Em São Paulo, o casamento civil gay é realizado em todos os cartórios do estado desde março de 2013. De acordo com dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP), divulgados neste mês de março, foram realizados 701 matrimônios em todo o território paulista no ano passado, o que resulta numa média mensal de 58 cerimônias.
Em todo o Brasil, o casamento entre pessoas do mesmo sexo passou a valer em maio de 2013, numa determinação do Conselho Nacional de Justiça. Ainda não estão disponíveis dados sobre o número de uniões gays realizadas pelos cartórios brasileiros.
Esse primeiro ano de união gay legalizada representa muito para a comunidade gay, que viu essa conquista se consolidar como um direito inalienável. Mas independentemente deste aspecto histórico, o casamento tem efeitos práticos e decisivos na vida de quem decide trocar alianças oficialmente com alguém. O que muda com o ‘papel passado’?
Para responder a esta pergunta, o iGay conversou com dois casais homossexuais que vão completar em breve um ano de casamento, comemorando assim bodas de papel.
O professor Felipe Bernardo Estre, 27, e o ator Thiago Meiron, 28, trocaram alianças oficialmente no dia 22 de junho de 2013, registrando legalmente uma união de sete anos. “Foi um passo natural, a oficialização do amor”, avalia Thiago, sobre o momento marcante. “É a consequência de quem espera levar uma vida a dois. É também uma questão de afirmação politica, da conquista de direito”, complementa Felipe.
A decisão de oficializar a relação não envolveu nenhum pedido pirotécnico ou mesmo um cenário especial. Tudo ocorreu a partir de uma simples troca de e-mails. “Eu mandei um link com a matéria falando sobre a aprovação do casamento. À noite, quando nos encontramos, eu perguntei se ele tinha lido o texto. Quando ele respondeu que sim, fui logo perguntando: E aí, vamos casar?”, conta Thiago, rindo ao lembrar-se da situação. Obviamente, a resposta foi positiva.
Com o casamento, também veio a vida sob o mesmo teto. “Nós vivíamos com amigas, mas passamos a morar juntos”, relata Thiago, que assim como o marido, viu essa etapa chegar com um frio na barriga. “Logo que mudamos, havia a preocupação de nunca termos morado apenas os dois. Tinha o medo de um perder a paciência com o outro”, admite Felipe.
Mas agora, meses depois da oficialização da união, os dois percebem que os receios não se concretizaram. “É gostoso poder curtir a casa do jeito que nós queremos. Arrumar tudo, passar um bom tempo juntos”, explica Felipe, se emocionando com a própria constatação. Nem a ausência de talento do parceiro com as panelas incomoda o professor.
“Dividimos a limpeza da louça, os cuidados com as roupas e também todas as tarefas de casa. Só sobra mais para mim na hora de cozinhar. O Thi não consegue fazer nem macarrão instantâneo”, ironiza Felipe.