sábado, 29 de dezembro de 2012

"Bancadas religiosas: Quando o pior é possível!" Por Julio Marinho


Por Julio Marinho para o site NOSSOS TONS

O casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma questão de direitos humanos e direitos civis, ponto. Ou somos todos iguais ou não somos. Entretanto, as bancadas religiosas do Congresso nacional fazem todo o possível para nos fazer acreditar que existe um "meio-termo" de igualdade. Assim, essa horda de desqualificados políticos e pseudo-detentores da moral e dos bons costumes alheios, continua sua saga obscurantista e fundamentalista, já que, a única coisa que pretendem é obrigar toda a sociedade a viver segundo seus dogmas, crenças e regras. Aliás, regras essas que eles mesmos não seguem. Mas isso nem chega a ser uma novidade, afinal de contas, fundamentalistas têm horror às diferenças, temem a liberdade e parecem não compreender o mundo lá fora.

A imposição de uma fé como oficial e a consequente exclusão das outras (inclusive com perseguições declaradas) deixou seu rastro perverso no passado. No presente, muitos conflitos continuam sendo alimentados a partir de convicções ou sob a justificativa de crença. Mas, um Estado Democrático de Direito não pode permitir que se perpetue em seu seio uma voz exclusiva da moral de qualquer religião, pelo menos não em um país que se diz LAICO.


Então como explicar a luta ferrenha e constante desses setores religiosos na negação dos direitos civis (principalmente o casamento igualitário) dos cidadãos LGBT's? Não vemos tanto empenho em questões como o trabalho escravo, o trabalho infantil, a exploração sexual de crianças e adolescentes, a falta de infraestrutura na educação e saúde, a falta de saneamento básico em TODOS os Municípios brasileiros, o caos do transporte público etc. A sensação que fica é de que, a única coisa importante para a trupe dos farsantes da fé, é se certificar de que os homossexuais jamais conquistem o direito ao casamento civil e, consequentemente, tenham assegurados os seus direitos como qualquer outro cidadão. Aliás, esses cidadãos, que veem diariamente seus direitos sendo vilipendiados, pagam seus impostos e, já que têm os mesmos deveres, deveriam, teoricamente, gozar dos mesmos direitos.

O discurso implícito é algo como: o mundo tal como existe, normal e regular, é um mundo de homens e mulheres heterossexuais, pontilhado por alguns que não o são, e em relação aos quais se deve promover um arremedo de "aceitação" e "tolerância", ou seja: aceitamos e toleramos que existam, qualquer coisa a partir dai já se constituí em um "privilégio". Tudo isso acontece sob o olhar pachorrento e complacente do Estado. Uma interiorizada e inconsciente(?) miopia típica de quem, mesmo sendo "laico", se situa, afinal de contas, na heteronormatividade. E por quê? Por causa da pressão do lobby católico/evangélico versão fundamentalista?

Já vimos esse filme antes e sabemos muito bem qual é o trágico final. Num passado, não muito remoto, essas religiões impuseram um estado de terror e perseguição que agora se repete. A diferença fica apenas por conta dos personagens. Se antes também perseguiam índios, negros, mulheres e infiéis, agora o foco são os LGBT's. Exemplos é que não nos faltam. 

O documento oficial "Dum Diversas" (publicado em 18 de Junho de 1452 pelo Papa Nicolau V), é um belo exemplo de como os religiosos "amavam" seus semelhantes. "[...] nós lhe concedemos, por estes documentos, com nossa Autoridade Apostólica, plena e livre permissão de invadir, buscar, capturar e subjugar os sarracenos e pagãos e quaisquer outros incrédulos e inimigos de Cristo, onde quer que estejam, como também seus reinos, ducados, condados, principados e outras propriedades [...] e reduzir suas pessoas à perpétua escravidão [...]."

Lembrem-se que essas declarações pareciam bem razoáveis na época e, mesmo que a igreja tenha vindo a público pedir desculpas por essas barbaridades, hoje o Papa Bento XVI é capaz de dizer, sem o menor constrangimento, que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é capaz de ameaçar a paz mundial. "[...] as tentativas de casamento entre um homem e uma mulher [...] juridicamente equivalentes a formas radicalmente diferentes de união, são um atentado contra a verdade da pessoa humana e uma ferida grave infligida à justiça e à paz. [...] O casamento deve ser protegido e reconhecido como uma união entre um homem e uma mulher", considerando que os casamentos homossexuais "prejudicam" e "contribuem para a sua desestabilização [do casamento heterossexual] obscurecendo o seu caráter especial e o seu papel social insubstituível". Essas declarações, provavelmente, serão alvo de um novo pedido de desculpas no futuro. Repetindo assim o que já fizeram em relação aos julgamentos sumários, às conversões forçadas e às fogueiras nas quais eram queimados os acusados de heresia,  pelos abusos sexuais cometidos por padres pedófilos, pelos abusos cometidos contra os índios durante o período colonial, pela escravidão dos povos afro-descendentes (negros) que aqui sofreram massacre e desrespeito às suas culturas, pela campanha de depreciação contra o povo judeu e, de certa forma, pelo papel ambíguo da Santa Sé durante a perseguição nazista aos judeushomossexuais, negrosciganos, doentes mentais, deficientes motores, comunistas etc., na II Guerra Mundial, só para citar alguns exemplos.


E por falar em nazismo, aqui temos um ótimo exemplo de até que ponto pode chegar o fanatismo  religioso. Esse trecho, retirado do Discurso no Reichstag, 1936, de Adolf Hitler, é bem revelador: "Por isso, estou convencido de que estou agindo como o agente do nosso Criador. Lutando contra os judeus, eu estou fazendo o trabalho do Senhor. [...] Eu acredito, hoje, que estou agindo em harmonia com o todo poderoso Criador. Exterminando os judeus, estou lutando pelo trabalho do Senhor". As palavras de Adolf Hitler ficaram gravadas na história. Ele fez o que fez porque acreditava que a fé era mais forte do que a razão, acreditava que a aceitação cega de um crença ou dogma tinha mais valor do que uma investigação baseada na razão e na lógica. Exatamente como ainda fazem hoje, outros fanáticos religiosos.

"Os caras na Parada Gay ridicularizaram símbolos da Igreja Católica e ninguém fala nada. É pra Igreja Católica 'entrar de pau' em cima desses caras, sabe? 'Baixar o porrete' em cima pra esses caras aprender (sic). É uma vergonha". (Pastor silas malafaia)

Já imaginou uma bancada cristã publicando algo assim? Pois o que pretendem fazer hoje é exatamente o mesmo que já fizeram no passado, ou seja, a imposição de seus dogmas e crenças. Levando-se em conta, é claro, a ótica da perseguição e o controle perverso das liberdades, existem muitas semelhanças entre o que era dito no passado, e o que dizem hoje nossos congressistas.

