quarta-feira, 11 de julho de 2012

Irmãos são adotados por casal homossexual


Publicado no Cruzeiro do Sul
Dica de Augusto Martins
Para a cabeleireiro Francisco Carlos Morales Bera, 48 anos, adotar uma criança já fazia parte de um planejamento de vida. Aos 46 anos, depois de voltar de uma temporada morando na Europa, ele decidiu que seria a hora de realizar esse projeto. Homossexual, ele contou com o apoio do companheiro, Rogério Muniz, 28 anos, que embora ainda não tivesse pensado nessa possibilidade passou a acompanhá-lo nas entrevistas de habilitação para adoção.
Fran, como é conhecido, fez questão de colocar o mínimo de restrição no perfil das crianças a serem adotadas. Apenas que não sofresse de doença incurável e que tivesse idade até 6 anos e meio. E ainda aceitou adotar até três irmãos que fossem de uma mesma família. Um mês depois que entrou na lista de adoção, ele recebeu dois telefonemas, um de Vargem Grande, outro de Sorocaba. Mas acabou se decidindo por dois irmãos, Rafael, com seis anos, e Lucas, com quatro anos. "Quando chegamos com os dois em casas toda família estava esperando. Foi uma festa", lembra.
Ele admite, no entanto, que a adaptação não foi tão fácil. "Perdi 20 quilos no primeiro mês, pois ficava muito preocupado e não conseguia comer e nem dormir direito", lembra. Fran conta que para os meninos foi mais fácil, pois eles desejavam demais ir morar com eles e se adaptaram muito fácil. O cabeleireiro garante que o fato de ser homossexual nunca foi um impedimento. "Todos tratam de forma muito natural e o importante é que temos uma situação estável e com muito amor para oferecer para eles", diz.
Francisco e Rogério se sentem tão confortáveis na condição de pais que já planejam adotar no futuro uma menina. "Só estamos esperando a situação se estabilizar, pois estamos com os meninos há apenas dois anos".

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Democrata Barney Frank é 1º parlamentar a oficializar união gay nos EUA



Publicado na Folha
O parlamentar democrata Barney Frank se casou neste sábado (7) com seu parceiro James Ready, tornando-se o primeiro parlamentar americano a oficializar uma união gay.
Segundo o democrata Al Green (Texas), que esteve na cerimônia, o governador do Estado americano de Massachusetts, Deval Patrik, discursou no evento e brincou ao dizer que Frank, 72, e Ready, 42, prometeram "amar um ao outro em governos democratas ou republicanos", e "mesmo após aparições na (rede de TV) Fox News".
"Barney estava radiante", contou Green. Segundo ele, Frank -- que é defensor dos direitos gays e um dos autores da reforma econômica de Wall Street-- chorou durante a cerimônia.
Após trocarem seus votos, Frank e Ready se abraçaram. "Não foi diferente de nenhum outro casamento que eu já fui e que tinham duas pessoas apaixonadas", disse Green.
Parlamentar por Massachusetts, Frank é abertamente gay desde o final dos anos 1980. Ele e Ready estão juntos desde 2007.
Casamento Gay
Em maio, o presidente americano, Barack Obama, apoiou publicamente o casamento gay, tema que deve estar em evidência nas eleições presidenciais de novembro.
Seu rival republicano, Mitt Romney, é contrário e diz que as uniões devem ser apenas entre um homem e uma mulher.
Oito dos 50 Estados americanos e o distrito de Columbia permitem o casamento gay. De acordo com pesquisas de opinião, a maioria dos americanos é a favor das uniões.
Em 2004, Massachusetts tornou-se o primeiro Estado a permitir os casamentos gays. Desde então, mais de 18 mil casais homossexuais se uniram no Estado, de acordo com a MassEquality, grupo de defesa dos direitos gays.

