sábado, 30 de junho de 2012

Mulher de gêmeo morto por homofobia pede justiça


Publicado pelo Extra
Quando imagino minha vida daqui para frente, penso em tristeza. Será muito triste criar meu filho sozinha, sem ele (Leonardo). O sonho dele era ter um filho, mas fizeram isso e ele não pôde nem conhecer - lamenta N. G., de 15 anos, grávida de três meses de José Leonardo da Silva, 22. Leonardo morreu após ser agredido por um grupo que confundiu ele o irmão gêmeo, José Leandro da Silva, com um casal gay, na saída de uma festa, no domingo, na cidade de Camaçari, na Grande Salvador, na Bahia.
Muito abalada, a jovem tenta entender o porquê das agressões.
- Não tem explicação mesmo. Se eles fossem (homossexuais), não precisava ninguém fazer isso. Violência gratuita.
Ela cobra das autoridades punição para todos os envolvidos na morte do marido. - Oito pessoas participaram das agressões e apenas três foram presas. Espero que os outros sejam identificados e punidos. Eles tiraram a vida de um inocente, homem honesto e trabalhador. Têm de pagar pelo que fizeram - ressaltou.
A viúva lembra que Leonardo estava tão feliz com a gravidez que já havia até escolhido os nomes para a criança: Alejandro, se menino, e Rose para menina.
Maria Lucineide Neto, mãe da garota, pretende ajudar a filha a criar a criança. ..... - A vida dela está destruída. Como ela vai cuidar dessa criança sozinha? Só Deus. Vou ter que correr atrás de psicólogo para ela, mas não vai se recuperar nunca.
Segundo ela, a família de Leonardo está revoltada com os boatos de que o jovem foi assassinato porque era comparsa de um bandido conhecido como Felipe, morto recentemente. Revolta maior, diz Maria, é da mãe da vítima, que sempre orientou os gêmeos a serem trabalhadores e respeitar as pessoas.
- Desde pequenos, foram criados trabalhando. Vendiam 'geladinho' aos 10 anos de idade - conta.
A Bahia registrou 15 mortes por homofobia esse ano. Em 2011, o estado teve, pelo sexto ano consecutivo, o maior número de mortes (28) por homofobia do Brasil, à frente de Pernambuco (25) e São Paulo (24). Os dados são do levantamento anual feito pelo Grupo Gay da Bahia. No Brasil, foram 266 homicídios em 2011. Este ano, já são 104 mortes contabilizadas em todo o país.
- Casos como esse em Camaçari revelam que a homofobia pode causar danos a qualquer pessoa. É mais sério do que se pensa - afirma o professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e membro do Conselho Nacional LGBT Leandro Colling.
Homossexual assumido, o produtor Benin Ortiz, 24 anos, foi vítima de homofobia aos 14 anos, dentro da escola, quando um garoto, que já o perseguia, deu um chute na barriga dele. Benin, que morou em Londres e Tel Aviv, fica “espantado” com a forma como tratam a questão no Brasil.
- A população é ignorante. Não entende que existem várias formas de amar - aponta. Benin.
Ativistas e pessoas que sabem os males da homofobia torcem pela aprovação do projeto de lei que criminaliza a prática. Mas a votação do projeto no Senado foi adiada para 2013, por divergências provocadas, na maioria, pela bancada evangélica.

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