quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Como se contrói um medo na sociedade


 
Publicado pelo iG
Por Jean Wyllys
 
As tentativas de associar a homossexualidade à pedofilia são tão antigas quanto o ódio e a violência homofóbica, embora qualquer pessoa um pouco mais informada sobre o assunto saiba que, estatisticamente, na grande maioria dos casos, o abuso sexual de crianças é cometido contra meninas e os abusadores são pessoas da família: pais, irmãos, tios, avôs. Há abusadores gays, claro, assim como há médicos, garis, cabeleireiros, advogados gays, mas o fato é que são os abusadores héteros os responsáveis pelo maior número dos casos registrados de pedofilia – que é um crime gravíssimo – comprovando assim que esse transtorno não tem nada a ver com a orientação sexual. E boa parte dos casos denunciados de abuso sexual de meninos do sexo masculino é cometido, vale dizer, por padres e pastores, geralmente os mesmos que divulgam discursos de ódio contra os homossexuais. E contra fatos, não há argumentos.
 
Mas a estigmatização dos gays como potenciais pedófilos continua sendo usada para manter o preconceito e, principalmente, o medo contra nós.
 
Em seu livro A palavra dos mortos, o jurista Raúl Zaffaroni explica que quando um determinado grupo social é construído como inimigo e colocado como bode expiatório, “sempre se atribuem a ele os piores delitos que, certamente, com demasiada frequência, são os delitos sexuais” e acrescenta, como exemplo, que “quando o papado e o rei da França decidiram se apoderar dos bens dos templários, imputaram-nos de serem gays e lhes atribuíram um inventado ritual de iniciação e sometimento sexual”. Nas legislações homofóbicas repressivas que vigoraram ou ainda vigoram em muitos países, os gays são muitas vezes tratados como sujeitos perigosos para as crianças, abusadores em potência, pederastas, e existem leis que chegam ao extremo de punir “o homossexual que seja visto em público com um menor”, e os mesmos fantasmas são usados, com muita desonestidade, por aqueles que se opõem a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, apelando ao medo e a calúnia.
 
Não é nada novo — e nem original. Os judeus também foram acusados de devorar crianças, e também os comunistas.
 
Por isso, não me surpreendeu quando os trolls contratados por lideranças fundamentalistas começaram a tentar vincular meu nome à pedofilia, com postagens criminosas nas redes sociais. Esses canalhas chegaram inclusive a inventar uma “entrevista do deputado Jean Wyllys à CBN” na qual eu teria defendido a pedofilia. É claro que a suposta entrevista não existiu e eu jamais defendi a pedofilia, que combato como segundo vice-presidente da CPI da Exploração Sexual deCrianças e Adolescentes na Câmara dos Deputados. A própria emissora fez uma nota desmentindo a calúnia, mas as postagens dos canalhas continuam se espalhando no Facebook.
 
Nos últimos dias, recebi um e-mail desesperado de um militante do PSOL que me relatava o que está acontecendo na Paraíba com o ativista gay Renan Palmeira, presidente do Movimento do Espírito Lilás (MEL). O MEL teve a sede e casa de presidente invadidas e Renan foi acusado injustamente no “Disque 100″ de repasse de drogas e iniciação de adolescentes em práticas pedófilas. Renan sofreu ataques à sua própria casa, com pichações e depredação. A acusação (anônima) de pedofilia e tráfico é instrumentalizada para provocar a repulsa e indignação da comunidade e promover a violência contra um ativista de direitos humanos.
 
E não é casual que se trate de um ativista gay e do PSOL, o partido que levanta as bandeiras da comunidade LGBT e dos direitos humanos no Congresso e enfrenta o fundamentalismo e seus aliados políticos. Há uma campanha cada vez mais evidente contra o PSOL, promovida pelas corporações políticas, religiosas, econômicas e de outro tipo que nosso partido — pequeno, mas coerente com as bandeiras que defende e destacado nos parlamentos e prefeituras onde pode mostrar serviço à população— sem dúvidas ameaça. Numa matéria desopilante, que parece lembrar os discursos do regime militar, a Folha noticiou no mês de junho (mês das históricas jornadas que lotaram as ruas do Brasil) que o serviço secreto da Polícia Militar investigava o envolvimento de militantes PSOL na promoção de atos de violência, afirmando que se tratava de ações “semelhantes a atos de guerrilha” (!!). Um militante do PSOL de Porto Alegre, Lucas Maróstica, teve sua casa invadida e seu computador sequestrado e chegou a ser acusado de formação de quadrilha por realizar postagens no Facebook convocando às manifestações populares. Tempos que pareciam superados!
 
