Carlos Terra, pai de Lucas, passou a cursar Direito para reivindicar por filho.
'A luta é para que o crime não prescreva e os assassinos sejam presos', diz.
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Pai
de adolescente protesta em frente a fórum de Salvador: ‘Sei que sou uma
formiga, mas não desistirei’, diz (Foto: Reprodução/ TVBA)
Acampado
pelo terceiro dia em frente ao Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, Carlos
Terra desabafa: “Eu sou uma formiga diante de um elefante”. É com essa
frase que o pai do jovem Lucas Terra, morto há 11 anos, descreve sua
sensação após apenas um dos três suspeitos pelo crime ter sido julgado e
condenado perante a Justiça. Segundo a Promotoria de Justiça, em março
de 2001 o adolescente foi abusado sexualmente, colocado em uma caixa de
madeira e queimado vivo em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama,
na capital baiana.
Carlos Terra expõe cartazes com imagens do filho
(Foto: Reprodução/ TVBA)
Os réus são um ex-bispo e um ex-pastor da Igreja Universal do Reino de
Deus. O principal é o ex-pastor Silvio Roberto Galiza, que já foi
condenado a 18 anos de prisão e hoje responde em regime semiaberto. Ele
acusou o ex-bispo e o ex-pastor de participação no assassinato, mas os
dois ainda não foram julgados. “Eles estão livres por aí, como se nada
tivesse acontecido”, lamenta Carlos Terra.(Foto: Reprodução/ TVBA)
Segundo Carlos Terra, o processo está “parado na prateleira da 2ª Vara Crime do Estado, provavelmente aguardando ser prescrito, ou seja, arquivado”. O pai do jovem, que faz o sétimo semestre do curso de Direito, diz que começou a faculdade para entender das leis e lutar pelos direitos do filho. "Estamos lidando com quem tem dinheiro para protelar isso até que seja prescrito, estamos lidando com quem tem poder", diz.
Lucas Terra foi morto em 2001
(Foto: Reprodução/TV Bahia)
Promotor de Justiça responsável pelo caso, David Gallo explica que o
crime prescreve quando completa 20 anos sem julgamento final. "Pode
parecer muito tempo, mas considerando que 11 anos já se passaram, o
crime pode vir a prescrever, sim", explica.(Foto: Reprodução/TV Bahia)
A promotoria acredita que os acusados irão a júri popular. “Não tenho a mínima dúvida que os dois serão submetidos a julgamento popular”, afirma o promotor.
Tribunal de Justiça
Em nota da assessoria de imprensa, o Tribunal de Justiça afirma que “todos os tramites relacionados ao caso ‘Lucas Terra’ estão correndo dentro da normalidade”. Em outro trecho, o documento da assessoria diz que o Tribunal acredita que os servidores da Justiça responsáveis pela apuração do caso estão “trabalhando com empenho para que a justiça seja efetivada”.
Júri Popular
Para Carlos Terra, somente a decisão do povo, por meio de um júri popular, será capaz de fazer justiça. “Eu quero que a Justiça dê ao povo o direito de julgar os responsáveis por violentar sexualmente e queimar o meu filho vivo. Um menino puro, indefeso, que pecou pela obediência, por nunca acreditar que dois membros de uma Igreja iriam lhe fazer algum mal”.
Ele garante que irá permanecer acampado em frente ao Fórum até a Justiça desarquivar o processo e votar pela formação do júri. "Eu não estou pedindo um favor, nenhum esforço de ninguém. Estou clamando por Justiça, isso é direito de todo cidadão. O processo deve seguir, e o povo deve poder estudar o caso e decidir, se eles merecem ou não responder por aquilo que estão sendo acusados. Sei que sou uma formiga no meio de elefantes, mas não desistirei; e a formiga há de vencer essa batalha", completa.
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