"Todos os dias da minha vida pregarei o que diz a Palavra, que a prática do ato íntimo entre dois homens ou duas mulheres é e continuará sendo pecado e ponto. Não discuto o que é pregado no púlpito fora do momento da pregação". "Me apavora chegar em Brasília toda terça-feira [...] e saber como o diabo está infiltrado no governo brasileiro. E não é só no governo brasileiro, é no governo do mundo. Satanás tem levantado homens e mulheres e a Igreja não tem se atinado a isso [...] satanás levantou seu ativismo neste país. Senhoras e senhores, existe um ativismo de satanás contra a santidade da família brasileira [...] Eu fui prestar agora um serviço à nação brasileira, levantei um plebiscito e precisava do apoiamento de 1/3 da casa [...] Queremos saber se a nação brasileira aprova a união de dois homens e de duas mulheres que estão aí à torto e a direito difamando aquilo que é sagrado e santo. Imaginem vocês -  a causa é boa, sim ou não?". "A AIDS é uma doença gay. A AIDS é uma doença que veio desse povo, mas se você falar, vai colocar eles numa situação constrangedora não vão conseguir verba". "Vamos agarrar o diabo pelos chifres e esfregar a cara dele no chão. É hora de se levantar". (Marcos Feliciano, pastor e deputado federal)

"Estou me lixando para esse pessoal aí [do movimento gay]. O que esse pessoal tem a oferecer para a sociedade? Casamento gay? Adoção de filhos? Dizer para vocês que são jovens que, no dia em que vocês tiverem um filho, se for gay, é legal e vai ser o 'uhuhu' da família? Esse pessoal não tem nada a oferecer". (Deputado federal Jair Bolsonaro)

"Não sou preconceituosa e não discrimino. Só que eu tenho que ter o direito de não querer um homossexual como meu empregado, eventualmente". "Digamos que eu tenha duas meninas em casa e a minha babá é lésbica. Se a minha orientação sexual for contrária e eu quiser demiti-la, eu não posso". (Deputada estadual Myrian Rios)

"o projeto é um protesto contra os privilégios dados aos gays" (Vereador Carlos Apolinário ao aprovar a criação do Dia do Orgulho Heterossexual).

Enfim, a pergunta que fica é: Como o reconhecimento legal de um relacionamento amoroso de uma pessoa, que está comprometida com um parceiro do mesmo sexo, pode, de alguma forma, diminuir, comprometer ou ameaçar o casamento de outras pessoas de sexo diferente?

Conheça os famosos que assumiram sua homossexualidade publicamente em 2012!

 
Por Élio Farias
Equipe Homorrealidade

Fim de ano é tempo que rever o que passou e planejar o futuro. Já seguindo a tradição do Homorrealidade, trazemos uma retrospectiva de alguns famosos (e nem tão famosos) que foram destaque da mídia nacional e internacional por assumirem sua homossexualidade ou transexualidade publicamente. Que a lista valha de incentivo para os futuros sinceros de 2013. Que todos tenham um ano verdadeiramente novo!!! Vamos à lista:

Kristy McNichol (atriz americana)


Há alguns anos longe do grande público, a atriz Kristy McNichol (50 anos) assumiu ser lésbica no dia 07 de janeiro. Estrela do seriado “Família”, produzido de 1976 a 1980, e de filmes adolescentes como o musical “Romance Pirata”, a atriz fez a declaração por meio de seu representante. "Ela espera que ao sair do armário consiga ajudar jovens homossexuais que precisam de apoio. Ela está muito feliz e saudável e vive tranquila sua vida reservada", disse a nota. Kristie mora há dois anos com sua parceira, Martie Allen.

Azealia Banks (rapper americana)


Em entrevista ao "New York Times", a rapper Azealia Banks, assumiu ter atração por mulheres, mas não demonstrou gostar de rótulos. "Eu não vou ser aquela rapper bissexual ou lésbica. Eu não vivo pelos padrões das outras pessoas", ponderou. Na época, Banks ainda era considerara apenas uma promessa no rap americano, integrando uma lista produzida pela BBC.
 
Matt Bomer (ator americano)
 
 
No dia 10 de fevereiro, Matt Bomer (35 anos), ator da série "White Collar", assumiu sua homosexualidade durante o evento Steve Chase Humanitarian Awards. Ao receber um dos prêmios, o ator agradeceu ao seu parceiro e aos seus filhos. "Eu gostaria de agradecer a minha linda família: Simon, Kit, Walker, Henry. Obrigada por me ensinarem o que é amor incondicional. Vocês sempre serão o elogio do qual mais me orgulho", afirmou.
 
Matt Cecchin (árbitro de Rugby australiano)
 
 
Depois de ler uma biografia sobre jogador homossexual Ian Roberts, o árbitro de Rugby de 13, Matt Cecchin (38 anos), também resolveu revelar que é gay. A afirmação foi publicada no Sunday Telegraph em fevereiro. Cecchin disse que nunca foi vítima de discriminação e queria encorajar os jovens gays. "A minha experiência é que eles não precisam ter medo. As pessoas estão bem com isto hoje em dia", declarou.
 
Paul Babeu (Xerife americano)
 
 
No dia 18 de fevereiro, os eleitores do pré-candidato à presidência dos EUA, Mitt Romney, foram surpresos. Paul Babeu (43 anos), xerife responsável pela campanha do republicano, assumiu sua homossexualidade e renunciou à campanha de Romney. Tudo aconteceu logo após Babeu ser acusado pelo jornal Phoenix New Times de manter uma relação homossexual com um imigrante mexicano. "Estou aqui para dizer que todas as acusações apresentadas por esse jornal são falsas, exceto ao se referir a mim como gay", afirmou.

Omar Sharif Jr (ator egípcio)


Neto da lenda do cinema egípcio, o ator Omar Sharif Jr (25 anos) assumiu sua homossexualidade em março num artigo publicado na revista “The Advocate”. “Hesitantemente confesso: sou egípcio, sou meio-judeu e sou gay”, redigiu Sharif, que é garoto propaganda da Calvin Klein. “Escrevo este texto com medo [...]. Meus pais vão ficar chocados ao ler, certamente preferindo manter silêncio”.Sobre a situação das minorias, principalmente dos gays, no Egito, Sharif escreveu, na “Advocate”, que: “Ser abertamente gay sempre significou procurar problemas, mas talvez especialmente durante essa época de levante político e social”.
 