Voltando ao caso, de acordo com Renan, os atos de vandalismo já foram repassados para a Justiça Global, que encaminhou as denúncias para a OEA (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), solicitando proteção. No mês de agosto, na época da XII Parada LGBT, o apartamento de Renan foi arrombado duas vezes, levando objetos pessoais, documentos e o computador. O mais estranho da situação, segundo Palmeira, é que num prédio com 40 apartamentos, apenas o dele foi arrombado — duas vezes —, o obrigando a se mudar de lá. A sede do MEL, que fica na rua Duque de Caxias, foi arrombada também duas vezes, antes e depois da Parada, obrigando também a entidade a se mudar para um local mais seguro. O outdoor da XII Parada da Cidadania LGBT de João Pessoa foi pichado com frases religiosas e, em outra campanha institucional contra a homofobia, o outdoor foi destruído.
 
As acusações caluniosas por pedofilia envolveram Renan e outros ativistas. O Conselho Tutelar fez a investigação e não encontrou nenhum indício da denúncia, mas em consequência dela, o MEL deixou de dar expediente público. Também aconteceu um assassinato: a transexual Shanayne Rodrigues Macena, de 29 anos, que disputou como candidata a vereadora as eleições de 2012 em Nova Floresta e participa do setorial LGBT do PT, foi assassinada brutalmente em 22/07/2012. De acordo com o presidente do MEL, os fatos retratam uma agressão e intimidações contra militantes LGBT e de direitos humanos na Paraíba.
 
Diante desses gravíssimos fatos, venho a público cobrar a intervenção de todos os órgãos públicos para garantir a segurança de Renan e de todos/as os/as ativistas que estão sendo caluniados, agredidos e ameaçados na Paraíba. É hora de acabar com a violência homofóbica promovida pelo fundamentalismo religioso. E é hora de que o governo federal pare de se omitir e assuma sua responsabilidade política como garante da democracia, das liberdades individuais e da vida e segurança dos brasileiros e das brasileiras.

domingo, 10 de novembro de 2013

Como assumir aos meus pais, que sou gay?



Visto no Ligação Teen 

Assumir a homossexualidade para as pessoas é algo muito difícil, afinal não é algo que aprendemos na escola ou em livros, afinal quando se é heterosexual você não precisa dizer para ninguém isso, agora quando se é gay ou lésbica, mesmo que não sejamos cobrado por algo, nos sentimos na obrigação moral de contar, até mesmo para evitar um relacionamento sustentando pela mentira, com pessoas que amamos.

Entre estas pessoas estão os nossos melhores amigos e principalmente os pais, neste último caso gera ainda mais ansiedade, afinal contar aos pais pode resultar em magoas para ambos os lados. Para evitar isso, ou para preparar um pouco mais para este momento, segue abaixo algumas dicas para você.

1. Você está seguro(a) que é homossexual?
Se você ainda está confuso(a), se tem dúvidas se é mesmo homossexual, é melhor dar mais um tempo, pois, a confusão de sua cabeça pode provocar confusão ainda maior na cabeça das outras pessoas, sobretudo em sua família. Nunca assuma sua homossexualidade como forma de agressão ou vingança, num momento de raiva. Uma decisão tão importante tem de ser bem planejada.

2. Como se assumir?
Primeiro faça amizade com algumas pessoas já assumidas. Troque idéias com outras: saiba como elas vivem, como se assumiram, das vantagens de deixar de ser enrustido(a). Freqüente um pouco o ambiente homo para ver com qual dos diversos modelos de vivência gay você se identifica mais. Procure fazer boas amizades. Não faça nada de que vá se arrepender mais tarde. Depende de você fazer de seu futuro enquanto homossexual uma bênção ou uma desgraça.

3. Você se sente satisfeito(a) com seu homoerotismo?
Se ainda tem sentimentos de culpa, se acha que está errado, que tua forma de amar é pecado e se tem períodos de depressão, é melhor resolver primeiro estes problemas. É básico assumir-se primeiro em outros ambientes antes de abrir o jogo com a família. Para enfrentar esta barra, você precisa estar muito seguro(a) e ter uma auto-imagem bem positiva de sua própria homossexualidade. Auto-estima é indispensável para ser feliz.

