e 150 mil preservativos em 15 municípios fluminenses, incluindo a capital.
 
O público da Central se mostrou receptivo à campanha. Muitas pessoas pediam o material informativo, que contém dicas de saúde e prevenção de DSTs, conselhos sobre o que usar e comer no carnaval, além de orientações sobre como registrar o crime de homofobia. Os folders trazem textos em inglês, português e espanhol. Favorável à ação, a profissional de telemarketing Thaís Marques, de 26 anos, candidatou-se a ser voluntária.
 
Cerca de 40 técnicos dos quatro centros de referência da cidadania LGBT vão atuar na unidade da Central do Brasil, em regime de plantão, atendendo a casos de crimes contra a população homossexual, bissexual e transexual. São advogados, assistentes sociais e psicólogos que estarão à disposição do público desta sexta-feira (8/2) até o domingo (17/2), das 9h às 18h. O centro dispõe também de cinco viaturas para prestar atendimento diretamente nos locais onde estiverem as vítimas de violência. No mesmo período, o Disque Cidadania LGBT RJ (0800 023 4567) funcionará 24 horas por dia.
 
As polícias Civil e Militar vão trabalhar, no carnaval, em regime de policiamento especial, preventivo e especializado, voltado para a comunidade GLBT. No Rio de Janeiro, as áreas que receberão mais atenção serão a região da Rua Farme de Amoedo, em Ipanema, e o entorno do Sambódromo, no Centro. Além da capital, as cidades de Cabo Frio, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Caxias, Maricá, Niterói e Macaé receberão policiamento especial. Nas últimas semanas, cerca de 200 policiais militares receberam capacitação para o plano de policiamento especial. Nos últimos cinco anos, foram capacitados cinco mil policiais civis e militares.
 
 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Rio: Polícia procura agressores que tentaram matar travesti jogando-a na linha do trem



Publicado pelo G1
 
A travesti Melissa (Thiago Freitas), conhecida também por Mel e eleita princesa gay do carnaval de 2013, foi espancada e jogada de uma passarela sobre a linha do trem em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio, na madrugada da última quinta-feira (31). Segundo policiais da 34º DP (Bangu), ela foi vítima da agressão após sair da quadra da escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel por volta das 2h.
 
Em depoimento, Melissa contou que estava em um conhecido ponto de prostituição de travestis entre as estações Guilherme da Silveira e Padre Miguel, quando dois homens pararam em um carro e vieram até o meio da passarela, que fica entre as ruas Ubatuba e Coronel Tamarindo.
 

Eles propuseram um programa sexual com a travesti, que caminhou em direção aos homens. No meio do caminho, a vítima desconfiou da aparência deles e negou o programa. Logo depois, os homens iniciaram as agressões que culminaram no empurrão na linha do trem. Ainda segundo a polícia, há fortes indícios de que o crime de tentativa de homicídio tenha sido motivado por homofobia, e está em busca dos suspeitos. Os retratos falados indicaram que os agressores têm pele branca e altura na faixa de 1,85 m.

Um taxista que passava pelo local acionou os bombeiros e Melissa foi levada para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Ela teve os pés e a bacia fraturados e precisa de cirurgia. De acordo com amigos, deve ser transferida para o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), onde deve ser submetida a uma cirurgia.
 
Bárbara Sheldon, amiga da vítima e Rainha Gay 2013, não acredita que o crime tenha sido premeditado e disse que Melissa seria uma das musas da Mocidade Independente de Padre Miguel e desfilaria também na escola de samba Unidos de Padre Miguel. Bárbara disse que esse tipo de crime foi uma surpresa. “O Rio de Janeiro é uma cidade muito tranqüila em relação a isso. Ficamos chocados com esse ato homofóbico.”
 

Acordo resgata indenização para ex-militares homossexuais nos EUA



Publicado no Último Segundo
 
Dezenas de homossexuais ex-membros do serviço militar dos EUA que foram dispensados devido à sua preferência sexual receberão o resto de sua indenização sob um acordo aprovado no início de janeiro por um tribunal federal.
 
A União da Liberdade Civil Americana (ACLU) disse que o acordo de US$ 2,4 milhões cobre mais de 180 veteranos que receberam apenas a metade de sua indenização, de acordo com uma política que entrou em vigor em 1991, dois anos antes da política "Don't Ask, Don't Tell" ("Não pergunte, não conte") ter virado lei.
 
