sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Premiada por documentário sobre lesbianidade em Macau, diretora fala sobre sexualidade e direitos



Publicado por Ponto Final
 
Tracy Choi foi a grande vencedora do Macau Indies do ano passado. O documentário “Aqui Estou” abordou um tema inédito na competição: a homossexualidade feminina em Macau. Além do valor social, o trabalho de Choi engloba também uma faceta intimista – a jovem virou a narrativa para si, recolhendo depoimentos da sua mãe e imagens de infância com o seu pai. Oito meses depois da distinção, Choi olha para o cenário LGBT em Macau. A maioria dos resultados do inquérito do Grupo de Respeito pelos Direitos LGBT não a surpreende.
 
Inês Santinhos Gonçalves
 
- Antes de mais, como têm sido as reacções ao documentário? No final da primeira exibição em Macau foi logo abordada por pessoas na audiência. Isso voltou a acontecer?
 
Tracey Choi – O documentário voltou a ser exibido em Hong Kong e em Taiwan e depois disso participou o Festival Gay e Lésbico de Hong Kong. Em Taiwan não estive presente mas em Hong Kong foi bastante bem recebido, perguntaram-me pela situação de Macau. Na altura não havia nenhuma associação ou grupo pró-LGBT e falei disso. Em Macau, numa das projecções, membros do público vieram falar comigo, disseram que gostaram do filme mas que ainda não se estava a fazer o suficiente pelos LGBT de Macau.
 
- O resultado mais evidente do inquérito realizado Grupo de Respeito pelos Direitos LGBT prende-se com o receio que esta comunidade tem de não ser aceite pela família. O seu documentário centra-se muito nessa questão, dá voz à sua mãe e à mãe de outras jovens lésbicas, e é dedicado ao seu pai. Como foi a reacção dele?
 
T.C. – Apesar de se ter falado bastante do documentário, nos jornais e na televisão, ele não mudou muito. Não quer falar directamente do assunto, mas julgo que está agora mais aberto à questão. No sábado deu uma entrevista minha na televisão, sobre o documentário, e passaram várias imagens. Alguns dos amigos do meu pai viram e ligaram-lhe. Acho que ficou um pouco incomodado.
 
- Os amigos tiveram uma reacção boa ou má?
 
T.C. – Não sei, não lhe perguntei. Ele só me disse que os amigos lhe tinham ligado porque o tinham visto na televisão. Na verdade eu não sabia que iam mostrar essa parte do documentário, que é a final, onde ele aparece. A minha mãe disse-lhe para não se preocupar.
 
- Mas sente que, com o passar do tempo, o seu pai está mais confortável com a ideia de ter uma filha homossexual?
 
T.C. – Sim, sim.
 
- Este receio que a maioria dos inquiridos releva de se assumir à família é justificado?
 
T.C. – Pertencemos a gerações diferentes e acho que temos de dar tempo à aceitação. A maioria das famílias é tradicional neste assunto. Tenho um amigo que nunca se assumiu aos pais, desde o liceu até agora nunca falou com a família. Ele acha que a família sabe, mas que não querem falar sobre isso.
 
- O inquérito revelou também que 20 por cento já ponderou cometer suicídio. É um dado que a surpreende?
 
T.C. – Estou um pouco surpreendida, sim. Nenhum dos meus amigos alguma vez me falou disso.
 
- Dezasseis por cento dos inquiridos confessaram recear perder o emprego se revelarem a sua orientação sexual e seis por cento dizem já terem sido despedidos por esse motivo. Acha que em Macau existe realmente a necessidade de ocultar essa informação em contexto laboral?
 
T.C. – Sim, principalmente para algumas profissões, como é o caso dos professores. Acho que as pessoas não aceitam um professor gay. Os pais das crianças vão dizer que um professor gay vai afectar os seus filhos. Um amigo meu, gay, é professor e diz-me que não quer que os pais dos alunos e os seus colegas saibam, isso deixa-o muito desconfortável.
 
- Deveria existir legislação contra a descriminação com base na orientação sexual para combater este tipo de problema?
 
T.C. – Sim, sem dúvida, acho muito necessário. Mas não sei quando é que isso vai acontecer, não há ninguém [da esfera política] a dizer que isso se deve passar.
 
- Viveu em Taiwan quatro anos. Achou o ambiente, em termos de diversidade sexual, muito diferente?
 
T.C. – Sim. Acho que Taipé até foi considerada a cidade mais pró-gay da Ásia. É totalmente diferente. A maioria das pessoas não tem medo de assumir a sua sexualidade, há muitos bares gay e essas coisas.
 
