Yunel Escobar, jogador de beisebol do Toronto Blue Jays, causou polêmica
nos Estados Unidos ao pintar uma frase homofóbica no rosto: "tu ere
maricon". Mesmo com três jogos de suspensão, Escobar pagará cerca de US$
83 mil a um projeto que trabalha para garantir tratamento justo a
atletas, independentemente de sua orientação sexual. O jogador se
desculpou, mas entrou para uma lista pouco glamourosa de esportistas que
se envolveram em casos de homofobia. Relembre:
A terceira rodada do Campeonato Alemão foi marcada por uma campanha
social, na qual os times substituíram seus patrocínios pelos dizeres
"Geh' Deinen Weg" ("Siga o seu caminho", em alemão). Apesar dos
dirigentes focarem o discurso na integração cultural, a campanha surgiu
após polêmica entrevista anônima de um jogador da competição, assumindo a
sua homossexualidade.
O americano David Testo (à frente) defendeu importantes times da Major
League Soccer, o campeonato americano de futebol. Em outubro de 2011, ao
ser dispensado do Montreal Impact, concedeu entrevista a uma rádio do
Canadá e admitiu ser homossexual. Aos 31 anos, está sem clube, e dedica
boa parte de seu tempo a uma campanha que combate a homofobia no
esporte.
O atacante francês Djibril Cissé (de costas na foto), atualmente no
Queens Park Rangers, afirmou em determinada ocasião que não se sentia à
vontade para cumprimentar outros jogadores com beijos no rosto. Segundo
ele, tais manifestações assustam os jogadores na Inglaterra por conta do
comportamento agressivo de torcedores homofóbicos.
Em abril de 2006, a agência de notícias Pink News, considerada a maior
da Europa dedicada ao público gay, afirmou que Luiz Felipe Scolari teria
dito que sacaria um jogador de seu time se descobrisse que era
homossexual. Na época, Felipão estava cotado para ser o técnico da
seleção inglesa, o que acabou não se concretizando.
Em outubro de 2006, Rio Ferdinand (à direita) se envolveu em uma
situação complicada ao conceder entrevista a uma rádio inglesa,
justamente após seu companheiro Paul Scholes (à esquerda) ser acusado de
homofobia. Perguntado se escolheria sair com Alan Smith (então
companheiro no Manchester) ou Scholes, Ferdinand se esquivou. O
radialista insinuou que a escolha seria por Scholes, e irritou o
zagueiro. "Você é um maricas", rebateu, desculpando-se em seguida.
Filho do ex-jogador sueco Glenn Hysen (à direita na foto), Anton Hysen
seguiu os passos do pai no gramado e atua hoje em um time de divisões
inferiores da Suécia, além de trabalhar na construção civil. Após
assumir sua homossexualidade em entrevista à imprensa em 2011, fato
inédito no país até então, Anton Hysen passou a dedicar parte de seu
tempo também a um debate televisivo sobre opções sexuais.
É creditada ao ex-treinador inglês Alan Smith uma das primeiras posições
críticas à homofobia no futebol da Inglaterra. "Tive jogadores ao longo
dos anos que eram solteiros e que liam livros, por isso outros
jogadores diziam que eles eram gays. Acho que ser assumidamente gay no
futebol deve ser muito difícil. Você pode ficar bêbado e agredir sua
mulher, e isso se tornaria aceitável, mas se alguém disse 'sou gay',
seria considerado horrível. E isso é ridículo", declarou.
Um dos primeiros homossexuais do tênis foi o alemão Gottfried Von Cramm,
campeão de Roland Garros em 1934 e 1936. Conhecido como "Barão do
Tênis", Von Cramm jamais assumiu ser homossexual, mas chegou a ser preso
em março de 1938 por desempenhar "práticas homossexuais". O governo de
Adolf Hitler acusou o ídolo alemão de ter se relacionado com o ator
inglês Galician Jewish. Após oito meses preso, foi solto por bom
comportamento.
Casado e com filhos, Graeme Le Saux era constantemente questionado por
torcedores e jogadores rivais por seus hábitos extracampo. Em 27 de
fevereiro de 1999, em um duelo Chelsea x Liverpool, Le Saux estava
incumbido de uma cobrança de falta, mas o atacante Robbie Fowler
(Liverpool) começou a provocar o adversário e a incitar a torcida com
gestos caricatos, que não foram vistos pela arbitragem. Irritado, Le
Saux se recusou a cobrar a falta, e foi advertido com um cartão amarelo.
Em meio à campanha do Goiás na Copa Sul-Americana de 2009, o técnico
Hélio dos Anjos se incomodou com uma suposta crise de ciúmes no elenco
pela chegada do meia-atacante Fernandão. "Homem com ciúme é viado. Não
trabalho com homossexual, trabalho com homem", irritou-se o treinador.
Justin Fashanu se tornou o caso mais conhecido de homossexualidade no
futebol mundial, assumindo sua opção sexual no início da década de 90.