Laura Schauer Ives, a advogada da ACLU no Novo México, chamou o acordo de "justiça tardia". "Não havia absolutamente nenhuma necessidade de submeter estes membros do serviço militar a uma dose dupla de discriminação, removendo-os das Forças Armadas, em primeiro lugar, e depois negando-lhes esse pequeno benefício para facilitar sua transição para a vida civil", disse.
 
Um porta-voz do Pentágono, o tenente-coronel Todd Breasseale, disse que o Departamento de Defesa está ciente da solução e "irá, naturalmente, continuar cumprindo a lei, assim como os termos do acordo".
 
O caso foi apresentado em 2010 pela ACLU em nome do ex-sargento da Força Aérea Richard Collins de Clovis, Novo México. Ele foi dispensado em 2006, depois que dois civis que trabalhavam com ele na Base da Força Aérea de Cannon relataram que o viram beijar seu namorado em um carro há cerca de 16 km da base. O sargento estava fora de serviço no instante em que isso ocorreu e não estava vestindo seu uniforme.
 
Collins afirmou em um comunicado que o acordo significa muito para ele e outros que foram expulsos das Forças Armadas.
 
A compensação é concedida a militares que serviram pelo menos seis anos, mas foram involuntariamente dispensados. O Departamento de Defesa tinha uma lista de condições que provocavam uma redução automática nessa remuneração, que incluía tratamento contra drogas ou álcool, homossexualidade ou a dispensa em interesse da segurança nacional.
 
A ação argumentou que era inconstitucional para o departamento reduzir a compensação de dispensados por homossexualidade. Apesar da política "Don't ask, don't tell" ter sido revogada no ano passado, a política salarial era separada e um juiz federal em Washington permitiu que o caso avançasse.
 
Na época, o governo não defendeu os méritos da política, mas argumentou que o secretário de Defesa tinha o critério para decidir quem recebia qual tipo de compensação e que o tribunal não deveria ser capaz de reescrever regulamentos militares.
 
O acordo cobre ex-militares que foram dispensados em ou após o dia 10 de novembro de 2004. Eles serão notificados pelo governo federal de que são elegíveis para optar pelo acordo e receber o seu salário de separação completo.

Deputados jogam game em debate sobre casamento gay e são criticados



Publicado no G1
 
Dois parlamentares socialistas, partido do presidente François Hollande, foram flagrados jogando um game enquanto era debatido na semana passada o projeto de lei sobre o casamento gay na França. A cena foi publicada pelo deputado Marc Le Fur, do partido conservador UMP, em sua conta no Twitter, segundo o jornal francês "Libération".
 
O líder do Partido Socialista na Assembleia Nacional, Bruno Le Roux, criticou o comportamento de seus colegas de legenda. Ele classificou como "inadmissível". Fotos dos dois deputados jogando game de palavras cruzadas foram compartilhadas por vários usuários do Twitter, que ridicularizaram o comportamento dos parlamentares.
 

Catedral Nacional americana realizará casamentos homossexuais



Publicado no Último Segundo IG
Por Brett Zongker
 
A Catedral Nacional de Washington, onde os americanos se reúnem para lamentar suas tragédias e celebrar novos presidentes, começará em breve a realizar casamento homossexuais.
 
Funcionários da catedral disseram à agência Associated Press que a igreja estará entre as primeiras casas episcopais a implementar um novo rito de casamento para seus membros gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. A igreja anunciou sua nova política no início de janeiro.
 
Sendo a igreja mais proeminente dos EUA, a decisão é bastante significativa. A catedral de 106 anos de idade, tem sido um centro espiritual, hospedou cerimônias de posse presidenciais e funerais dos presidentes Ronald Reagan (1981-1989)e Gerald Ford (1974-1977). O reverendo Martin Luther King Jr., o líder dos direitos civis, deu seu último sermão lá em 1968. A catedral atrai centenas de milhares de visitantes todos os anos.
 
O Reverendo Gary Hall, reitor da catedral, disse que a realização de casamentos do mesmo sexo é uma oportunidade para quebrar barreiras e construir uma comunidade mais inclusiva, "que reflete a diversidade do mundo de Deus".
 