- Foi difícil voltar a Macau?
 
T.C. – Para mim não há grande problema, a minha família sabe que sou gay e os meus amigos também. Não tenho nada a esconder e por isso não tenho problemas. Mas quando as pessoas têm de o esconder, pode ser difícil fazê-lo aqui.
 
- Alguns participantes no estudo falaram também da pressão para casarem. A sociedade de Macau ainda coloca muito ênfase no casamento?
 
T.C. – Acho que sim. A partir de certa idade os pais começam a perguntar “porque é que não casas?”.
 
- Acha que Macau vai legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo?
 
T.C. – Acho que ainda nos falta percorrer um longo, longo caminho. Não deve ser para breve.
 
- Porque é que parece haver uma maior visibilidade pública dos homens homossexuais do que das mulheres?
 
T.C. – Já me disseram que é difícil chegar às lésbicas e até já me vieram perguntar se há algum site ou grupo de lésbicas de Macau, mas na verdade não sei. Não sei porque é que é assim. Os homens, não só em Macau mas também em Hong Kong, parecem estar mais ligados uns aos outros como comunidade. As lésbicas estão mais dispersas.
 

Governo francês está obstinado em aprovar casamento gay



Publicado pelo RFI Portugal
 
A disposição firme do presidente François Hollande em levar adiante o projeto do casamento gay e a expectativa sobre o comportamento dos consumidores neste início da famosa liquidação geral no comércio parisiense após as festas de final de ano foram os temas que dominaram as manchetes da imprensa francesa na quarta-feira. O Le Figaro afirma em sua manchete principal que o presidente François Hollande está obstinado em levar adiante o projeto de autorizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo na França. A foto que ilustra a capa é de Hollande no Palácio do Eliseu diante de um grupo formado pelos representantes das Igrejas Católica e Ortodoxa, do Islamismo e do Judaísmo durante a tradicional cerimônia de votos de Feliz Ano Novo para a comunidade religiosa.

O casamento gay não foi discutido diretamente no encontro, mas segundo o Le Figaro, François Hollande fez alusão ao polêmico projeto ao dizer que se trata apenas de legalizar uma união civil. Com o mesmo destaque, o jornal informa que é crescente a mobilização para a grande manifestação marcada neste domingo contra o casamento gay na França. Segundo o Le Figaro, a polícia se prepara para uma passeata gigantesca.
 

Secretária Nacional de Justiça rejeita crimes homofóbicos e provoca ira de militantes gays



Publicado pelo Lado A
 
O recém criado Comitê de Enfrentamento à Homofobia de Alagoas pediu esta semana ao Ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, que a Secretária Nacional de Justiça, Regina Miki, se retrate publicamente em razão de uma declaração que deu em Dezembro para um telejornal de Maceió. Na entrevista, ela diz que os crimes homofóbicos, ao serem averiguados, apresentam uma motivação diferente por muitas vezes, e que a homofobia não foi o motivo do crime, desdenhando os dados apresentados pelo movimento gay.
 
Regina, que já era pessoa non grata do movimento desde que em 2010 fechou o grupo de trabalho de Segurança Pública para LGBTs no ministério, também é acusada pelo movimento de não cumprir as decisões da Conferência Nacional LGBT. Militantes das Alagoas a acusam ainda de se negar a entregar ao Governador Teotonio Vilela um termo de cooperação técnica assinado pelo Ministro da Justiça e Secretaria de Direitos Humanos, sobre o tema da segurança pública para LGBTs. Ela afirmou ainda na entrevista que o plano de segurança da gestão atual é amplo e não específico para cada orientação sexual.
 
"Trabalhamos para todos, sem distinções. Acho muito mais importante estudar a motivação do crime antes de classificá-lo como fruto de homofobia, pois muitas vezes, após investigarmos as motivações dos crimes cometidos contra homossexuais, descobrimos que não era por homofobia, mas por outros motivos" afirmou a secretária para o Jornal da Pajuçara Manhã, do dia 28, quando lançava o programa Brasil Mais Seguro na cidade.
 
“Ela fechou o GT nacional de segurança Pública. E agora declara que não existem crimes homofóbicos no Brasil. Somos Lixo social para o Brasil mais seguro?”, questionou um ativista gay importante em uma lista nacional de discussão. “Os dados não podem ser ignorados", indignou-se o militante Marcelo Cerqueira, de Maceió.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Ativistas pedem que jogadores gays de rugby da Nova Zelândia assumam homossexualidade



Publicado pelo G1
Com informações da EFE
Dica de Augusto Martins
 
Vários defensores e ativistas dos direitos dos homossexuais na Nova Zelândia pediram aos jogadores da equipe de rugby All Black que declarem abertamente sua homossexualidade sem medo de exclusão social, destacou no domingo a imprensa local.
 