4. Você conta com o apoio de alguém?
É fundamental que você conte com a compreensão de algum parente ou amiga próxima da família, que possa acalmar seus pais se a reação deles for devastadora. Esta pessoa é também importante para dar-lhe apoio emocional para enfrentar essa nova situação de vida. Discutam todos os detalhes, as reações previsíveis de ambas as partes, e se achar prudente, esteja com esta pessoa amiga por perto no momento da revelação.

5. Você tem bons argumentos sobre a homossexualidade?
Isto é muito importante, pois a maioria das pessoas, inclusive nossos parentes, têm medo ou ódio dos homossexuais (assim como têm preconceito racial) porque nunca souberam a verdade sobre esses temas. Você deve ter as respostas certas para substituir a ignorância do preconceito pela verdade dos fatos.

6. Qual o melhor momento para revelar que é homossexual? 
Se você avalia que sua família poderá ficar muito abalada ou que talvez não aceitarão sua orientação homossexual, infelizmente, é melhor continuar “fingindo que não é, e eles fingindo que não sabem”. Se você acha que eles primeiro vão condenar, depois vão aceitar, escolha então uma ocasião em que a família estiver tranqüila, sem doenças graves ou mortes próximas. O importante é demonstrar que a única coisa que vai mudar no relacionamento familiar a partir de agora, é que você deixará de viver na clandestinidade, continuando a mesma vidinha de amor e respeito como antes da revelação. Tranqüilize-os que você não viverá de escândalos, não será promíscuo(a) e que sabe como se cuidar.

7. Você depende de sua família?
Se você é jovem e depende dos pais, talvez seja melhor esperar para se assumir quando tiver seu próprio salário e moradia independente. Contudo, caso decida abrir o jogo ainda morando com sua família, não aceite de forma alguma que eles a expulsem de casa ou imponham qualquer castigo ou repressão. Homossexualidade não é crime nem doença e você deve exigir que seja respeitada. Afinal, se alguém está errado não é você e sim quem discrimina os gays e lésbicas.

8. Seja paciente
Se teus pais são muito conservadores e moralistas, e se não desconfiavam de nada, certamente precisarão de mais tempo para se acostumarem com a idéia de ter uma filha lésbica. Isto pode levar meses ou até anos. Se para você é muito importante manter bom relacionamento com a família, então além de ser paciente, evite qualquer conversa ou atitude que possa aumentar a vergonha ou raiva que passaram a sentir por você. Não entre em detalhes sobre sua vida íntima, só leve algum amigo gay ou lésbica à sua casa se tiver certeza que ajudará os teus pais a te aceitarem melhor.

9. Família às vezes é melhor na fotografia
Lembre-se que família não é apenas ter o mesmo sangue. Ninguém escolhe a família que tem, mas amigo, sim a gente pode escolher. Se sua família recusa-se, mesmo depois de muitas tentativas e paciência de sua parte, a te aceitar e te amar como gay, não abra mão de sua realização e felicidade pessoal para agradar aos parentes. Quem está errado não é você, são eles que devem mudar, portanto, se não te aceitam como você é, construa novos laços de amizade, amor e compreensão. Cortar o cordão umbilical ou livrar-se da barra da saia materna, no início pode ser duro e difícil, mas é o primeiro passo de uma vida mais autêntica e feliz. Também não cuspa no prato que comeu, e se puder manter bom contato com seus pais, irmãos e demais parentes, já tem um bando de aliados para enfrentar a intolerância fora de casa.

10. Não é crime ser homossexual
Todo mundo nasceu para ser feliz. A História está do nosso lado, e os países mais civilizados, onde os gays, lésbicas, bissexuais e transexuais são respeitados como cidadãos, dão o exemplo que é melhor conviver e respeitar a pluralidade do que marginalizar as “minorias”. Se você sente amor, paixão e tesão por pessoas do mesmo sexo, saiba que não está sozinha: mais de 10% da humanidade é igual a você. Em cada quatro famílias, numa tem um homossexual. E para a sua maior segurança e calar a boca dos intolerantes, não se esqueça de citar famosos da história da humanidade, que como você, praticaram o “amor que não ousava dizer o nome”. Muitos homens e mulheres que você conhece que com garra, luta, sensibilidade nos ajudaram e ajudam a construir a nossa história e luta pela visibilidade, direitos e cidadania. Mire-se nesses exemplos.

fonte: Grupo Gay da Bahia, ONG fundada em 1980, pelo militante gay e professor Luiz Mott do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia.