"Eu li a Bíblia tanto quanto muitos fundamentalistas o fizeram", Hall disse à AP. "E a minha leitura da Bíblia me leva a querer fazer isso, pois eu acredito que isso é estar sendo fiel ao tipo de comunidade que Jesus desejou que fossemos."
 
Realizar casamentos do mesmo sexo vai além da Igreja Episcopal, disse Hall. O movimento também é uma oportunidade para influenciar a nação.
 
"Como uma espécie de igreja central na capital do país, dizer que estamos realizando casamentos homossexuais, dando a bênção a casamentos do mesmo sexo, irá demonstrar que estamos dando o próximo passo em direção à igualdade de casamento no país e na cultura americana", disse Hall.
 
Já que o casamento homossexual é legal na catedral do Distrito de Colúmbia e em nove Estados, incluindo Maryland , o bispo episcopal de Washington decidiu em dezembro permitir uma expansão do sacramento do matrimônio cristão. De acordo com líderes da igreja, a mudança é permitida sob uma "opção local" concedida pela Convenção Geral da Igreja. Cada sacerdote na diocese pode então decidir se realizará uniões do mesmo sexo.
 
Provavelmente ainda irá demorar de seis meses a um ano antes que os primeiros casamentos homossexuais sejam realizados na catedral, devido à sua agenda lotada e sua exigência de aconselhamento pré-marital. Geralmente, apenas os casais afiliados à catedral são elegíveis. Os líderes da igreja não haviam recebido nenhum pedido para casamentos homossexuais antes do anúncio.
 
A prefeitura não está contando com quaisquer objeções dentro da congregação Catedral Nacional, mas disse que a mudança pode atrair críticas de fora. Pode ser divisória para alguns, assim como foi pregar contra a segregação racial ou pressionar pela ordenação de mulheres, disse Hall.
 
A conservadora Organização Nacional para o Casamento, que se opõe ao casamento homossexual, disse que a mudança da catedral foi "decepcionante, mas não surpreendente", dada a direção da Igreja Episcopal.
 
Aproveitando o destaque nacional da catedral, o porta-voz Thomas Peters disse que o anúncio do casamento era "uma oportunidade para que as pessoas acordassem para o que está acontecendo no mundo". "Isso nos lembra de que o casamento é realmente uma decisão de tudo ou nada", disse.
 
"Será que os EUA querem manter sua tradição de casamento ou desistir dela de vez?"
 
A Igreja Episcopal com base em Nova York é um órgão americano com 77 milhões de membros da Congregação Anglicana. A Câmara dos Bispos votou no ano passado em 111 contra 41 para autorizar um rito provisório para uniões do mesmo sexo.
 
Algumas congregações abandonaram a Igreja com a inclusão de homossexuais e lésbicas ao longo dos anos. O casamento do mesmo sexo realizado pela primeira vez no mês passado na Capela Cadet de West Point atraiu alguns protestos por parte dos conservadores. A Catedral Nacional chama ainda mais a atenção.
 
A Campanha Para os Direitos Humanos, o maior grupo de direitos dos homossexuais da nação, aplaudiu a mudança adotada pela catedral. "A igreja enviou uma mensagem simples, porém poderosa, para todos GLSTs: vocês são amados como são", disse o reverendo MacArthur Flournoy, vice-diretor do programa de religião e fé do grupo.
 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Parlamento britânico aprova casamento gay em votação inicial



Publicado pelo O Globo

O Parlamento britânico aprovou nesta terça-feira (5), em primeira votação, a legalização do casamento gay, após um debate que provocou um "racha" no Partido Conservador, do premiê David Cameron.
 
A votação foi vencida por 400 votos a 175 na Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento, após mais de 6 horas de acirrado debate.
 
Vários deputados conservadores votaram contra o projeto, defendido pelo primeiro-ministro. O projeto de lei ainda precisa ser aprovado na Câmara dos Lordes, a casa superior do Parlamento, antes de virar lei, o que o governo espera que aconteça em em 2014.
 
O projeto de lei permite a casais do mesmo sexo se casar no registro civil. Ele abre às diversas correntes religiosas a possibilidade de celebrar ou não uniões homossexuais religiosas, conforme queiram à exceção da Igreja Anglicana, majoritária no país, dentro da qual o casamento homossexual continuará sendo ilegal.
 
A legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, uma promessa de campanha dos liberais-democratas, membros minoritários da coalizão governamental, também permitirá às pessoas que mudarem de sexo permanecer casadas, o que até agora era considerado ilegal.
 