Um famoso apresentador da televisão neozelandesa que reiterou publicamente sua orientação sexual, Steve Gray, declarou que vários jogadores do time nacional de rugby são homossexuais.

'Posso garantir que há gays entre os All Blacks porque eu dormi com um deles', declarou Gray, segundo o jornal 'Stuff'.
 
Os comentários vieram na onda da publicação da capa da revista britânica 'Attitude', destinada ao público gay, onde aparece o jogador Matt Jarvis, casado com uma mulher há anos, dizendo que é hora de os esportistas homossexuais ficarem à vontade e de se lutar contra a homofobia.
 
 
'Há muitos jogadores que são gays, mas declarar sua homossexualidade é outra história. Tenho certeza de que pensaram nisso muitas vezes, mas é algo difícil de fazer', analisou Jarvis, atual jogador do time londrino do West Ham United.
 
Tony Simpson, diretor do grupo 'Rainbow Wellington' que luta pelos direitos dos homossexuais na Nova Zelândia, declarou seu apoio aos membros, atuais e antigos, da seleção neozelandesa de rugby que quiserem 'sair do armário'.
 
'Se um dos membros dos All Black afirmar sua homossexualidade, acho que as pessoas se perguntarão, 'bem, o que isso tem a ver com o jeito de jogar rugby?' (...) a maioria das pessoas entenderá', opinou Simpson.
 
O ex-jogador dos All Black Craig Innes também mostrou seu apoio e sua 'admiração' pelos membros da equipe que quiserem afirmar sua orientação sexual em público. 'Se alguém quiser assumir, tenho certeza de que terá um grande apoio (...). Se tornaria um modelo para a jovem comunidade gay', afirmou o ex-centro do All Black. Em agosto passado, o Parlamento da Nova Zelândia respaldou com grande maioria a aprovação da uma lei sobre o casamento homossexual.
 
 
As pesquisas de opinião feitas nos últimos meses apontam que cerca de 70% dos neozelandeses, país povoado por cerca de 4,5 milhões de pessoas, são a favor da aprovação do casamento homossexual.
 
Até agora, o casamento homossexual foi legalizado em 12 países, entre eles Argentina, Portugal, Espanha, Bélgica, África do Sul, Holanda, Canadá, Noruega e Suécia.

Filme com Michael Douglas e Matt Damon é rejeitado por Hollywood por ser "gay demais"


 
Publicado pelo A Capa
 
Trata-se do filme "Behind the Candelabra", que vai trazer Michael Douglas no papel do pianista gay Liberace e Matt Damon interpretando seu namorado, Scott Thorson.
 
O filme, que tem direção de Steven Soderbergh, de "Magic Mike", "Erin Brockovich" e "Contágio", foi comprado pela HBO e será exibido apenas na televisão.
 
O longa não vai chegar aos cinemas porque os executivos de Hollywood acharam a história gay demais. Quem conta é o próprio diretor.
 
"Nenhum estúdio quis o filme. Nós procuramos todos da cidade. Eles disseram que é gay demais. Todos falaram isso. E isso depois de 'Brokeback Mountain'. Eu fiquei desnorteado. Não faz sentido nenhum para nenhum de nós", disse Steven.
 
O filme vai contar a conturbada relação amorosa do casal. O pianista era sexualmente promíscuo e Thorson um drogado convicto. Liberace morreu aos 68 anos, depois que contraiu o vírus da AIDS. Após a sua morte, o namorado escreveu um livro sobre o relacionamento dos dois, no qual se baseia o roteiro do longa.
 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Meia inglês posa em revista gay e diz: assumir ajudaria a jogar melhor




Visto no Terra 

Casado e heterossexual, o meia Matt Jarvis estampa, com uma bola nos braços e o peito nu, a capa da revista dedicada ao público gay Attitude, a maior do gênero no Reino Unido. O meia do West Ham, 26 anos, defende a tese de que assumir a homossexualidade poderia ajudar um atleta a jogar futebol melhor.

Segundo Jarvis, o assunto é da “vida de cada um” e não algo que deva ser tratado como um “choque”. O meia diz que “há muitos jogadores de futebol que são gays, mas quando eles decidem assumir, é uma história diferente”. Ele aponta ainda ter certeza de que esses atletas já pensaram no tema “muitas vezes”, porém define a atitude como “difícil” de ser tomada.