Homossexual é assassinado dentro da própria casa em Sergipe


Publicado no G1
Um homossexual de 39 anos foi assassinado na madrugada deste domingo (8) no município de Estância, localizado a 75 Km de Aracaju. O corpo dele foi encontrado na sala da sua casa por seus vizinhos, com perfurações de arma branca, na Avenida Raimundo Silveira Souza, no Bairro Alagoas.
De acordo com informações de populares, o crime ocorreu após uma discursão. “Ouvimos gritos e palavrões, mas não consideramos nada de grave, até que eles se calaram, em seguida fomos até a casa dele para saber o que tinha acontecido mas ele já estava morto após receber diversos golpes de faca”, relata um vizinho da vítima que prefere não ser identificado.
Os moradores da região ficaram chocados com o crime. “Ele era uma pessoa do bem e querido por todos, não entendemos como alguém pode ter coragem de fazer isso”, lamenta uma amiga dele.
O corpo da vítima foi levado para o Instituto Médico Legal e librado para sepultamento na manhã deste domingo.
A Polícia Militar e Civil estiveram no local para investigar o crime e não descartam a possibilidade de homofobia ou desafeto amoroso.

Divulgada programação do Congresso Internacional sobre Diversidade Sexual da ABEH


Indicado por Rafael Aragão

A diretoria da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH) divulgou a programação completa do VI Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade Sexual e de Gênero, que irá ocorrer nos dias 1º, 2 e 3 de agosto na Universidade Federal da Bahia.
A abertura oficial do Congresso acontece na Reitoria da UFBA, no dia 01/08, às 18h, com a conferência de Jack Halberstam. Professor da University of Southern California, Halberstam trabalha com expressões do gênero masculino produzidos em corpos de mulheres. Livros como “Female Masculinity” e “The Drag King Book” (lançados sob seu nome de nascimento, Judith Halberstam, e ainda não editados no Brasil) traz importantes contribuições aos estudos de gênero.
Além da conferência de abertura de Jack Halberstam e das sete mesas redondas organizadas pela própria ABEH, a programação conta com a apresentação de cerca de 430 trabalhos em sessões de comunicação e mesas coordenadas e 12 trabalhos na mostra artística.
O evento ainda contará com o lançamento de 30 livros, no dia 2 de agosto, e um show de encerramento, que será realizado no dia 3, às 21h, no Pelourinho, com a cantora Márcia Short. A abertura ficará a cargo de Divina Valéria. A programação artística também contará com apresentação da artista Ana Dumas, com seu carrinho multimídia, no dia 1º, na Reitoria da UFBA. Confira a programação completa no site www.abeh.org.br
As inscrições para participar do VI Congresso já estão encerradas. Setecentas pessoas estão inscritas, oriundas de 24 estados brasileiros e de alguns países da América Latina. A edição baiana é a maior da história do Congresso, que já aconteceu em Espírito Santo, Brasília, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Norte. Para o presidente da ABEH, Leandro Colling, o número de trabalhos e participantes indica o crescimento da produção nacional na área de diversidade sexual e gênero e o maior interesse pelo debate público sobre a temática.
Ao todo haverá 10 eixos temáticos, nos quais serão apresentados cerca de 430 trabalhos: artes; comunicação, educação; histórias, sociabilidades e etnografias; literatura; políticas; religiões; saúde; subjetividades; e direitos. 
SERVIÇO
VI Congresso Internacional da ABEH
Quando: 01 a 03/08
Onde: Pavilhão de Aulas 3 – Campus Ondina, UFBA
Abertura: Conferência de Jack Halberstam
01/08, às 18h, Reitoria da UFBA, Canela
Informações e programação: http://www.abeh.org.br/

