domingo, 13 de maio de 2012

Folha: "Mães de gays saem em marcha hoje contra a homofobia"




LILO BARROS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

CAROLINA LEAL DE SÃO PAULO

Dica da Querida Ivone Pita

Yuri tinha 12 anos. Estudava em uma escola particular na zona leste de São Paulo. Durante as aulas de francês, o professor escrevia na lousa a palavra "bambi". Depois voltava os olhos para Yuri, ria muito e incentivava que as outras crianças também rissem.

"Ele ainda chora com essa lembrança", conta a mãe de Yuri, Clarice Pires, 60. A empresária é uma das mães de gays que irão se reunir hoje, a partir das 17h, na esquina da avenida Paulista com a rua Augusta, para depois "marchar" em direção ao largo do Arouche (centro de São Paulo).

Ela vai participar da caminhada em comemoração ao Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia, organizada pelo governo do Estado e pela Prefeitura de São Paulo.

"Essa ação é para mostrar que não dá mais para que pessoas sejam agredidas ou até mesmo mortas por causa da orientação sexual", diz Heloísa Gama, da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. 


No mês que vem, outro evento deve movimentar a comunidade LGBT --a tradicional Parada Gay, no dia 10, com o tema "Homofobia Tem Cura: Educação e Criminalização!".

MÃES UNIDAS

Clarice diz que a história das aulas de francês ainda está entalada na garganta do filho. Yuri é homossexual assumido, tem hoje 34 anos e trabalha em uma empresa em Nova York. Ela conta que sempre respeitou o filho. "Minha preocupação era com os outros."

Reação diferente teve a professora aposentada Edith Modesto, 73. Em 1992, quando a mãe de sete filhos descobriu que o caçula Marcello, 32, era gay, perdeu o chão. "Eu caí dura. Levei uma paulada."

Apesar da crise, o amor de mãe foi maior. Cinco anos depois, Edith fundou o Grupo de Pais de Homossexuais (GPH), para ajudar outras famílias.

"Quando o filho sai do armário, é a mãe que entra", brinca Edith, que promete ir hoje à passeata na Augusta.

A aposentada Neusa Dutra, 61, que precisou de ajuda para aceitar o filho gay Chico, 29, também. No começo, foi difícil. "Depois de um tempo caiu a ficha. Vi que quem precisava de tratamento era eu, não ele."

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