Publicado pela Folha
Por Bruno Ghetti
Os gays estão no cinema brasileiro desde a década de 1920. Mas, até os anos 1980, eles eram quase sempre depreciados ou relegados a clichês da bicha afetada ou hipersexualizada.
Em fins dos anos 1990, iniciaram uma marcha para deixar seus nichos na tela (underground, pornô, pornochanchada) rumo ao lado de lá do gueto, levando questões sérias do meio LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) ao cinema mais "oficial". A filmografia gay brasileira, enfim, ousa dizer seu nome. E mais: atreve-se a adentrar o mainstream.
Os dois de Barreto têm foco no público."Crô" explora o (terrível) estereótipo do gay "bobo da corte", e "Flores" se contorce para falar de lesbianismo sem chocar. Já "Tatuagem" marca pelas cenas de sexo e desejo visceral.
Os filmes não poderiam ser mais diferentes e dão uma ideia do quão variado é o cinema gay hoje. Mais longas comerciais vêm aí, mas é no indie que a força gay segue mais expressiva.
Não há unidade estética ou temática. Um curta como "Jiboia", de Rafael Lessa, convive com o estilo "limpinho" que consagrou Daniel Ribeiro e documentários como o belo "São Paulo em Hi-Fi", sobre os anos de ouro da noite gay paulistana, de Lufe Steffen.
Claro, há muita coisa ruim sendo feita, mas a qualidade e a quantidade dos filmes cresceu muito. No último festival Mix Brasil, mais de 140 produções nacionais foram inscritas. A cada ano, o número sobe 10%
Em tempos de Parada Gay, uma filmografia gay pode soar sem sentido. Mas as conquistas vieram juntas com forte resposta conservadora. Sim, em 2014, fazer filmes gays ainda é um ato de resistência.
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