Visto no G1
As discussões acaloradas sobre as três principais correntes do
judaísmo — reformista, conservadora e ortodoxa — ganharam novas faíscas
nesta sexta-feira quando o chamado Movimento Conservador de Israel
decidiu aprovar a ordenação de rabinos homossexuais, endossando a
posição desse movimento nos Estados Unidos, onde gays e lésbicas já
podem participar de estudos visando ao rabinato há alguns anos.
—
Vejo isso como um avanço muito importante da lei judaica. Foi a coisa
certa a fazer. Somos todos feitos à imagem de Deus e, portanto, somos
todos iguais. Para mim, trata-se de valores de muita importância —
comemorou o rabino Mauricio Balter, presidente da Assembleia Rabínica do
Movimento Conservador.
Ao contrário dos setores reformistas e
liberais, nos quais homossexuais já podem ser ordenados rabinos, a
decisão foi mais polêmica entre os conservadores — cumpridores da lei
judaica, adotando costumes e práticas comuns à ortodoxia.
Na
própria sexta-feira, o conceituado seminário rabínico Schechter, em
Jerusalém, informou que vai admitir estudantes gays e lésbicas já no
próximo ano letivo. Foi lá que ocorreu a votação sobre a ação de rabinos
homossexuais, autorizados com uma quase unanimidade: 17 autoridades
religiosas votaram a favor, e apenas um rabino se absteve.
A
instituição — que tem filiais no exterior — acabou protagonizando nos
últimos anos debates e embates sobre o tema. Em 2006, a entidade rachou.
Duas escolas rabínicas afiliadas nos EUA aprovaram a ordenação
homossexual, na contramão da postura adotada em Jerusalém e Buenos
Aires. O debate ganhou contornos tão radicais que duas estudantes,
rabinas, decidiram abandonar os estudos de dois anos no Instituto
Shechter: uma a favor e outra contra a medida.
— Estou contente
que tenha havido uma votação e que tenha terminado assim. Foi uma
decisão democrática e correta, como mostra o resultado, ninguém foi
contra — resumiu o rabino Balter.
Ortodoxos não permitem mulheres rabinas
O
programa rabínico do Instituto Shechter é composto por dois anos
equivalentes a um mestrado em estudos judaicos. Ao término do curso, os
estudantes são testados por um conselho de rabinos que autoriza a
ordenação.
A medida, porém, promete provocar a ira da ortodoxia,
que, em Israel, monopoliza os serviços públicos ligados à religião, como
casamentos (não existe união civil no país) e funerais. Para esse
grupo, aliás, além da rejeição ao homossexualismo, existe ainda a total
rejeição de mulheres no papel de líderes religiosas.
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