domingo, 26 de maio de 2013

Franceses contrários ao casamento homoafetivo voltam a protestar em Paris


 
Publicado pelo Terra
 
Milhares de opositores ao casamento homossexual, que acaba de ser legalizado na França, deram início na tarde deste domingo a uma manifestação em Paris sob um forte esquema de segurança.
 
A lei foi promulgada na semana passada e o primeiro casamento gay será celebrado quarta-feira em Montpellier (sudeste), mas os opositores continuam a demonstrar sua força, em um clima particularmente tenso neste Dia das Mães na França.
 
"Último Dia das Mães antes da liquidação", proclamava um cartaz em meio à multidão de manifestantes, muitos dos quais gritavam palavras de ordem contra o governo socialista.
 
O presidente François Hollande, que prometeu durante sua campanha presidencial o "casamento para todos", tem sofrido forte oposição, especialmente por partidários da direita e círculos católicos, contra esta lei que também permite a adoção por casais do mesmo sexo.
 
A polícia mobilizou 4,5 mil agentes para escoltar as quatro marchas organizadas na capital - três delas convocadas pelo grupo "Manifestação para todos" e uma pelo Instituto Civitas, ligado a fundamentalistas católicos. O coletivo Manifestação para todos previu uma participação de mais de um milhão de pessoas. A polícia espera cerca de 200 mil manifestantes e algumas centenas de "extremistas" que podem querer provocar distúrbios.
 
Antes do início dos protestos programados, 56 militantes opositores do casamento gay foram colocados sob custódia nesta madrugada após uma manifestação surpresa no meio da avenida Champs-Elysées. Há vários dias, a líder dos opositores, Frigide Barjot, se diz ameaçada e privada da liberdade de expressão, a ponto de desistir de manifestar.
 
Nos últimos dias, as autoridades francesas intensificaram suas precauções contra o risco de provocação. Dizendo-se "preocupado" com as "ameaças" de grupos de extrema-direita, o ministro do Interior, Manuel Valls, "desaconselhou" a participação de famílias com crianças na marcha deste domingo.
 
"O ministro do Interior é responsável por nossa segurança, isso é problema dele, não nosso!", reagiu uma manifestante, Sylvie, acompanhada de seus quatro filhos, o mais novo dormindo tranquilamente em seu carrinho. Os organizadores da marcha também denunciaram as medidas do governo, consideradas por eles como "alarmistas" e destinadas a "intimidar" e "desmobilizar".
 
Nos últimos dias, a tensão aumentou entre o governo socialista e o principal partido de oposição, a UMP, de direita, acusada pelo primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault de ter uma "grande responsabilidade" ao "causar tensão e radicalização".
 
Principal alvo, o líder da UMP, Jean-François Cope, esteve presente na marcha deste domingo. Ele aproveitou a oportunidade para chamar os opositores ao casamento gay para "transformar o seu envolvimento nesta questão em compromisso político", unindo-se ao seu partido. O partido da Frente Nacional, de extrema-direita, também esteve representado por vários parlamentares eleitos.
 
Adotada definitivamente pelo Parlamento francês em 23 de abril, a lei que permite o casamento e a adoção por casais do mesmo sexo foi promulgada em 18 de maio, depois de quatro meses de batalha no Parlamento e nas ruas.
 
De acordo com uma pesquisa publicada neste domingo, cerca de três quartos dos franceses (72%) consideram que chegou a hora de os protestos acabarem, agora que a lei foi aprovada, tornando a França o 14º país a reconhecer o casamento gay.
 
Em vários países, o debate sobre a questão da homossexualidade e do conceito da família continua. No Brasil, onde o Supremo Tribunal autorizou o casamento entre casais do mesmo sexo, 100 mil membros de igrejas protestantes manifestaram no sábado para defender a "família tradicional".
 
Na Polônia, país majoritariamente católico, protestos também foram organizados em várias cidades neste domingo em "defesa da família", enquanto a esquerda tenta, sem sucesso, há vários meses reconhecer as uniões civis para casais gays e heterossexuais.
 
 

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