A reforma tem o apoio da oposição trabalhista e da opinião pública no Reino Unido, que desde 2005 permite as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo.
 
Cameron
 
Durante um discurso televisionado feito antes da votação, David Cameron reiterou o seu apoio a esta reforma, afirmando que ela deixará a sociedade britânica "mais forte".
 
"Sou um grande defensor do casamento. Ele ajuda as pessoas a se comprometerem umas com as outras e acredito que é o motivo pelo qual os homossexuais deveriam poder se casar também", disse.
 
"É um bom passo adiante para o nosso país e estou orgulhoso de que nosso governo o tenha dado", disse ele, sem convencer boa parte dos deputados de sua formação.
 
População favorável
 
Segundo pesquisa publicada pelo 'YouGov' no domingo, 55% dos britânicos são favoráveis ao casamento gay e só 36% se disseram contrários.
 
Estes resultados confirmam os da pesquisa lançada pelo governo entre março e junho do ano passado, à qual responderam 228 mil pessoas, 53% favoráveis e 46% contrárias ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
 
Cameron se posicionou pessoalmente favorável a esta legalização, que suscita grande oposição dentro de seu Partido Conservador.
 
O jornal conservador "Sunday Telegraph" acusou Cameron de, ao estimular a votação, colocar o seu próprio partido em risco de "racha" a dois anos das eleições, ao apresentar um projeto que não constava de seu programa eleitoral e, em troca, abandonar um compromisso ao oferecer um incentivo fiscal aos casais casados.
 
Várias congregações, como a majoritária Igreja da Inglaterra e a Igreja Católica, expressaram sua oposição ao projeto, mas outros grupos religiosos como os quacres e algumas correntes liberais do judaísmo estão dispostos a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
 
A questão da legalização do casamento gay também está sendo analisada pela Assembleia Nacional Francesa.

Dezesseis milhões de chinesas têm marido gay, diz estudo



Publicado pelo G1
 
A modernização da sociedade chinesa nos últimos anos ainda não foi suficiente para acabar com um dos fenômenos mais comuns relacionados aos homossexuais no país: o casamento de fachada, para atender às normas tradicionais da sociedade e às expectativas familiares.
 
Um estudo feito no ano passado por Zhang Beichuna, da Universidade de Qingdao, estima que existam 16 milhões de mulheres casadas com homens homossexuais.
 
'Muitos gays se envolvem em casamentos com heterossexuais para atender às pressões sociais - em especial de seus pais -, mas continuam mantendo relações homossexuais fora do casamento', conta Xu Bin, presidente do grupo GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) Common Language, de Pequim.
 
Conforme a tradição cultural chinesa, jovens devem se casar em torno dos 25 anos e ter filhos, para dar continuidade à linhagem familiar. O casamento é um dos pilares sociais mais importantes no país - além de ser visto como uma garantia de segurança financeira e emocional para muitos idosos, que dependem financeiramente dos filhos para sobreviver, já que o sistema de previdência social chinês é ainda pouco desenvolvido.
 
Mas um dado que pode ser visto como um sinal de modernização da sociedade chinesa é o aumento, segundo o estudo da Universidade de Qingdao, dos casos de jovens pedindo divórcio ou anulação do casamento por descobrirem que seus parceiros são homossexuais. Em janeiro, a Primeira Corte Intermediária de Pequim, que lida com divórcios e anulações de matrimônios, divulgou que o número de pedidos de anulação de casamentos em curto prazo está crescendo, ao passo que o de divórcios está diminuindo.
 
O estudo liga o dado à disposição de jovens esposas a não aceitar o casamento de fachada. Mas Xu Bin, presidente do grupo GLS, diz que muitas mulheres tentam a anulação para evitar o estigma social. 'O pedido de anulação mostra que as mulheres entendem que ser divorciada diminui seu valor na sociedade', analisa Xu Bin.
 
Sem relações
 
Uma jovem de 32 anos de sobrenome Ying, de Pequim, pediu o divórcio de seu marido no final de 2012. Depois de um ano casados e sem manter relações sexuais, Ying descobriu que seu esposo era homossexual. 'Ele chegou a pedir para que ficássemos ainda casados e tivéssemos filhos, para que a família dele não fosse prejudicada. Mas eu não podia viver assim', diz.
 