Estas são algumas dicas bem legais e baseada em experiência de anos, da ONG. Lembre-se que cada caso é um caso e só você poderá saber quando estará preparado. Procure não ser pego de surpresa apenas, tipo de seus pais virem te perguntar ou de descobrirem por outros meios, normalmente quando isso acontece a probabilidade de você ficar nervoso e ser pego num momento sensível é muito grande, e você neste momento precisa ser forte.

No meu caso em particular quando me assumi, imaginava uma reação de minha mãe e acabou sendo outra totalmente diferente e melhor. Eu fiquei muito mais nervoso do que ela no momento, porque ela me pegou de surpresa, já que eu sempre dizia que não queria namorar por causa dos estudos (desculpinha besta, mas muito utilizada).

Especialistas respondem 10 dúvidas das mulheres sobre sexo anal



Por Thaís Manarini para o IG 

Pesquisa aponta que 57% das mulheres praticam; ainda assim, o tema é cercado por dúvidas

Em pesquisa realizada pelo Datafolha em 2010, 57% das mulheres brasileiras declararam fazem sexo anal. 43% delas não praticam ou omitiram a resposta. Apesar de a maioria se declarar praticante, diversas dúvidas sobre o tema ainda persistem. Veja as respostas a dez perguntas frequentes. 

1 - É mais fácil pegar AIDS por sexo anal? 
Sim, pois a prática gera microtraumatismos na mucosa retal (revestimento interno) que servem como porta de entrada para o vírus. 

2 - Praticantes de sexo anal têm mais chances de desenvolver fissuras ou hemorróidas? 
Não. Esses quadros são consequências de mau funcionamento intestinal. Mas atenção: quem já apresenta fissuras ou está no período de inflamação da hemorróida pode sentir bastante dor durante o sexo anal. É melhor evitar.

3 - Mulheres que praticam sexo anal têm mais infecção vaginal? 
Nada disso. Se tomar cuidado, não há perigo de desenvolver o problema. A principal recomendação é nunca realizar o sexo vaginal após a penetração anal e nem usar os dedos e acessórios para manipular a vagina depois de ter estimulado o ânus. Ao entrar em contato com a região anal, tanto o pênis como os dedos e brinquedinhos são contaminados com fezes ou secreções fecais. Essas secreções apresentam bactérias que podem causar “estragos” em contato com a vagina ou boca. Além da infecção vaginal, mais problemas podem ocorrer, como infertilidade, infecção da região da bacia e do abdome e até aborto em caso de gravidez. 

4 - Sexo anal normalmente estoura a camisinha? 
Mito. Isso só acontece se houver algum erro na forma de usá-lo. Para evitar problemas, o preservativo deve ser de boa qualidade e proporcional ao calibre do pênis. 

5 - O sexo anal pode desencadear câncer no reto ou de intestino? 
Boato dos grandes. Nenhum estudo mostrou a existência dessa possibilidade. 

6 - Sexo anal dói muito? 
Quando se insinua uma penetração anal os músculos locais se contraem como uma forma de defesa. Haverá dor se o casal não esperar que esses relaxem. Para o relaxamento ocorrer é preciso paciência, cumplicidade, confiança e carinho. Se o desconforto for muito intenso durante a relação o ideal é procurar um especialista. 

7 - É muito difícil a mulher ter um orgasmo com sexo anal? 
Não, mas é preciso que o casal tenha um maior aprendizado em relação a essa prática sexual. Para isso, nada melhor do que conversar com o parceiro e informar, por exemplo, suas preferências em relação à posição e velocidade de penetração. 

8 - Fazer sexo anal com frequência é prejudicial à saúde? 
Se for praticado com delicadeza - e respeitando as normas de higiene e utilização de preservativo - não é prejudicial à saúde. O uso da camisinha é indispensável. 

9 - É preciso fazer uma lavagem no reto antes de praticar sexo anal? 
A higiene externa com água e sabonete é importante. Já a interna - chamada "enema" - é opcional.

10 - Sexo anal muda a atividade intestinal? 
Esse ato sexual não interfere no hábito intestinal nem nos movimentos peristálticos (que ocorrem dentro do intestino). 

Colaboraram os médicos: Otto Henrique Tôrres Chaves, chefe do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, e Celso Marzano, urologista e autor do livro sobre sexo anal "O Prazer Secreto", Editora Éden.