De acordo com o jogador que já foi convocado para a seleção inglesa em 2011, assumir-se gay deveria melhorar o desempenho do atleta no campo. O motivo é que “você sempre tem algo sobre o que está preocupado em sua cabeça e, se você deixar isso ir embora, então pode se concentrar em somente um objetivo”.

Segundo publica o jornal britânico Daily Mail, um dos primeiros casos famosos de jogador de futebol que se disse homossexual tem como protagonista Justin Fashanu. Na época, o ex-atacante inglês viu muitos colegas reagirem mal quanto ao assunto. Ele se suicidou em 1998, aos 37 anos.

Jarvis acredita, no entanto, que o atleta moderno teria outra reação e que a comunidade do esporte apoiaria caso houvesse uma nova declaração nesse sentido. O meia foi o terceiro jogador de futebol a posar na capa da Attitude, depois do inglês David Beckham e do sueco Fredrik Ljungberg.

Editor da revista, Matthew Todd afirma que a homofobia existe nesse esporte. Ele define como “ridículo” o fato de não haver gays assumidos no futebol profissional e argumenta que, embora ultimamente tenha ocorrido uma campanha muito forte contra o racismo na modalidade, “parece não haver muito esforço para derrubar a homofobia”.

domingo, 6 de janeiro de 2013

"Mãe narra como é ter um filho gay" Por Marise Felix




Por Marise Felix da Silva para a Revista Lado A

Descobrir que uma filha ou filho é homossexual, é como engolir uma pedra, pesa no estômago e se espalha por todo o corpo.  A primeira pergunta é: por quê? Por que isso esta acontecendo com minha filha ou filho? Por que isso está acontecendo comigo? O que a minha família vai dizer? E a gente se sente mais culpada ainda, pois estamos sendo egoístas – 'comigo' é o pensamento.
 
Esquecemos a personagem principal: a filha ou filho que sempre esteve ao nosso lado se mostra, agora, diferente – ela ou ele é homossexual. Mas pare aqui! O que é ser homossexual? A primeira coisa que nos vem à cabeça é que 'elas e eles' são errados, estão na contra mão do que EU SEI que é certo, afinal, meus outros filhos não são homossexuais então, essa  ou esse jovem não deveria se-lo também.
 
Ser homossexual assumido implica em se expor para a sociedade, e logo vem o pensamento: tenho que proteger minha ou meu rebento, tenho que protegê-la/o da família, tenho também que me proteger. E começamos um novo caminho de descobertas de um  mundo paralelo. Sim, paralelo, pois estava ao nosso lado desde sempre mas a gente não viu, não nos interessava. E agora que interessa não sabemos por onde começar, mas de alguma forma começamos e encontramos outros iguais nessa busca.
 
De repente, a vida fica diferente, a gente começa a perceber coisas –sons, cores, pessoas- que nunca tínhamos reparado antes. O que? O mundo mudou? Não, nós mudamos,  e nossa forma de ver o mundo muda com a gente.

Tem a fábula do rei que vai escolher seu conselheiro e põe no centro da sala um rico vaso e diz: Esse é o problema que vocês vão resolver. Todos circulam o vaso e pensam e pensam... até que o mais novo e mais desacreditado dos candidatos  vai lá e quebra o vaso em mil caquinhos. Pronto, foi o escolhido, pois o problema não existia mais. Nossos jovens ao se assumirem homossexuais muito cedo estão resolvendo um problema, pois viver se escondendo é abrir portas pra violência que a sociedade infringe  a cada um em situação marginal pois sua própria família o rejeita. Ao 'quebrar o vaso' e dizer eu sou homossexual o nosso jovem esta sendo muito corajoso, esta dizendo que tem mil e uma qualidades e que é também homossexual, vai fazer dos caquinhos do vaso um lindo caleidoscópio para enfeitar sua vida.
 
Nessa caminhada desde que se engole a pedra passando pela  quebra do vaso  e fazendo um caleidoscópio, muita coisa muda na nossa vida, se nos permitirmos sermos humanos além de pais, perceberemos que somos feitos do mesmo material que nossos filhos, que também tínhamos um vaso chamado preconceito e, ao quebrá-lo, nos tornamos melhores pessoas. Ao usarmos o caleidoscópio da vida haverá dias de imagens ruins mas na maioria da vezes as formas e cores formadas por essa nova composição de vida será sim muito mais prazerosa.

Eu sou a Marise tenho três filhos e um neto, um de meus filhos não é hetero, qual? Não importa,  essa é a minha família e nós nos amamos e somos unidos e felizes, não é essa afinal a grande meta a ser atingida em todas as sociedades?