Matheus Mazzafera (Stylist brasileiro)
 
 
Foi para a revista “Quem”, no mês de abril, que o apresentador e stylist brasileiro Matheus Mazzafera fez questão de reforçar sua orientação sexual. "Estou aqui hoje, aos 30 anos, para provar que batalhei muito e dizer: 'Sou gay, sou feliz e estou vivo'.". Matheus também relembrou a difícil trajetória “O Padre, na sala de aula, falava que eu era delicado. (...) Em casa, meus pais eram muito católicos e fui muito reprimido, minha mãe achava que eu era assim por causa da convivência com minhas primas e me proibiu de vê-las”, lembrou.
 
Raquel Pacheco (Escritora brasileira, ex-prostituta)
 
 
Famosa pelo pseudônimo de Bruna Surfistinha, a ex-garota de programa Raquel Pacheco (28 anos) fez declarações quentes ao MTV Sem Vergonha veiculado no dia 16 de abril. Raquel revelou qual era seu tipo de freguês favorito quando fazia programas. "Melhor cliente pra mim era aquele que levava a mulher junto. Eu sou bissexual. Daí eu gostava, dava aquela variada, saia da rotina", revelou.
 
Cristiano Carnevale (dublador brasileiro e ex-BBB)
 
 
Em conversa publicada em abril no site Pheeno, o dublador de desenhos animados Cristiano Carnevale, que ficou conhecido ao participar da quarta edição do Big Brother Brasil, resolveu confessar sua homossexualidade. Com visual totalmente diferente do adotado na época do reality, Cristiano mostrou seu desejo de voltar ao programa em 2013. “Não levantei nenhuma bandeira porque minha mãe era viva. Então, no BBB 13, eu, voltando pra casa, vou poder ficar bem à vontade, mostrar o corpitcho e defender a galera”, disse.
 
Wong Yiu Ming (cantor chinês)
 
 
No dia 26 de abril, o cantor e produtor Anthony Wong Yiu Ming (49 anos), que integrava a banda “Tat Ming Pair”, famosa em Hong Kong, saiu do armário durante os concertos em comemoração aos 25 anos da antiga banda. Já corriam dúvidas sobre a sexualidade do cantor, mas ele deixou tudo em pratos limpos durante o show. "Eu sou homossexual, eu sou gay, GAY", declarou Wong.
 
Tom Gabel (cantor americano)
 
 
Em maio, o vocalista da banda punk “Against Me!” revelou à Rolling Stone EUA que é transexual e que passaria a viver como mulher. Já adotando o nome de Laura Jane Grace, afirmou que vai manter o casamento com a esposa atual, Heather. “Para mim, a coisa mais aterrorizante disso tudo era como ela iria aceitar a notícia. Mas ela tem sido super extraordinária e compreensiva”, afirmou.
 
Jessica Aguilar (lutadora de MMA americana)
 
 
Uma das musas do MMA feminino, a lutadora Jessica Aguilar (30 anos) revelou sua bissexualidade em entrevista à revista Sports Illustrated de maio. A afirmação, segundo ela, foi parte de um processo para que se sentisse mais à vontade. Segundo a atleta do Bellator, a maior dificuldade foi contar para sua mãe. “Quando contei, a reação dela foi perguntar onde eu tinha visto ou aprendido aquilo. Respondi que isso não se aprendia, apenas se sentia”, relembrou.
 
Jim Parsons (ator americano)
 
 
Conhecido pelo papel de Sheldon Cooper no seriado "The Big Bang Theory, o ator Jim Parsons (39 anos) resolveu sair oficialmente do armário em entrevista ao "New York Times" em maio. "Parsons é gay e está em um relacionamento de 10 anos", afirma o texto do jornal. A reportagem não informa quem é o namorado do ator, mas acredita-se que seja o diretor de arte Todd Spiewak, a quem ele agradeceu em discurso no Emmy de 2010.
 
Andrew Rannells (ator americano)
 
 
Ganhador do Grammy e estrela da série Girls, o ator Andrew Rannells (36 anos) confirmou sua homossexualidade à imprensa em junho. A confissão aconteceu durante um bate-papo para a revista Vulture. O curioso é que Andrews interpretava na ficção um homem que devasta a vida da namorada ao revelar que é homossexual. "Eu sou gay na vida real, então eu definitivamente entendo. Mas a minha história foi diferente. Eu não fiquei dentro do armário por tempo nenhum. Nunca tive uma namorada com que tive esta experiência...", contou.
 
Pepê e Neném (cantoras brasileiras )
 
 
Foi durante entrevista para Marília Gabriela no Programa “De Frente com Gabi”, exibido no dia 10 de junho, que as gêmeas e cantoras Pepê e Neném ( 37 anos) confirmaram oficialmente serem lésbicas. “Somos homossexuais desde criança. As duas. Com dez anos de idade, me apaixononei por uma menina. Nunca namoramos um homem”, disse Pepê (ou Neném).
 
Diana King (cantora jamaicana)
 
 
Famosa pelo hit “Shy Guy” e a cover de “I Say a Little Prayer” (do filme “O Casamento do Meu Melhor Amigo”), Diana King (41 anos) assumiu-se lésbica em 28 de junho, Dia Mundial do Orgulho Gay. Em seu perfil no Facebook, a cantora escreveu: “Eu sou lésbica, mãe, tia, jamaicana, americana, artista internacional, cantora, compositora, líder de banda, amiga, amante, empresária, deusa! Além de outras coisas e sim! Eu sou lésbica”.
 
Jon Maddog Hall (Executivo da Linux )
 
 
No dia 26 de junho, durante as comemorações do centenário de Alan Turing, o 'pai da computação moderna', o diretor executivo da Linux, Jon 'maddog' Hall (61 anos), escreveu um post em que se declara homossexual, numa homenagem ao brilhante matemático inglês que se suicidou na década de 1950 após ser humilhado na Inglaterra por ser gay. Maggod disse que só decidiu se revelar agora para não constranger os pais, que morreram pouco antes da declaração. "Meus pais eram católicos fervorosos e tinham muito preconceito contra negros e gays. Não assumi antes porque, como eles eram velhinhos, podiam sofrer ", disse.
 
Rocco Reed (ator pornô americano)
 
 
Premiado na indústria de filmes adultos héteros, o ator pornô Rocco Reed (30 anos) surpreendeu ao assumir que se trata de um homossexual. Segundo a revista francesa Têtu, a declaração divulgada no início de julho poderia causar uma pequena revolução no pornô heterossexual. Rocco também aproveitou para informar sua mudança de mercado, assinando contrato com um site gay de filmes pornôs.
 