Revelado pelo Norwich City, passou por clubes como Nottingham Forest,
Manchester City, West Ham e Newcastle, aposentando-se em 1997. Acusado
de abuso sexual nos EUA em 1998, cometeu suicídio ao voltar para a
Inglaterra, tornando-se ícone mundial da causa.
O sueco Fredrik Ljungberg, ex-Arsenal, West Ham e futebol dos Estados
Unidos, era constantemente provocado por rivais por seu comportamento
extracampo, especialmente pelo gosto musical e por suas roupas. "Não me
importo, e me orgulho disso. Amo moda, e acho que os gays têm um estilo
incrível. Para mim, é um elogio", rebateu Ljungberg ao jornal The New
York Times em 2010.
Homossexual assumida, a sul-africana Eudy Simelane era jogadora de
futebol em seu país, chegando inclusive à seleção local. Quando começava
a dividir as funções de atleta com as de treinadora e de árbitra, foi
brutalmente violentada e assassinada em 2008, aos 31 anos. Ainda hoje, a
mãe de Eudy, Mally Simelane (à frente), busca justiça por sua filha,
considerada uma mártir do movimento LGBT na África.
Maior vencedora de torneios de Grand Slam da história do tênis, a
australiana Margaret Court se converteu ao cristianismo evangélico em
1972 e hoje atua como pastora em uma instituição fundada por ela em
1990, na cidade de Perth. Em 2012, Court se posicionou contra o direito à
união civil de casais homossexuais, a qual ela classificou como
"antinatural e não saudável".
Em julho de 2012, durante a Olimpíada de Londres, a goleira Mayssa, da
Seleção Brasileira feminina de handebol, assumiu ser bissexual.
Convocada na vaga da favorita Babi, Mayssa evitou polemizar sobre o
assunto na competição e ajudou o Brasil a chegar nas quartas de final,
mostrando bom desempenho.
Em confronto diante do Sada/Cruzeiro pela Superliga masculina de vôlei
2010/2011, o meio de rede Michael, do Vôlei Futuro, foi ofendido por uma
multidão presente ao Ginásio do Mineirinho, que o chamava repetidamente
de "bicha". Diante do mal-estar causado pelos torcedores, os próprios
jogadores do Cruzeiro manifestaram apoio ao jogador e protestaram contra
o preconceito.
Em 2006, após um jogo do Levski Sofia pela Copa da Uefa, o árbitro Mike
Riley registrou cânticos racistas na torcida do time búlgaro. Irritado, o
presidente do Levski, Todor Batkov, protestou contra Riley e chamou o
juiz de "bicha inglesa".
Durante o período em que atuaram juntos pelo Barcelona, em 2009, Gerard
Piqué (no chão) e Zlatan Ibrahimovic foram fotografados de mãos dadas no
estacionamento do clube catalão, o que gerou suspeitas e provocações. O
zagueiro rapidamente engatou um romance com a cantora Shakira, enquanto
o sueco mudou de clube - no entanto, em 2011, foi mais uma vez
fotografado em gestos de carinho polêmicos com Antonio Cassano em treino
do Milan.
A tenista americana Renee Richards se tornou nome comentado na década de
70, mesmo sem conquistar títulos de expressão. A jogadora ficou famosa
por ser a única transexual da história do tênis. Nascida Richard Raskind
em 1934, Renee assumiu o novo nome em 1975, após uma operação de
mudança de sexo na Europa. Ícone na luta pelos direitos dos transexuais,
conseguiu na justiça o direito de disputar o Aberto dos Estados Unidos
de 1976.
Mesmo durante o tempo em que foi noivo de Letícia Carlos, o volante
Richarlyson sempre foi perseguido por torcedores. Em 2007, quando jogava
no São Paulo, chegou a registrar queixa-crime contra José Cyrillo Jr.,
diretor administrativo do Palmeiras da ocasião. Motivo: Cyrillo insinuou
não ter contratado o rival por ser gay. Pior: o juiz responsável pelo
caso, Manoel Maximiano Junqueira Filho, arquivou o protesto por alegar
que o futebol é um "jogo viril, varonil, não homossexual".
Olivier Rouyer (à direita) jogou em diversos clubes da França entre 1973
e 1990, chegando à seleção francesa entre 1976 e 1981. Após encerrar a
carreira nos gramados, admitiu ser homossexual. Na década de 90, chegou a
trabalhar como treinador, destacando-se no Nancy entre 1991 e 1994.
Atualmente, está afastado.
Jogando pelo Portsmouth, Sol Campbell jamais manifestou qualquer
preferência homossexual, mas virou centro de polêmica na Inglaterra em
um jogo contra o Tottenham em 2009 - sem motivo aparente, a torcida
londrina começou a cantar, questionando sua opção sexual. O próprio
irmão de Sol, provocado por um colega de escola, se envolveu em uma
briga e acabou preso por defender o zagueiro.