No grupo coordenado por Xu Bin, um programa de assistência via telefone atende diversas mulheres que alegam terem descoberto que seus maridos são homossexuais. A situação inversa também é comum. 'Muitas chinesas se casam mesmo sabendo que são lésbicas. Mas elas não têm coragem de assumir sua posição perante a família e acabam seguindo a tradição, ainda que mantenham relações e namoradas fora do casamento', conta a ativista.
 
Casos assim são comuns na comunidade GLS chinesa e criam confrontos entre gays mais jovens e mais velhos. Em fóruns de discussão na internet, lésbicas da geração pós-1990 criticam a posição de mulheres de gerações anteriores que se mantêm casadas em função de pressão social. Xu Bin tenta criar encontros entre a comunidade para a troca de experiência, pois 'as jovens cresceram em uma China já mais aberta, e é difícil para elas entender que gerações mais velhas lidavam com preconceito de uma forma muito pior'.
 
A homossexualidade era considerada doença mental na China até 2001. Até 1997, manter relações homoafetivas na China era considerado crime. Ainda há preconceito contra relações entre pessoas do mesmo sexo e, em zonas rurais, é ainda comum o caso de pais tentarem 'tratar' filhos gays através da medicina.
 
O número de homossexuais no país, no passado estimado em 29 milhões, seria hoje em dia de mais de 50 milhões, de acordo com Xu Bin. No estudo conduzido pelo professor Zhang, há estimativas de que 70% dos homens gays chineses sejam casados.
 
Casar-se ou não é ainda uma questão de difícil abordagem no país, mesmo dentro de grupos de apoio aos homossexuais. Uma das saídas encontradas em cidades como Dalian e Xangai foi a criação de bailes dirigidos a homens e mulheres gays, para que estes pudessem se conhecer e eventualmente armar um 'casamento', podendo manter suas relações fora do casamento livremente e sem a pressão do cônjuge. Em Xangai há também um baile semanal voltado apenas a homens gays que são casados.
 
Borboleta da Sibéria
 
O artista plástico Xiyadie (seu nome artístico significa Borboleta da Sibéria) é um dos casos mais famosos de gays casados da China. Aos 48 anos, o artista já expôs seus trabalhos em Los Angeles e Estocolmo. Xiayadie se dedica ao jianzhi, a arte do corte de papel, que é um dos tesouros culturais chineses. A temática de sua obra, porém, é sua vida ao lado de seu companheiro de oito anos.
 
'A primeira vez que descobri ter sentimentos por meninos foi ainda criança, na escola. Eu achava que era doente, um cafajeste', conta. Aos 24 anos, o jovem de origem humilde cedeu às pressões familiares e se casou, após ter sido apresentado a dezenas de meninas pelos seus pais. 'Naquela época eu já tinha certeza de que era gay, mas não tinha coragem de assumir, então tinha meus relacionamentos às escondidas. Era como se eu soubesse que precisasse comer do prato, mas também queria comer direto da panela.' Apenas há dez anos o artista encontrou forças de conviver com seus sentimentos. Apoiado por um especialista em jianzhi de sua cidade natal, Yan'an, na província de Shanxi, o berço da arte milenar, Xiyadie mudou-se para Pequim, deixando para trás sua esposa e seus dois filhos.
 
Ele ainda não consegue viver de sua arte, então mantém um trabalho regular em um estúdio do cineasta Xiang Ting, em Songzhuang, leste da capital, onde trabalha como segurança, cozinheiro e zelador por 1,5 mil yuans mensais (R$ 490) e, à noite, faz seus recortes dentro de sue quarto de dois metros quadrados. E não está divorciado.
 
'Minha esposa e minha filha sabem que sou homossexual. Minha filha conhece meu namorado e eles se dão bem', conta. O filho mais velho tem 23 anos e é deficiente mental.
 
Questionado sobre o que faria se voltasse aos 24 anos e tivesse de escolher entre casar ou assumir sua orientação sexual, Xiyadie diz que mudaria pouco. 'Acho que fugiria dos meus pais. Voaria para longe para viver a minha vida. Não cederia a eles, mas também não contaria a verdade sobre mim.'
 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Assembleia Nacional francesa aprova artigo sobre casamento homossexual



Publicado pela Folha
Dica de Augusto Martins
 
A Assembleia Nacional francesa adotou neste sábado (2) o artigo do projeto de lei que legaliza o casamento homossexual na França.
 