Anderson Cooper (jornalista americano)
 
 
No dia 02 de julho, o apresentador da CNN Anderson Cooper (45 anos) divulgou uma carta na qual afirmou ser homossexual. O texto foi enviado ao jornalista Andrew Sullivan, do site The Daily Best, que fazia uma reportagem sobre o impacto social que famosos causam ao se declararem gays, e publicado no site TMZ. "'O fato é que sou gay, sempre fui, sempre serei, e não poderia estar mais feliz, confortável comigo mesmo e orgulhoso', disse.
 
Megan Rapinoe (jogadora de futebol americana)
 
 
A menos de um mês do início dos Jogos Olímpicos de Londres, Megan Rapinoe (27 anos), meio-campista da seleção americana de futebol feminino, admitiu ser homossexual. A atleta, que fez a revelação à revista Out Magazine, disse que quer que sua atitude encoraje outras pessoas da comunidade LGBT. Rapinoe, que namora uma jogadora de futebol australiana há três anos, disse que sabia ser gay desde a faculdade.
 
Frank Ocean (cantor americano )
 
 
No dia 04 de julho, o cantor e compositor de Hip Hop decidiu assumir publicamente a homossexualidade, publicando em seu Tumblr um comunicado falando sobre seu primeiro amor por um homem. “Há quatro verões, conheci uma pessoa. Tinha apenas 19 anos. Ele também. Passamos o verão juntos. E o verão seguinte também. Quase todos os dias. E nos dias em que estávamos juntos, o tempo deslizava”, contou.
 
Mayssa Pessoa (jogadora de handebol brasileira)
 
 
Nascida na Paraíba, a goleira da seleção brasileira de handebol, Mayssa Raquel de Oliveira Pessoa (27 anos), assumiu-se bissexual publicamente em julho. A jogadora mora na Europa há seis anos e joga na França. Acabou falando sobre sua sexualidade para uma revista francesa. “Eles fizeram matéria comigo e a gente conversou abertamente. Eu não escondo. Por que vou esconder algo que eu sou? Por que vou esconder?”, repetiu.
 
Karen Hultzer (Atleta africana de arco e flecha)
 
 
Em julho, a arqueira da África do Sul, Karen Hultzer (47 anos), assumiu-se lésbica pela Internet enviando uma mensagem para os sites "Sbnation.com" e "Outsports.com". "Eu sou uma arqueira, de meia idade e lésbica. Nenhum desses aspectos definem quem eu sou. Eles são simplesmente parte de mim" disse a atleta. Hultzer ressaltou ainda de não sofrer discriminação no país onde vive ao contrário de outras lésbicas negras da África do Sul. "Estou ansiosa pelo dia em que isto não seja tão relevante quanto a cor dos meus olhos ou meu sushi favorito" ressaltou.
 
Mika (cantor britânico)
 
 
De origem libanesa, o cantor britânico Mika resolveu falar abertamente sobre sua sexualidade numa entrevista à revista norte-americana "Instinct" em agosto. Na publicação dedicada ao público gay, o artista declarou-se homossexual: “Se você me perguntar se sou gay, eu diria que sim. E foi somente através da minha música que eu encontrei forças para me sentir bem com minha sexualidade, muito além do contexto das minhas letras. Essa é minha vida real”, afirmou.
 
Ezra Miller (ator norte-americano)
 
 
Intérprete do Kevin no filme "Precisamos falar sobre o Kevin", o ator Ezra Miller (19 anos) assumiu sua homossexualidade em entrevista à edição de agosto da revista "OUT" de agosto. "Sou gay. Tenho muitos amigos maravilhosos de vários gêneros e orientações sexuais. Não estou apaixonado por ninguém em particular. Tenho tentado entender os relacionamentos, sabe?”, afirmou.
 
Orlando Cruz (boxeador porto-riquenho)
 
 
Foi no dia 03 de outubro que o peso-pena porto-riquenho Orlando Cruz (31 anos) assumiu que "sempre foi e seguirá sendo um orgulhoso homem gay". O boxeador, que participou das Olimpíadas de Sidney, é o primeiro atleta da modalidade a assumir abertamente a sua homossexualidade. “Não quero esconder minha identidade de mais ninguém. Quero que as pessoas me vejam por minhas habilidades no boxe, meu caráter e minha conduta esportiva", completou.
 
Stacy Sykora (Jogadora de vôlei americana)
 
 
Jogadora do Vôlei Futuro no Brasil entre 2010 e 2012, a americana Stacy Sykora (35 anos) disse pela primeira vez à imprensa que é lésbica. A revelação foi em outubro, durante entrevista ao site italiano Pallavoliamo, uma revista on-line sobre vôlei. A líbero afirmou que tem uma namorada, Shivonn, com quem posou para fotos. "Lamento se alguém torcer o nariz e não aceitar. Estou bem comigo mesma. Isso é o importante!”, afirmou.
 
Mario Bonfanti (Padre Italiano)


Em outubro, Don Mario Bonfanti (41 anos) virou notícia no mundo todo depois de causar uma grande comoção nas redes sociais por lá. Foi através do Facebook que ele se assumiu gay! “Eu sou gay. Fato. Eu sou um padre gay muito feliz”, escreveu o sacerdote, que é de Sardenha. “Até mesmo Jesus disse: ‘a verdade nos liberta’. Mas, estranhamente, a Igreja nega essa frase. O povo católico LGBT deve se assumir. Eles têm que aceitar a verdade”, afirmou Bonfanti.

Ellen Oléria (cantora brasileira)
 
 
Campeã da primeira edição do “The Voice Brasil”, Ellen Oléria (30 anos) não deixou tempo nem mesmo para mídia especular sobre sua sexualidade. Já durante suas apresentações na competição musical, a cantora de Brasília deixou clara sua sexualidade, pedindo que sua companheira fosse creditada pela TV Globo como “namorada” ao aparecer na plateia. " Há uma pessoa que me acompanha, que me dá suporte emocional e me ajuda a botar comida na mesa, a Poli (Poliana). A gente precisar pensar, gente. A casa [Rede Globo] não fez nada mais justo [creditar como namorada]. Foi uma homenagem também para as minhas amigas guerreiras que não desistem nunca. Minha proposta sempre foi ser como eu sou", disse a vencedora.
 
REVEJA TAMBÉM OS ASSUMIDOS DE 2011 E 2010!
 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

"Opção sexual existe sim!" Por William Delucca




Por William Delucca para o Blog do @delucca 

Desde que os movimentos LGBTs começaram a conquistar um tímido (mas importante) espaço de visibilidade nas ruas e na mídia mundial e brasileira, uma discussão que surge sempre entre ativistas, pró e contra os direitos dos homossexuais é se ser gay é uma escolha ou se é algo ‘natural’. No centro deste embate, uma discussão ideológica e filológica sobre o uso do termo ‘orientação sexual’, preferido pelos ativistas LGBT, em contraponto ao ‘opção sexual’, usado por fundamentalistas religiosos e reacionários de todas as linhas.

