Publicado pelo Extra
Quando imagino minha vida daqui para frente, penso em tristeza. Será 
muito triste criar meu filho sozinha, sem ele (Leonardo). O sonho dele 
era ter um filho, mas fizeram isso e ele não pôde nem conhecer - lamenta
 N. G., de 15 anos, grávida de três meses de José Leonardo da Silva, 22.
 Leonardo morreu após ser agredido por um grupo que confundiu ele o 
irmão gêmeo, José Leandro da Silva, com um casal gay, na saída de uma 
festa, no domingo, na cidade de Camaçari, na Grande Salvador, na Bahia. 
Muito abalada, a jovem tenta entender o porquê das agressões. 
- Não tem explicação mesmo. Se eles fossem (homossexuais), não precisava ninguém fazer isso. Violência gratuita. 
Ela cobra das autoridades punição para todos os envolvidos na morte do 
marido.
- Oito pessoas participaram das agressões e apenas três foram presas. 
Espero que os outros sejam identificados e punidos. Eles tiraram a vida 
de um inocente, homem honesto e trabalhador. Têm de pagar pelo que 
fizeram - ressaltou. 
A viúva lembra que Leonardo estava tão feliz com a gravidez que já havia
 até escolhido os nomes para a criança: Alejandro, se menino, e Rose 
para menina. 
Maria Lucineide Neto, mãe da garota, pretende ajudar a filha a criar a 
criança. .....
- A vida dela está destruída. Como ela vai cuidar dessa criança sozinha?
 Só Deus. Vou ter que correr atrás de psicólogo para ela, mas não vai se
 recuperar nunca. 
Segundo ela, a família de Leonardo está revoltada com os boatos de que o
 jovem foi assassinato porque era comparsa de um bandido conhecido como 
Felipe, morto recentemente. Revolta maior, diz Maria, é da mãe da 
vítima, que sempre orientou os gêmeos a serem trabalhadores e respeitar 
as pessoas. 
- Desde pequenos, foram criados trabalhando. Vendiam 'geladinho' aos 10 anos de idade - conta. 
A Bahia registrou 15 mortes por homofobia esse ano. Em 2011, o estado 
teve, pelo sexto ano consecutivo, o maior número de mortes (28) por 
homofobia do Brasil, à frente de Pernambuco (25) e São Paulo (24). Os 
dados são do levantamento anual feito pelo Grupo Gay da Bahia. No 
Brasil, foram 266 homicídios em 2011. Este ano, já são 104 mortes 
contabilizadas em todo o país. 
- Casos como esse em Camaçari revelam que a homofobia pode causar danos a
 qualquer pessoa. É mais sério do que se pensa - afirma o professor da 
Universidade Federal da Bahia (Ufba) e membro do Conselho Nacional LGBT 
Leandro Colling. 
Homossexual assumido, o produtor Benin Ortiz, 24 anos, foi vítima de 
homofobia aos 14 anos, dentro da escola, quando um garoto, que já o 
perseguia, deu um chute na barriga dele. Benin, que morou em Londres e 
Tel Aviv, fica “espantado” com a forma como tratam a questão no Brasil. 
- A população é ignorante. Não entende que existem várias formas de amar - aponta. Benin. 
Ativistas e pessoas que sabem os males da homofobia torcem pela 
aprovação do projeto de lei que criminaliza a prática. Mas a votação do 
projeto no Senado foi adiada para 2013, por divergências provocadas, na 
maioria, pela bancada evangélica. 

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