Por 249 votos a favor e 97 contra, os deputados adotaram o artigo 1 do texto, o mais importante de todos, que indica que "o matrimônio é contraído entre duas pessoas de sexos diferentes ou do mesmo sexo". Os debates ainda vão durar vários dias.
 
Os deputados da maioria parlamentar de esquerda votaram a favor desta promessa eleitoral do atual presidente socialista François Hollande. A maior parte dos deputados de direita ou de centro votou contra.
 
"Nós nos sentimos felizes por termos superado esta primeira etapa", disse a ministra da Justiça, Christiane Taubira, que defende o texto do governo na Assembleia. "Vamos reconhecer a liberdade de todos e de todas de escolher seu par e construir um futuro comum", acrescentou.
 
"O governo optou por uma decisão que não desejamos", disse o deputado da UMP (direita) Philippe Gosselin.
 
Apesar da votação, cerca de 90 manifestações contra o casamento "para todos" e contra a adoção por casais homossexuais estão previstas para este sábado (2) em várias cidades da França.
 
Os debates na Câmara Baixa do Parlamento francês vão durar duas semanas. A oposição de direita apresentou 5.000 propostas de emenda e três moções de procedimento --uma delas exige um referendo sobre o tema.
 
Para se tornar lei, o projeto precisa passar pela aprovação do Senado, onde a esquerda é maioria.
 

Barueri pode ter cotas para casais gays em projetos habitacionais



Publicado pelo Visão Oeste
Dica de Augusto Martins

Por Leandro Conceição

Barueri pode ter cotas para casais gays em união estável em projetos habitacionais do município. É o que propõe o vereador Antonivaldo Rios Gomes, o Kaskata (PSB), em indicação protocolada esta semana na Câmara Municipal. “Há muita discriminação. Hoje, só pode participar dos projetos casais que têm filho. Está certa a intenção de proteger as crianças, mas nem todo mundo pode ter filho. E já há cotas para idosos, deficientes”, explica o autor da proposta.
 
“Ideia é boa, mas precisa de ajustes”
 
De acordo com Kaskata, a proposta resulta de uma solicitação feita a ele durante a campanha eleitoral por um casal de homens que moram juntos em uma comunidade carente e não conseguem se inscrever nos projetos habitacionais. Uma das regras para inscrição para o sorteio de moradias no Programa Habitacional de Barueri (Prohab) costuma ser “possuir família constituída, com filhos menores de 18 anos de idade”.
 
A proposta do vereador gerou polêmica nas redes sociais na internet e é vista com ressalvas até mesmo no movimento LGBT.
 
“A ideia é boa, mas precisa de ajustes. Casal homoafetivo tem que ter o direito de se inscrever nos projetos, com direitos iguais [aos dos heterossexuais]. Cota, sou contra”, afirma Denilson Costa, do grupo Diversidade Barueri e da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads) da cidade.
 
De acordo com ele, Kaskata não dialogou com o movimento LGBT na elaboração da proposta. A Cads já estudava apresentar uma proposta para que os casais gays pudessem se inscrever em projetos habitacionais, diz.
 
Situação socioeconômica
 
Para Denilson Costa, do Diversidade Brasil, as regras para inscrição é que deveriam ser alteradas. “A questão não deveria ser os filhos, mas a situação socioeconômica das pessoas”, avalia.
 
Kaskata também defende que seja feito o debate sobre a obrigatoriedade de ter filhos como regra para se inscrever. “Muitos casais heterossexuais não podem ter filhos, mas todo mundo tem que ter moradia”.
 
O militante Denilson Costa analisa ainda que, apesar de precisar de ajustes, a proposta é positiva por trazer a tona o debate sobre o acesso dos LGBTs aos projetos sociais.
 
“Mexer com a questão LGBT envolve pressões religiosas, preconceito. É importante gerar este debate com a sociedade. Os homossexuais também têm que ter direitos, como diz a Constituição, e não só deveres”, conclui.
 