Este último tem um caráter obviamente pejorativo e é usado para tornar a sexualidade humana (no caso, a homossexualidade), em algo menor, uma besteira que a gente faz e que amanhã pode corrigir. Ao chamar de ‘opção’, diminui-se a complexidade da construção da sexualidade humana, inerente a todas as pessoas, cujas vivências, experiências, e influências ambientais e culturais alteram o resultado final. A ‘opção’ não é uma construção, mas uma escolha. É como abrir o freezer da padaria e escolher entre tablito e chicabon, sem muita reflexão sobre o que se está fazendo. A tal ‘opção sexual’ ignora a complexidade do processo de construção da sexualidade, que influencia quem somos hoje, e reduz ao simplismo da escolha nossos afetos, nossos amores.

Os adeptos da ‘opção sexual’ adoram sustentar seu frágil argumento com a seguinte lógica: “A ciência não provou que as pessoas nascem gays ou lésbicas. Então, ser gay e lésbica é uma escolha. Se não for assim, cadê o gene gay? Onde está o DNA do homossexual?”. Como já se percebe, os adeptos da ‘teoria da opção’, gostam de reduzir a questão a um simplismo infantil. Realmente, a ciência não tem um consenso sobre o que torna pessoas heterossexuais ou homossexuais, mas sabe-se que fatores genéticos (não ligados apenas a um único gene), ambientais, biológicos e culturais moldam a sexualidade humana ainda na primeira infância, e que este processo não pode ser alterado. Ou seja: se você tiver de ser heterossexual, nada mudará este processo. A recíproca é verdadeira para os homossexuais e bissexuais.

(E outra: a ciência não provou que existe ‘gene gay’, mas também não atestou que a sexualidade humana seja passível de escolha. Nestas horas, tem muito religioso que faz ‘uso’ da ciência, mas a ignora em questões como eutanásia e aborto. É a ‘confiança seletiva’, né?)
Então não existe ex-gay? Existe sim!


Ok, não existe processo que altere o produto final (e natural) da sexualidade humana. Mas e como existe gente por aí dizendo que é ‘ex-gay’ ou ‘ex-lésbica’, casando, tendo filhos e vivendo uma vida (pretensamente) feliz? Simples: você não molda seus desejos, mas molda sua expressão. Você não escolhe de quem gosta, mas pode emular um sentimento, ‘fingir que gosta’, por conveniência ou opressão. Se não acontecesse assim, milhões de casamentos arranjados pelo mundo a fora não teriam funcionado durante a história da humanidade. Funcionaram, geraram filhos e ‘famílias’, que por mais falta de interesse que houvesse entre o casal, cumpriram seu papel social.

Um ‘ex-homossexual’ é uma pessoa que sente atração sexual e afetiva por pessoas do mesmo sexo, mas que reprime estes sentimentos e busca relacionar-se com pessoas do sexo oposto. Esta escolha raramente acontece de forma espontânea, natural, sendo normalmente ocasionada por pressão da família, dos amigos, da igreja e dos demais grupos sociais que o sujeito está inserido. É o caso dos padres e outros religiosos celibatários, que optam por não fazer sexo (teoricamente), nem com homens nem com mulheres. Os desejos (ou tentações, como eles gostam de chamar) estão lá, mas não encontram vazão, por um motivo ou outro. Neste caso, cabe apenas um exercício de semântica. Se um homossexual deixa de fazer sexo com homens, ele vira um ex-gay. Se um heterossexual entra para uma seita que exige o celibato, ele vira ex-hetero. Certo? Se a gente colocar nestes termos, tudo certo.


O terrorismo psicológico


Em linhas gerais, eu não veria problema algum em um hetero ou gay buscar experiências com o sexo oposto ou com o mesmo sexo, desde que estas experiências façam parte de uma experimentação saudável da sexualidade humana, sem paranóias, cobranças ou obrigações.

Um heterossexual pode experimentar sexo com o mesmo sexo e curtir, passando a ser bissexual ou até mesmo gay/lésbica. O mesmo vale para homossexuais, que durante sua vida, podem descobrir novos desejos, se atrair por outras pessoas, tentar coisas novas. Mas o processo tem de ser natural e saudável, e não imposto por ninguém.

A afetividade das pessoas, em todos os tons que possam existir, não pode ser alvo de maledicências, de ataques morais e até mesmo de terrorismo psicológico/religioso, o que tem levado muitos homossexuais, com seus desejos completamente naturais, a mutilar seus afetos, sua consciência e sua identidade. Não há paraíso, céu ou qualquer outra promessa post mortem que compense negar quem você verdadeiramente é. Não há pressão psicológica em casa, na escola ou no trabalho que não encontre ombros amigos que aceitem você como você verdadeiramente é. Nenhuma pessoa verdadeiramente de bem pode compactuar com tamanha (e silenciosa) violência.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Denúncias de violência contra homossexuais no Amazonas crescem 1.800%



 
Publicado pelo G1
 
O Amazonas registrou aumento no volume de denúncias de violência contra homossexuais neste ano. Dados do Departamento Estadual de Direitos Humanos (DEDH), veiculado à Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejus), confirmaram alta de 1.800% no comparativo entre os anos de 2011 e 2012. Para o Movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBTs), o número de denúncias poderia ser maior se as barreiras que dificultam os registros junto à polícia fossem eliminadas.
 
No ano passado, apenas duas denúncias de violência tendo como vítimas homossexuais foram registradas, enquanto neste ano, até o momento, 38 casos de homofobia foram formalizado. Além da agressão física, outros tipos de violência como, por exemplo, a discriminação, ameaça e a perseguição são frequentes, segundo dados da DEDH. Embora não tenha sido percebido período de maior ocorrência, a Sejus divulgou que a média mensal deste ano é de três denúncias formalizadas a cada mês.
 
Preconceito nas delegacias
 
Apesar do aumento do número de homossexuais em busca da garantia dos direitos violados, a presidente da Associação Amazonense de Gays, Lésbicas e Travestis (AAGLT), Bruna La Close, enfatizou que o preconceito e as barreiras impostas às vítimas da homofobia nas próprias delegacias da capital e do interior, dificultam a primeira etapa da denúncia que pode levar a punição dos autores da violência.

