Visto no Gazeta do Sul
Por Rozana Ellwanger
Ainda criança, Caroline Gonçalvez sonhava com o dia em que celebraria o
amor eterno por meio do casamento. Ainda criança, Eliane Lord já sabia
que era diferente da maioria das meninas. Enquanto uma esperava o dia em
que se vestiria de branco e caminharia em direção ao altar, a outra
percebia que não sentia pelos meninos o mesmo que as gurias da sua
idade. Em comum, elas tinham apenas uma coisa: o sonho de encontrar o
amor verdadeiro.
Seus destinos se cruzaram anos depois. Caroline tinha 18 anos e Eliane
25. Naquela noite as duas tomaram a mesma decisão, que mudaria para
sempre o seu futuro: ir a uma festa. Elas poderiam nem ter se cruzado,
mas um cupido em forma de amigo interveio. Apresentou as duas, há seis
anos, e acabou sendo o responsável por um amor que marcou a história de
Santa Cruz do Sul.
O auge do conto de fadas moderno aconteceu no último dia 21 de abril.
Por um acaso, um feriado foi a data escolhida para o primeiro casamento
religioso gay da cidade. Possivelmente o primeiro do Rio Grande do Sul.
Outro acaso fez com que a celebração começasse com uma carreata pela
cidade. O desfile era em homenagem a Ogum, mas bem que poderia ser em
comemoração a mais um passo pelo fim do preconceito.
Eliane e Caroline não subiram um altar, mas foram casadas na religião em
que acreditam. Às 18h30 o casal entrou no templo de umbanda do Pai Beti
D’Bará Adague. Como manda a tradição, foram vestidas de noiva. Como
permite a legislação, já tinham consigo o contrato de união estável.
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