Publicado pelo O Globo
O Papa Francisco considera que os diferentes ambientes familiares na sociedade atual, como crianças que convivem com pais separados e casais homossexuais, representam um desafio educativo novo para a Igreja Católica, principalmente na hora de ensinar o Evangelho. Essa foi uma das mensagens passada pelo pontífice argentino durante a 82ª Assembleia Geral da União dos Superiores Generais (USG), em novembro de 2013, no Vaticano, divulgada neste sábado pela revista “La Civiltá Cattolica”.
De acordo com a revista, o Papa disse aos superiores generais dos institutos religiosos: “Me lembro do caso de uma menina que estava muito triste confessou para a sua professora: ‘a namorada da minha mãe não gosta de mim’. A quantidade de crianças que estudam em nossos colégios e que tem pais separados é muito elevada. As situações que vivemos hoje, portanto, nos impõe novos desafios. Às vezes são, inclusive, difíceis de compreender. Como falar de Cristo para esses meninos e meninas? Como falar de Cristo para uma geração que muda?”.
Francisco ressaltou ao grupo de religiosos que é necessário que eles estejam atentos para “não fornecer” para essa nova geração uma “vacina contra a fé”, e que os pilares da educação são “transmitir o conhecimento e a forma de fazer e transmitir os valores, através dos quais se transmite também a fé”.
Sobre o papel do educador como ligação entre a Igreja e os fiéis, o Papa afirmou: “O educador tem que estar à altura das pessoas que educa. Deve se perguntar como apresentar Jesus Cristo a uma geração que muda. A tarefa de educar hoje é uma missão chave, chave, chave”.
Segundo a “La Civiltá Cattolica”, que é da ordem dos jesuítas, a mesma de Francisco, o Papa contou no encontro suas experiências em Buenos Aires, Arquidiocese na qual trabalhou em ambientes educacionais para crianças e jovens com situações familiares complicadas. O tema família será o foco da Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, que se realizará em outubro, no Vaticano. Como preparação, a Santa Sé enviou um questionário às conferências episcopais de todo o mundo com perguntas sobre casamento gay e divórcio: “Que atenção pastoral podemos dar a quem escolhe viver em uma união dessas?”, “Qual é a atitude das igrejas locais frente ao Estado como promotor de uniões civis de pessoas do mesmo sexo?”.
O documento também questiona qual deve ser a atitude a Igreja diante de casais do mesmo sexo: “O que podemos fazer pastoralmente para transmitir a fé?”. Em uma seção separada, a Santa Sé fala especificamente da educação de crianças que convivem com o que chamam de “casamentos irregulares”.