“As pessoas, às vezes, não denunciam porque é preciso tempo para correr atrás da justiça. A falta de resposta de denúncias acaba influenciando os gays a não registrar queixa. Quando há agressão física, eles [policiais] quase não dão credibilidade, imagine quando é violência verbal. Vários homossexuais relataram que quando chegam às delegacias e dizem que sofreram discriminação como, por exemplo, ser chamado de 'veado', o resultado é o escrivão rir da cara deles. As dificuldades impostas são muitas: quando acionamos a polícia para atender um homossexual espancado não tem viatura ou ela demora a chegar. Também nos deparamos com a falta de investigador ao procurar às delegacias”, revelou Bruna La Close.
 
A representante relatou ainda que a falta de informação sobre a homofobia é perceptível nos órgãos públicos. A sugestão do Movimento das Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBTs) ao Departamento de Direitos Humanos da Sejus seria a realização de um trabalho mais intensivo em prol da defesa dos homossexuais no Amazonas, incluindo a secretaria e os órgãos que atuam na área de segurança no estado.
 
O Departamento Estadual de Direitos Humanos informou que desconhece as dificuldades mencionadas pela representante do movimento LGBTs. Segundo a diretora do DEDH, Michelle Custódio, as cerca de 50 delegacias de polícia, obrigatoriamente, devem receber todo tipo de denúncia sem discriminação.
 
“Como não temos essa reclamação formulada no departamento não tínhamos conhecimento que isso acontecia. Porém, fosso assegurar que todas as denúncias vindas do Disk 100 não procuraram nenhum órgão de repressão ou proteção contra a violência, isso é declarado pelas vítimas no final do registro da denúncia, por isso entendemos que essas pessoas não procuram às delegacias, que deve ser a primeira medida das vítimas”, justificou Michelle Custódio.
 
A diretora assegurou que quando a denúncia chega ao Centro de Referência é feita a busca ativa das vítimas e o caso também é encaminhado de forma imediata aos órgãos competentes. A assistência às vítimas através do Estado ocorre através dos três eixos de enfrentamento da homofobia: acesso à justiça, repressão e atenção.
 
“Na capital, a equipe se desloca até a vítima para uma conversa, orientando inclusive sobre os locais que ela deve procurar para resguardar os seus direitos. No interior, acionamos os órgãos de proteção e repressão, assim temos uma ligação muito forte com as secretarias municipais de assistência social”, destacou Custódio.
 
Criminalização
 
A homofobia ainda não é considerada crime no país, mas o Projeto de Lei (PL) nº 122/06, em tramitação no Congresso Nacional, propõe tornar crime e ampliar a punição nos casos de discriminação. Sem essa legislação penal específica, o movimento LGBT ressalta que não há como a polícia prosseguir nas investigações dos casos que teve violência física.
 
“Na delegacia, que se trata da primeira instância de investigação, as denúncias acabam não tendo credibilidade porque não temos uma lei que ampare diretamente a homofobia. Por isso ficamos sempre a mercê. Somos discriminados e vítimas da homofobia, mas tem para quem recorrer”, ressaltou Bruna La Close.
 
Para torna a homofobia crime, a proposta de PL precisa ser aprovada em votação no Senado e na Câmara Federal, dependendo assim do apoio dos congressistas. Entretanto, mesmo com o apoio de alguns políticos, o número de deputados e senadores favoráveis à criminalização conseguiu coloca o tema no foco das discussões.
 
“Tem muitos políticos que dizem abraçar a causa, mas na hora de lutar sempre volta atrás, não querem se expor perante o movimento. Percebemos que a bancada evangélica é muito grande”, acrescentou a presidente da AAGLT.
 
Políticas públicas
 
Outra reclamação do movimento LGBT do Amazonas refere-se morosidade para efetivação das propostas discutidas com sociedade civil, entidades de classe, secretarias municipais e estaduais durante eventos com foco no debate da temática.
 
De acordo com Bruna La Close, durante a Conferência de Políticas Públicas e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Amazonas e a Conferência de Efetivação do Tripé da Cidadania LGBT, - Conselho, Coordenadoria e Plano LGBT, 140 propostas foram elaboradas, mas apenas quatro delas há posicionamento de possível implantação pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SEMASDH).
 
“Debatemos as propostas e encaminhamos para os setores responsáveis, mas nunca vemos resposta também. Fazemos nosso trabalho, no entanto, caso o governo e as prefeituras não se empenham para ajudar o movimento não conseguiremos garantir a qualidade de vida do movimento LGBT”, cobrou a presidente da AALGT.
 
Michelle Custódio explicou que as ações competentes a Secretaria de Estado de Direito Humanos foram executadas a partir das orientações tiradas na primeira e segunda edição da conferência voltada à temática, que ocorreram 2008 e 2011.
 
“No âmbito de Manaus a responsabilidade é da Semasdh para implementação de políticas no município. O Estado só atua quando existe uma lacuna na administração, ou seja, o município não supriu sua demanda de prevenção desta violência. A parte que cabe ao estado foi prestada conta com o movimento através da apresentação de relatório. Neste ano, a questão das eleições foi um fator complicador na execução de políticas públicas nos municípios e o curto espaço de tempo para articulação”, esclareceu titular do departamento.
 
Nos anos de 2009 e 2010, o DEDH realizou campanhas de enfrentamento da homofobia no Amazonas. A previsão é que a campanha seja reeditada para próximo ano. “Toda produção do material já está acontecendo para que possamos reeditar essa campanha, tendo em vista o número de denúncias que recebemos pelo Disk 100 ao longo de 2012. Mas isso não exclui a competência de cada ente federativo”, concluiu Michelle Custódio.
 

Ministro australiano casa-se com companheiro na Espanha


 
Publicado pelo Diário de Notícias
 
Ian Hunter, ministro do governo estadual da Austrália do Sul, mostrou-se desapontado por não poder casar com o artista Leith Semmens no seu próprio país, mas explicou que ambos decidiram não poder esperar pela aprovação do casamento gay. Os dois se casaram na última quarta-feira (19, no Sul de Espanha, dois meses depois de o seu país ter votado contra uma proposta de promulgação do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
 
"Sem dúvida que é inevitável, na Austrália, mas estamos a olhar para seis ou sete anos, e eu e o meu parceiro não estavamos dispostos a esperar tanto tempo ", disse Hunter, citado pela Associated Press (AP), poucas horas antes de se casar com Semmens, numa galeria de arte da localidade de Jun, província de Granada, na Andaluzia.
 
De acordo com a AP, Ian Hunter, de 52 anos, será o primeiro membro efetivo de um órgão legislativo australiano a casar-se com um parceiro do mesmo sexo.
 
O presidente da autarquia de Jun, Antonio Rodriguez, celebrou a cerimónia, que contou com a presença de mais de uma dúzia de amigos e parentes dos noivos.
 
