Publicado pelo Brasil Sem Pedofilia
O Psicanalista, Psicólogo e Psicopedagogo Eliseu de Oliveira Neto refutou as informações de que a American Psychiatric Association (APA) em sua mais recente edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais classifica a pedofilia como uma orientação sexual em vez de um distúrbio.
Segundo ele, houve um erro na versão impressa ao caracterizar a pedofilia no DMS-5, que é o manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, usado como referência mundial na psiquiatria para diagnosticar transtornos através de sintomas.
Segundo nota oficial divulgada pela APA, o critério para diagnóstico da doença continua o mesmo usado na versão anterior da publicação, DSM-4 e a única mudança real é de nomenclatura. O livro passou a usar o termo “transtorno pedofílico” ao invés de “pedofilia”, o que foi na realidade um avanço, já que considera agora que o indivíduo pode “estar pedófilo”, mas que com o devido tratamento pode aprender a controlar seus impulsos.
Ainda segundo a nota da APA, “orientação sexual” não é um termo usado no diagnóstico do transtorno pedofílico e o texto deveria ter saído como “interesse sexual”, já que a associação considera a doença como uma “parafilia” e não uma “orientação sexual”.
Leia abaixo texto de Eliseu Neto na íntegra.
Pedofilia, histeria e mais mentiras de religiosos e homofóbicos para agredir os gays
Por Eliseu de Oliveira Neto
Como sempre, a revista Veja sendo leniente com a utilização de baixarias para ganhar ibope entre puritanos. Fico feliz de já ter cancelado minha assinatura desta publicação desde o episódio do editorial que misturava gays com cabras e espinafre no ano passado.
Dessa vez, li no site de Veja um texto agressivo comentando o “fato” de pedofilia ser uma orientação sexual, no qual o colunista Rodrigo Constantino usa como fonte um site religioso (que inclusive ontem mesmo já DESMENTIU a veracidade da informação) para vociferar todo o seu preconceito e ignorância. Rodrigo até agora não se retratou.
A confusão toda começou por causa de um ERRO ao caracterizar a pedofilia nas versões impressa e online do DMS-5, que é o manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (ou simplesmente “manual de transtornos mentais”), usado como referência mundial na psiquiatria para diagnosticar transtornos através de sintomas.
A edição foi lançada em maio deste ano pela Associação Psiquiátrica Americana (American Psychiatric Association, APA), mas a polêmica começou nos Estados Unidos apenas há cerca de uma semana, quando um blog chamado NeonTommy da Universidade da Califórnia do Sul descobriu a palavra “orientação” no texto e não imaginou que se tratava de um erro (e obviamente também não pensou em checar com a própria APA antes de começar a gritaria).
É importante mencionar que, no dia de ontem, 31 de outubro de 2013, quando a repercussão ganhou corpo no Brasil, tive acesso apenas à versão online do manual. Esta já tinha sido corrigida ontem mesmo pela APA para retirar o termo errôneo; razão pela qual não achei tal palavra (“orientação”) no documento.
Segundo nota oficial divulgada pela APA também ontem, o critério para diagnóstico da doença continua o MESMO usado na versão anterior da publicação, DSM-4. A única mudança REAL que aconteceu continua sendo, portanto, a de nomenclatura. O livro passou a usar o termo “transtorno pedofílico” ao invés de “pedofilia”, o que foi na realidade um avanço, já que considera agora que o indivíduo pode “estar pedófilo”, mas que com o devido tratamento pode aprender a controlar seus impulsos.
É simplesmente a psiquiatria “descobrindo a pólvora”. A psicanálise já entende há mais de cem anos que existe a “estrutura perversa” e o “neurótico” (todos nós) que pode (ou não) cometer essas perversões. A psiquiatria entender que existe uma diferença, e que alguns podem e devem passar por tratamento, é algo que deve ser comemorado e não temido.
Ainda segundo a nota da APA, “orientação sexual” não é um termo usado no diagnóstico do transtorno pedofílico e o texto deveria ter saído como “interesse sexual”, já que a associação considera a doença como uma “parafilia” e não uma “orientação sexual”.
A associação complementa dizendo que permanece firme junto aos esforços para penalizar criminalmente aqueles que abusam e exploram crianças e adolescentes; e que também dá apoio ao contínuo estudo para o desenvolvimento de tratamentos para quem sofre do transtorno, na esperança de impedir futuros atos de abuso.
A verdadeira histeria coletiva que se instaurou a partir da republicação indiscriminada da confusão por sites religiosos pode ser resumida no comentário de um leitor na página do próprio site que foi usado como referência pelo colunista de Veja, quando (o site) fez seu ‘mea-culpa’ e admitiu que estava errado em suas afirmações iniciais: “Vocês estão pegando a linguagem científica e a distorcendo para associar pedofilia com os gays e isso é uma mentira ofensivamente barulhenta”.
Para acalmar ainda mais os ânimos, prestem atenção no seguinte: o tal site religioso “Charisma News” (esse mesmo que já se retratou), citado por Rodrigo Constantino em seu blog, usou por sua vez como base para suas alegações informações vindas (logo de quem) da Associação Familiar Americana (American Family Association ou AFA), uma associação ultra-homofóbica dos Estados Unidos.
Para resumir: sexo com crianças continua sendo crime, como sempre foi; e um transtorno sexual é algo que deve ser combatido legal e psicologicamente.
Mas não tem ABSOLUTAMENTE NADA A VER com orientação sexual.
Eliseu de Oliveira Neto é Psicanalista, Psicólogo, Psicopedagogo e Professor de Pós-graduação e Gestor de Carreiras.
FONTE: PORTAL BRASILIA EM PAUTA
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