domingo, 29 de julho de 2012

Pará: Disque-denúncia recebe capacitação sobre homofobia


Publicado no Diário do Pará
Dica de Augusto Martins
Os servidores do disque-denúncia estarão, a partir da próxima semana, aptos a identificar homofobia e a identidade de gênero a partir das denúncias recebidas. A capacitação faz parte do Plano Estadual de Combate a Homofobia do Governo do Estado do Pará, que pretende melhorar a maneira de atender esse grupo, perceber a homofobia, além de extrair as informações que podem contribuir para as investigações. As aulas também chagarão a Polícia Militar e as superintendências da Polícia Civil.
De acordo com a diretora da Divisão de Atendimento a Grupos Vulneráveis, Christiane Lobato, a ideia é criar um vínculo de confiança com a comunidade homoafetiva. “Todos precisam conhecer as particularidades desse atendimento. Esse grupo, muitas vezes, deixa de denunciar porque não confia na recepção da denúncia porque ainda existe o preconceito institucional. Quando eles perceberem que já sabemos como atendê-los, vão denunciar. E nós precisamos das denúncias porque sem dados não podemos estabelecer políticas de combate. Fica parecendo que está tudo bem, quando sabemos que a homofobia existe”, explica.
O curso é ministrado por integrantes do movimento LGBT. No primeiro momento, os atendentes aprenderam a notar as identidades de gênero, depois a identificar quando há homofobia e terminaram simulando um atendimento. As próximas capacitações começam em agosto. No mês seguinte, junto a Campanha de Combate a Homofobia que vai iniciar, a Delegacia de Crimes Homofóbicos estará funcionando, o que representa mais etapas do Plano Estadual que serão cumpridas.
Para a assessora Jurídica do Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia, Bruna Lorrane, a capacitação vai atender a um receio da comunidade. “Os órgãos de segurança são os primeiros contatos da vítima e as delegacias, por exemplo, não são receptivas. Há machismo, falta de informação e também, por isso, a comunidade LGBT tem receio de fazer as denúncias. Por isso depois do disque-denúncia, vamos passar pelas polícias Militar e Civil, para capacitar o máximo do aparato”, afirma. 
Trotes ainda dificultam o trabalho, diz diretora
Para garantir que o trabalho esteja em pleno funcionamento, é importante evitar um grave problema que os números de denúncia e de emergência ainda passam: os trotes. “A população deve saber que o disque-denúncia (181) não é para situações flagranciais, e sim para investigações. O que for urgente deve ser avisado ao 190. Além disso, muita gente faz denúncias que não existem por brigas com vizinhos ou dão um endereço inexistente. Isso dificulta nosso trabalho, traz gastos de mandar uma equipe para verificar a denúncia, além de deixarmos de atender uma denúncia procedente”, argumenta a diretora Christiane Lobato.
Nos casos de homofobia é difícil haver denúncia. “A grande maioria das ligações para o 181 não são feitas pelas vítimas, e sim por terceiros. Mas a gente espera que agora isso mude. Principalmente, no caso da homofobia, quase não recebíamos denúncias. Esperamos que informando a comunidade LGBT da capacitação isso mude”, considera.

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