Barriga de aluguel domina debate sobre casamento gay na França



Publicado no Entre Nós
Dica de Augusto Martins
 
A circular do Ministério da Justiça da França facilitando a obtenção da nacionalidade francesa para bebês nascidos de uma barriga de aluguel no exterior, mas de pai francês, é o assunto em destaque na imprensa nesta quinta-feira. Os jornais destacam a polêmica que inflamou a classe política no momento em que os deputados analisam o projeto que autoriza o casamento gay na França.
 
O conservador Le Figaro diz que a circular emitida pelo ministério da Justiça provocou uma verdadeira tormenta no país. A iniciativa da ministra Christiane Taubira despertou a ira da direita e causou mal-estar na esquerda, segundo o jornal. Para Le Figaro, apesar de a ministra ter dito que a gestação por meio de uma barriga de aluguel continuará proibida na França, ela não convenceu ninguém. A direita vê na circular um primeiro passo para, no futuro, autorizar a procriação assistida, como pedem diversas associações de direitos dos homossexuais.
 
Para o progressista Libération, apesar de não estar no texto sobre o projeto de lei do casamento gay, a circular da ministra da Justiça caiu como uma luva nas mãos dos conservadores. Deputados dizem que o tema reforçou a mobilização da direita contra o casamento homossexual. Os deputados que entraram na batalha sem muita convicção de ganhar agora encontraram um argumento para torpedear o projeto.
 
Em seu editorial, o católico La Croix retoma uma pergunta feita por um político de centro: a circular do governo foi um erro involuntário ou uma provocação ? Muitos vão criticar a famosa hipocrisia francesa, escreve o jornal. Isso porque vai reconhecer uma criança concebida por meio de uma prática que é proibida na França.
 
La Croix indaga se a lei que proíbe a barriga de aluguel, criada para evitar o comércio do corpo e motivada pelo respeito devido às mulheres, principalmente as mais pobres, vai resistir por muito tempo.
 
Le Parisien considera que o tema da “barriga de aluguel” veio atrapalhar o debate sobre o casamento gay. O jornal publica também o depoimento de uma francesa que vive nos Estados Unidos e se diz feliz em poder ajudar casais franceses estéreis a realizarem o sonho de ter filhos.
 
Sandrine, de 41 anos, diz que para a sociedade americana, não cabe ao Estado dizer quem tem e que não tem o direito de ter filhos. Visto dos Estados Unidos, o debate na França é arcaico, escreve Le Parisien.
 
Reportagem: RFI

Polícia do Rio vai atuar contra homofobia durante carnaval



Publicado pela Exame
 
Rio de Janeiro – No carnaval, 200 policiais vão atuar no combate às manifestações de discriminação ou violência contra lésbicas, gays, bissexuais e travestis (LGBT) na capital fluminense. A operação vai até o dia 21 em todo o estado.
 
Ao lado de 40 delegados que atuam na cidade, a chefe da Polícia Civil estadual, Martha Rocha, anunciou hoje (4) o esquema de policiamento, que será integrado com os órgãos de assistência social. "O quantitativo de pessoas nas ruas por vezes torna o ambiente mais propício às situações de discriminação ou violência. Vamos atuar para evitar problemas dessa natureza e garantir o respeito à [população] LGBT”, disse Martha Rocha.
 
O Disque Cidadania LGBT (0800 023 4567) vai funcionar 24 horas para receber denúncias. O plantão do Centro de Referência da Capital será das 9h às 18h, com advogados, assistentes sociais e psicólogos para dar suporte à comunidade LGBT que tenha sofrido discriminação ou busca informação. O centro fica na Praça Cristiano Otoni, no prédio da Central do Brasil, 7º andar.
 
Além dessas ações, as delegacias de atendimento ao turista e o batalhão de policiamento em áreas turísticas receberam materiais educativos bilíngues.
 
 

Obama defende participação de homossexuais em Escoteiros



Publicado pelo Estadão
 
O presidente Barack Obama defendeu neste domingo a participação de homossexuais em grupos escoteiros e de mulheres em postos militares de combate. Os comentários do presidente foram feitos em uma entrevista para a rede de televisão CBS, horas antes do Super Bowl.
 
Nesta semana, ocorrerá uma reunião do conselho nacional de administração dos Escoteiros, no Texas, na qual uma proposta sobre a entrada de homossexuais na instituição poderá ser discutida e votada.
 