domingo, 8 de julho de 2012

Club Paulistano é advertido por discriminação sexual


Publicado no Estadão
Por Felipe Tau
O Club Athletico Paulistano, nos Jardins, zona sul, foi advertido pela Secretaria de Estado da Justiça em um processo administrativo aberto por discriminação sexual. O clube, um dos mais tradicionais de São Paulo, recusou o pedido de um sócio homossexual para que seu parceiro fosse reconhecido como dependente.
A advertência, publicada no dia 28 de junho no Diário Oficial do Estado, foi uma decisão em segunda instância tomada pela secretária de Justiça e Defesa de Cidadania, Eloísa de Sousa Arruda. A medida revoga a absolvição obtida pelo Paulistano em primeira instância. Os nomes dos envolvidos não foram informados pela secretaria, uma vez que o processo é sigiloso.
A advertência - prevista na Lei Estadual 10.948, de 2001, que pune a discriminação sexual no Estado de São Paulo - é a sanção mais branda aplicada, mas pode evoluir para sanções mais pesadas no caso de reincidência: multa de R$ 18.440 a R$ 55.320 (multiplicável por dez, dependendo do porte de estabelecimento), suspensão da licença estadual de funcionamento por 30 dias ou cassação permanente.
A assessoria de imprensa do Club Athletico Paulistano informou que soube da decisão na quinta (5) e ainda não pode se manifestar a respeito. Segundo a Secretaria de Justiça, a decisão administrativa foi publicada novamente por não ter saído legível na divulgação anterior.
Título.
Fundado em dezembro de 1900, o Club Athletico Paulistano já teve um dos melhores times de futebol do País, mas disputou o último campeonato profissional em 1929.
De acordo com a assessoria de imprensa, o título para ser sócio do clube custa R$ 11 mil, mas vem acompanhado por uma taxa de R$ 360 mil.

Carlos Tufvesson: 'No Brasil não dá para um homossexual se sentir feliz'