 
De acordo com a tradição local, o casal beijou-se durante 17 segundos, contados em voz alta pelos convidados.
 
Ian Hunter, antigo cientista e ministro estadual desde 2011, tem sido um defensor dos direitos gays e integra o Partido Trabalhista no poder no estado da Austrália do Sul desde 2006.
 
Na conferência anual de dezembro de 2011, o seu partido inverteu a posição relativamente ao casamento gay, mas a primeira-ministra Julia Gillard manteve a oposição.
 
A legislação para reconhecer casamentos do mesmo sexo foi derrotada na Câmara dos Deputados, em setembro, com uma votação final de 98-48.
 
Enquanto Gillard permite aos trabalhistas que votem como quiserem sobre a legislação do casamento gay, o líder da oposição, Tony Abbott, um católico romano ferrenho, insiste em rejeitá-la, junto dos legisladores de seu partido conservador liberal. As pesquisas de opinião mostram que a maioria dos australianos apoia o casamento homossexual, mas há outras questões relacionadas com o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo, que ainda têm de ser votadas no Parlamento australiano.
 
 
Hunter acha que vai levar anos a mudar a posição dos parlamentares que votaram contra o casamento gay, assim como para a eleição de um parlamento com membros mais jovens que o apoiem.
 
O ministro acrescentou ter casado com Semmens por amor e compromisso, e não para impulsionar o casamento gay na Austrália, embora preveja que o seu casamento "terá, naturalmente, algum impacto a nível político" no país.
 
Espanha promulgou a sua lei do casamento gay em 2005. O Supremo Tribunal aprovou-o em novembro, numa votação de 8-3, rejeitando um recurso que alegava que, na Constituição espanhola, o casamento significa apenas a união entre um homem e uma mulher.
 

sábado, 22 de dezembro de 2012

Em 2013, transgêneros serão retirados da classificação de doenças mentais no principal manual de psiquiatria




A homossexualidade era entendida como uma doença mental até 1973 e estava no mesmo grupo que necrofilia, pedofilia, zoofilia e outras mais pela chamada “Bíblia da psiquiatria”: o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” (DSM). Uma forte reação de acadêmicos e ativistas conseguiu na época remover o termo do manual. Quarenta anos depois, a mesma publicação, que influencia profissionais de todo o mundo, realizará outra grande mudança. A partir do ano que vem, os transgêneros — grupo que inclui travestis, drag queens, transformistas e transexuais — serão retirados da classificação de doenças mentais.
 
A revisão da Associação Americana de Psiquiatria (APA), que coordena o manual com o apoio de 1.500 especialistas de 39 países, vem na esteira de recentes mudanças legais sobre os direitos dos homossexuais. Em 2010, o governo francês retirou a transexualidade das patologias psiquiátricas. Nesta semana, a Câmara de Deputados do Uruguai aprovou o casamento gay, e o projeto será enviado ao Senado. A lei já vale para Argentina, Islândia, Portugal, Suécia, Noruega, entre outros. No Brasil, a Justiça analisa caso a caso.
 
A médica e política americana Dana Beyer, transexual e ativista da causa, há uma década está no grupo de trabalho para a revisão do DSM-5, que foi aprovado este mês e será publicado em maio de 2013.
 
— Houve grande resistência nos primeiros anos por pesquisadores mais velhos e conservadores, mas isto foi diminuindo ao longo dos anos — comentou Dana por email. — Muitas das mudanças foram impulsionadas na última década pelo reconhecimento de que nós, gays e transgênero, nascemos assim.
 
Dana lembra que, apesar da remoção da homossexualidade do DSM-2, de 1973, o termo continuou presente como uma subcategoria, a “homossexualidade egodistônica”, até 1987. Já o DSM-5 trocou o Transtorno de Identidade de Gênero por Disforia de Gênero, entendida como uma condição, e não mais um transtorno. Manteve ainda o “distúrbio transvéstico” (antes fetichismo transvéstico).
 
— Precisamos removê-lo na próxima revisão — afirmou Dana. — A principal diferença é que a decisão de 1973 foi o que impulsionou o movimento gay, já essa revisão é uma aproximação da conclusão do movimento de direitos civis dos transgêneros.
 
Sociedade secreta e ativismo da história da APA
 
Já para a professora do Instituto de Medicina Social da Uerj, Jane Russo, que atua na área de gênero, sexualidade e saúde, a alteração na verdade mostrou que o movimento gay já estava forte naquele período:
 
— Em 1969, marca-se o surgimento do movimento gay, e em 1970, o grupo começou a pressionar a APA. Eles compareciam em congressos anuais da associação e faziam manifestações, não violentas, mas assertivas.
 
Jana conta que até este período, os próprios psiquiatras escondiam a sua orientação sexual.
 
— Não tinha um veto oficial, nada que proibisse um psiquiatra de ser homossexual, mas era mal visto. Exatamente porque a homossexualidade era considerada uma doença mental — explica ela.
 
Na época, inclusive, um grupo de psiquiatras homossexuais integrantes da APA reunia-se numa espécie de sociedade secreta. Jana explica, no entanto, que esta entidade tinha pouca participação política, e era mais um grupo de encontros sociais. Num dos congressos da associação, em 1972, ela conta que um psiquiatra envolto numa capa e com a cabeça coberta se declarou publicamente gay. O “Dr. Anônimo”, como se denominou, revelou que mais de 200 membros da APA eram homossexuais e que se encontravam secretamente. A questão da homossexualidade no DSM é considerada uma das mais controversas de sua história, que teve início em 1952, segundo o ex-presidente da Associação Americana de Psicologia e professor de Psicologia da Universidade Temple (EUA), Frank Farley.
 
— As questões de gênero e a homossexualidade na história do DMS sempre foram negativas. A Ciência progressivamente vem mostrando que não existem diferenças confiáveis e válidas relacionadas ao gênero. Existem muitos estereótipos sobre este tópico — disse Farley, por email.
 
Psiquiatras “tratavam” comportamento gay
 
Apesar da revisão sobre homossexualidade, foi somente em 1992 que a Organização Mundial de Saúde (OMS) alterou o termo na sua Classificação Internacional de Doenças (CID) — também passando por reformulação e com aprovação prevista para 2015. Ambos os guias servem de bases para profissionais de saúde e pesquisadores.
 
A mudança foi oficializada na década de 1980 pela Sociedade Brasileira de Psiquiatria, que alterou a associação da homossexualidade com uma doença. Já em 2008, o Sistema Único de Saúde (SUS) regulamentou a cirurgia de mudança de sexo.
 
Coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP, a psiquiatra Carmita Abdo afirma que antes do anos 70, também no Brasil, os homossexuais eram condicionados a manifestar atração pelo sexo oposto:
 
— Como isto acabava levando os indivíduos a quadros de depressão, surtos psicóticos e suicídios, os pesquisadores começaram a questionar se era realmente um tratamento adequado.
 
Carmita explica que a tendência da psiquiatria hoje é compreender a homossexualidade (e não homossexualismo, termo que remete à doença) como uma orientação que incide menos do que a heterossexualidade, mas que não é patológica, ou seja, “é apenas uma característica”, afirma.
 
— A sexualidade não é estática. Ela acompanha as mudanças sociais e culturais — comenta Carmita, que relembra. — No início do meu trabalho, há 35 anos, eu recebia homossexuais querendo mudar sua orientação. Hoje eu recebo pais, geralmente de adolescentes, não para mudar a cabeça do filho, mas para poderem entender e aceitar melhor a situação, saber como conduzi-la.
 
Hoje o transexual é o que considera ter nascido no sexo errado, segundo entendimento da psiquiatria.
 
Distúrbios de personalidade, autismo e traumas
 
Além das mudanças relacionadas aos transgêneros, a quinta edição do Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-5), que será publicada em maio de 2013, restruturou também outros pontos de seus 20 capítulos. Ainda na área de sexualidade, a pedofilia terá os mesmos critérios de diagnóstico, mas será denominada como transtorno de pedofilia.
 
O DSM-5 manterá as dez síndromes que figuram no grupo de distúrbios de personalidade, entre elas, borderline, personalidade antissocial, obsessivo-compulsivo etc. Apesar de populares nas prateleiras de autoajuda, especialistas criticavam a dificuldade de diagnóstico destes. Na revisão, desta forma, será incluída um seção para encorajar novos estudos nas formas de diagnóstico clínico destes indivíduos.
 
— O DSM tem uma abordagem melhor do que a que era utilizada antes de ele ser desenvolvido, já que ele tenta sistematizar e organizar os tópicos dos diagnósticos. Isto era necessário naquele momento. Mas ele tem uma desvantagem, entre muitas outras, que é o fato de suas bases científicas serem muito fracas, prejudicando seu uso em vários pontos — comentou o ex-presidente da Associação Americana de Psicologia e professor de Psicologia da Universidade Temple (EUA) Frank Farley.
 
Os distúrbios pós-traumáticos terão mais atenção no DSM-5. Além de três, serão quatro diferentes transtornos, com especial foco em crianças e adolescentes.
 
Além disso, como militantes e alguns especialistas temiam, o autismo passará e figurar como espectro autista, num único quadro de transtorno. Isto acarreta na reuniam de outros distúrbios e leva ao desaparecimento de algumas síndromes, como a de Asperger. Em vez disso, haverá gradações, de leve a grave, dos sintomas autistas.
 
“Com os avanços da clínica e do conhecimento científico, as mudanças eram inevitáveis”, justificou, num comunicado oficial, o presidente da Associação de Psiquiatria Americana, Dilip Jeste.

Papa sinaliza aliança entre religiões para combater casamento gay



 

Publicado pelo Globo
Por Philip Pullella
 
(Reuters) - O papa Bento 16, indicando o desejo do Vaticano de forjar alianças com outras religiões contra o casamento gay, disse nesta sexta-feira que a família estava ameaçada "em seus fundamentos" por tentativas de mudar a sua "verdadeira estrutura".
 
O papa fez a sua mais recente denúncia do casamento gay em um discurso de Natal para os funcionários do Vaticano, em que ele misturou religião, filosofia, antropologia e sociologia para ilustrar a posição da Igreja Católica Romana.
 
Ele colocou todo o peso em um estudo realizado pelo rabino-chefe da França sobre os efeitos que a legalização do casamento gay teria sobre as crianças e a sociedade. "Não há como negar a crise que ameaça em seus fundamentos --especialmente no mundo ocidental", disse o papa, acrescentando que a família tinha de ser protegida porque é "o autêntico ambiente para se entregar o plano da existência humana".
 
O papa de 85 anos de idade, falando no Salão Clementine do Palácio Apostólico do Vaticano, afirmou que a família estava sendo ameaçada por "uma compreensão falsa da liberdade" e um repúdio ao compromisso de toda a vida do casamento heterossexual. "Quando tal compromisso é repudiado, as figuras-chave da existência humana igualmente desaparecem: pai, mãe, filho -- elementos essenciais da experiência de ser humano são perdidos", disse o líder de 1,2 bilhão de católicos do mundo.
 
O Vaticano partiu para a ofensiva em resposta às vitórias do casamento gay nos Estados Unidos e Europa, utilizando todas as oportunidades possíveis para denunciá-lo através de discursos papais ou editoriais em seu jornal ou na sua rádio.
 
ALIANÇA RELIGIOSA
 
Em alguns países, a Igreja Católica uniu forças localmente com judeus, muçulmanos e membros de outras religiões para se opor à legalização do casamento gay, em alguns casos com argumentos baseados em análises jurídicas, sociais e antropológicas, em vez de ensinamentos religiosos.
 
Significativamente, o papa elogiou especificamente como "profundamente comovente" um estudo feito pelo rabino-chefe da França, Gilles Bernheim, que se tornou tema de acalorado debate no país.
 
Bernheim, também um filósofo, argumenta que grupos de direitos homossexuais "irão utilizar o casamento gay como um cavalo de Tróia" em uma campanha mais ampla para "negar a identidade sexual e apagar as diferenças sexuais" e "minar os fundamentos heterossexuais da nossa sociedade".
 
Seu estudo, "Casamento Gay, Paternidade e Adoção: O que muitas vezes esquecemos de dizer", argumenta que os planos de legalizar o casamento gay estão sendo feitos para "o lucro exclusivo de uma pequena minoria" e são muitas vezes apoiados por causa do politicamente correto.
 
Em seu próprio discurso nesta sexta-feira, o papa repetiu alguns dos conceitos do estudo de Bernheim, incluindo a afirmação de que crianças criadas por casais gays seriam mais "objetos" do que indivíduos.
 
No mês passado, os eleitores nos Estados norte-americanos de Maryland, Maine e Washington aprovaram o casamento homossexual, na primeira vez em que os direitos do casamento foram estendidos a casais do mesmo sexo pelo voto popular. Uniões do mesmo sexo foram legalizadas em seis Estados e no Distrito de Columbia pelos legisladores e pelos tribunais.
 
Também em novembro, a mais alta Corte da Espanha confirmou uma lei do casamento gay, e na França o governo socialista anunciou um projeto de lei que permitiria o casamento gay.