Por Homorrealidade
O Papa Bento XVI anunciou na manhã desta segunda-feira (11) que vai
renunciar a seu pontificado em 28 de fevereiro. O principal
representante da Igreja Católica alegou que, aos 85 anos de idade, não
tem mais forças para seguir no cargo. O Vaticano afirmou que o papado,
exercido pelo teólogo alemão desde 2005, vai ficar vago até que o
sucessor seja escolhido, o que se espera que ocorra "o mais rápido
possível" e até a Páscoa, segundo o porta-voz Federico Lombardi. Para o
movimento LGBT a notícia abre uma boa expectativa, já que o novo papa
pode ser alguém mais jovem e talvez com a mente menos contrária à
igualdade de direitos para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e
transexuais.
O atual discurso da Igreja Católica, que tem mais de 1,3 bilhão de
seguidores no mundo, prega que as tendências homossexuais não são
propriamente um pecado, mas que os atos homossexuais são, e que as
crianças devem crescer em uma família tradicional, com um pai e uma mãe.
Intensificando esse olhar preconceituoso, Bento XVI já chegou a afirmar
que o “homossexualismo”, termo pejorativo associado a uma doença, é
“essencialmente ruim”. Logo no início de seu papado, em 2005, ele
anunciou que as portas dos seminários estariam fechadas para os que
“praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais ou
apóiam a chamada cultura gay”. Em plena celebração da Jornada Mundial da
Paz, o pontífice ordenou que paróquias de todo o mundo lessem uma
mensagem homofóbica. Foram as declarações mais fortes já proferidas por
um pontífice contra a homossexualidade. Até mesmo em datas de discurso
pacífico como ano novo e o natal, ele reafirmou que o casamento
homossexual é uma das ameaças à família tradicional, pondo em xeque "o
próprio futuro da humanidade". Segundo Bento, a educação das crianças
precisa de "ambientes" adequados, e "o lugar de honra cabe à família,
baseada no casamento de um homem com uma mulher".
Para muitos militantes LGBT, desde que a luta pelos direitos das
minorias sexuais foram iniciadas, a igreja católica nunca teve um papa
tão intolerante à causa quanto Bento XVI. Vale lembrar que o mesmo papa
também insiste em ser contrário ao divórcio, ao uso do preservativo e da
pílula anticoncepcional, contrapondo-se à opinião e à prática pessoal
da maioria dos católicos que ainda conferem poder à igreja.
Com a renúncia de Bento XVI, o movimento LGBT fica na expectativa do
anúncio de um novo papa menos rígido, que possa fazer interpretações da
Bíblia mais humanitárias e generosas, além de compreender o amor de
Jesus Cristo como algo verdadeiramente sem fronteiras ou regras tão
conservadoras.
Mesmo para quem não é católico, essa decisão faz diferença, pois a
igreja ainda exerce muito poder nas decisões políticas de diversos
países do mundo, sendo historicamente uma das principais motivadoras do
preconceito contra LGBTs.
O nome do novo papa deve ser confirmado até o final de março.
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