Publicado no Estadão
Por Gabriel Perline
Longe das passarelas, mas presente na luta pelos direitos dos homossexuais, o estilista Carlos Tufvesson desistiu de concorrer ao cargo de vereador do Rio de Janeiro nas eleições de 2012, mas segue na militância. Ele continua na Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual, órgão da Prefeitura do Rio, e pensa no cargo político para o futuro. "Apenas um adiamento. A candidatura é algo mais complexo que imaginava", disse.
Ativista gay e casado com o arquiteto André Piva, Tufvesson disse ao E+ que a falta de leis a favor dos homossexuais impede a sensação plena de felicidade. "No Brasil ainda não dá para que um homossexual se sinta feliz. O nosso Congresso Nacional até hoje não aprovou uma lei sequer em favor dos LGBTs. Para exercer um direito que a Constituição lhe confere ainda se faz necessário brigar na Justiça", afirmou. Lembrou, ainda, do caso dos irmãos gêmeos heterossexuais que foram agredidos por estarem abraçados, nesta semana em Camaçari (BA). Um deles morreu a pedradas e facadas.
O que te fez desistir da candidatura política no Rio de Janeiro?
Não houve desistência, apenas um adiamento. A candidatura é algo mais complexo que imaginava, envolve diversas demandas. Como está hoje em dia, para consolidar uma candidatura é preciso montar uma empresa e, paradoxalmente, tinha fechado a minha por não aguentar mais ter 90 funcionários, Acabei convidado pelo prefeito Eduardo Paes para ser titular da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual. Hoje vejo a necessidade mais do que imediata de uma reforma política urgente no País.
Em todas as eleições há candidatos com projetos ligados à comunidade gay, mas são raros os que conseguem algo. Existe falta de apoio dentro do grupo?
O voto está ligado à crença de que o candidato é bom e lhe representará. Muitos dos candidatos ligados à comunidade gay não possuem real representatividade. O apoio depende desta representatividade. Evidentemente isto não significa negar que existam muitos homossexuais desacreditados de uma política que nega sua própria existência.
Na sua opinião, os movimentos atuais de militância, como as paradas que acontecem em diferentes datas, ainda possuem teor político ou se transformaram em um grande carnaval fora de época?
As paradas continuam possuindo teor político de afirmação, chamando a atenção de todos acerca da existência dos LGBT como cidadãos. Mesmo a "festa" também possui caráter político, uma vez que se trata de um dia do ano no qual lésbicas, gays, bissexuais e transexuais sentem o direito de se expor, sem medo de ser o que é. Isto não significa que as paradas não devam ser mais politizadas, no sentido de conscientizar os presentes de exercerem seus direitos, inclusive, realizando denúncias.
Mesmo sendo famoso você ainda sofre preconceito?
Sendo muito sincero, não. Mas tenho a plena consciência de que todos os dias cidadãos homossexuais são vitimas de preconceito, bullying de todo tipo, tortura física e psicológica. Os crimes de ódio crescem a cada dia sem sinal que não serão mais tolerados. Basta ver nos jornais o caso dos irmãos de Camaçari (BA) para ver a que ponto chegou essa banalização da violência. Até cidadãos não homossexuais estão sendo vitimas de crimes de ódio homofóbico. E isso porque eles "pareciam ser gays". Se você olhar no Youtube, você verá pessoas em plena infração do Código Penal por curandeirismo, sem que nada lhes aconteça. Tudo às claras. Até chaveirinho da 25 de março usam fingindo ser demônio enganando a população de boa fé. Até quando? É esse o futuro que queremos para nosso País? Essa resposta cabe a toda sociedade de bem!
Como está o processo de conversão de sua união estável em casamento?
Ingressei com uma medida judicial denominada "Reclamação" junto ao Supremo Tribunal Federal a fim de que se faça cumprir no Juízo da Vara de Registro Público da capital do Rio de Janeiro a decisão da Corte Máxima na ADPF 132. Ela impôs a todos os tribunais do País que passem a dar idêntico tratamento da união estável de casais heterossexuais para casais do mesmo sexo, inclusive, em todos os seus efeitos. Um dos efeitos do reconhecimento à união estável é a imposição constitucional da facilidade de sua conversão em casamento. Portanto, entendo que o juiz da Vara de Registro Público está descumprindo esta decisão que, juridicamente, possui efeito vinculante e erga omnes (termo usado no meio jurídico para indicar que os efeitos de algum ato ou lei atingem todos os indivíduos de uma determinada população ou membros de uma organização).
O que falta no Brasil para que o casamento gay seja legalizado?
Que o legislativo cumpra o seu papel de legislar para todos os seus cidadãos, inclusive LGBT. Legal o casamento já é, apesar de inexistir legislação específica. O Superior Tribunal de Justiça já apreciou esta questão e se manifestou que pessoas do mesmo sexo possuem direito de se casar.
No Dia Do Orgulho Gay, celebrado no dia 28/06, você comemora feliz o fato de ser gay? Por quê?
No Brasil ainda não dá para que um homossexual se sinta feliz. O nosso Congresso Nacional até hoje não aprovou uma lei sequer em favor dos LGBTs. Para exercer um direito que a constituição lhe confere ainda se faz necessário brigar na Justiça.

Site registra 165 mortes de homossexuais neste ano


Publicado na Folha
A Ong GGB (Grupo Gay da Bahia) criou um site para contabilizar assassinatos de homossexuais no Brasil.
O homofobiamata.wordpress.com já contabiliza o homicídio de 165 gays, travestis e lésbicas de janeiro a junho deste ano, 28% mais do que em igual período de 2011 e equivalente a 62% das 266 mortes em todo o ano de 2011 computadas pelo GGB, com base em notícias de jornais.
A maioria dos homicídios homofóbicos neste ano ocorreu em São Paulo (19), Paraíba (15) e Bahia (14), de acordo com o levantamento.
O GGB diz que há subnotificação em sua base de dados, por levar em conta só o que saiu na mídia. "Se houvesse um levantamento sistemático do governo federal nas estatísticas das secretarias estaduais de segurança pública, com certeza conheceríamos mais casos", diz Luiz Mott, fundador do GGB.
O grupo critica o governo federal por não criar um banco de dados oficial dos crimes homofóbicos. A Secretaria de Direitos Humanos disse que mantém o Disque 100 desde 2011 e que no ano passado foram registradas 1.259 denúncias de violações contra homossexuais e transexuais no país.