Há sete meses, os Escoteiros afirmaram que são contra a entrada de gays na associação, mas, na semana passada, eles estavam considerando mudar essa postura. Em vez de exclusão obrigatória de homossexuais, diferentes grupos religiosos e civis que patrocinam as unidades de escoteiros devem decidir por si mesmos como abordar a questão.
 
A Casa Branca disse em um comunicado em agosto passado que Obama se opôs à proibição contra gays nos Escoteiros. Obama, assim como outros presidentes do século passado, serve como presidente de honra do grupo. Os comentários do presidente no domingo foram os primeiros desde que o grupo anunciou que estava considerando uma mudança de política.
 
O presidente disse que acredita que "gays e lésbicas devem ter acesso e oportunidades da mesma forma que todo mundo em todas as instituições e caminhos da vida".
 
Obama também já havia emitido uma declaração de apoio à decisão tomada pelo Pentágono no mês passado de abrir os postos de combate para as mulheres. Na entrevista para a CBS, Obama disse que as mulheres já estão servindo em combate "em uma questão prática".
 
"Quando elas estão em lugares como o Iraque e o Afeganistão, estão vulneráveis", afirmou o presidente. "Elas podem ficar feridas, e já foram mortas. E elas têm feito seus trabalhos com patriotismo extraordinário".
 
A mudança de política revogou uma regra de 1994 que proíbe a atribuição de postos de combate às mulheres. Com o novo regimento, espera-se que mais de 230 mil posições de combate sejam abertas para as mulheres. As informações são da Associated Press.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Melhor de Mim (Relato de um jovem que assume sua homossexualidade)



Publicado em A Vida em Parágrafos
Por Augusto Martins
 
O tiro da misericórdia foi dado: entre uma espiada e outra, a vontade de sair do armário era imensa. Faltava-me ar para dizer o que realmente sentia. Por um triz, não fui estrangulado sem direito a réplica. Me sentia um passarinho mudo que voava em libras e isso era absurdamente triste.
 
Foi em meados de 2008, um pouco antes de completar dezessete anos que percebi que a gente precisa de um tempo. Se dar um tempo. Se cuidar. O ideal era me pegar no colo e cantar uma música de ninar até adormecer e acordar como se nenhum problema fosse te derrubar na manhã seguinte. E para isso, eu precisava me assumir gay, despir de todas as roupas, máscaras e fantasias e nascer para uma vida completamente nu.
 
Sair do bendito armário e jogar a chave fora exigia coragem e não envolvia só a mim. Tinha família no jogo. Tinha amigos. Tinha escola. Tinha a vizinhança. Tinha a galera que a gente brincava na rua. Tinha, inclusive, a quebra da expectativa da minha mãe em ter um neto. Me senti culpado por ter interrompido o protocolo ou missão que desejam (quase) todas as mulheres: encontrar alguém, ter filhos, serem avós e ter uma vida tranquila até a morte vir ao encontro e levá-las para um passeio.
 
Mas fiz diferente. Coloquei esse universo todo em desordem. Não dei um neto como minha mãe sempre quis, mas em compensação, dei a ela um filho que estaria vivendo a sua vida de forma plena: sem meias verdades, sem bastidores, sem nada. Cuidar de um filho assim é ser mãe duas vezes. Pelo menos eu acho.
 
Eu merecia esse carinho. Aliás, todos nós merecemos. Porque no fundo é você e seu espelho. Não queria discutir aqui o termo “saindo do armário”. Que ele demonstra um avanço no sentido de dar maior visibilidade, assegurando o respeito aos vínculos homoafetivos, isso todos nós sabemos. É que eu fico achando que no mundo, por pior que sejam as coisas, o bem vence no fim. E queria que esse “fim” se estendesse a todos outros gays. Que tudo acabasse bem. Que armários e mais armários fossem abertos sozinhos e de que lá saíssem pessoas capazes de voar até onde suas asas conseguissem alçar voos.
 
Revelar às pessoas minha verdadeira identidade foi a melhor coisa que me aconteceu. Aí tudo acalma e parece aprimoramento. A gente não pode ser aquela pessoa invisível toda a vida. Tem que se dar um pouco mais, ver o mundo ganhando gradativamente as cores. Ser humano transcende o fato de uma pessoa ser gay ou não e usar Deus como marcador de páginas, faz do nosso livro, ó… muito mais interessante. E o que é melhor: nesse lance todo não existe moral da história. Afinal, onde que o amor não é bonito? O amor é bonito sempre.