Publicado no Diário do Pará 
Dica de Augusto Martins
Os servidores do disque-denúncia estarão, a partir da próxima semana, 
aptos a identificar homofobia e a identidade de gênero a partir das 
denúncias recebidas. A capacitação faz parte do Plano Estadual de 
Combate a Homofobia do Governo do Estado do Pará, que pretende melhorar a
 maneira de atender esse grupo, perceber a homofobia, além de extrair as
 informações que podem contribuir para as investigações. As aulas também
 chagarão a Polícia Militar e as superintendências da Polícia Civil. 
De acordo com a diretora da Divisão de Atendimento a Grupos Vulneráveis,
 Christiane Lobato, a ideia é criar um vínculo de confiança com a 
comunidade homoafetiva. “Todos precisam conhecer as particularidades 
desse atendimento. Esse grupo, muitas vezes, deixa de denunciar porque 
não confia na recepção da denúncia porque ainda existe o preconceito 
institucional. Quando eles perceberem que já sabemos como atendê-los, 
vão denunciar. E nós precisamos das denúncias porque sem dados não 
podemos estabelecer políticas de combate. Fica parecendo que está tudo 
bem, quando sabemos que a homofobia existe”, explica. 
O curso é ministrado por integrantes do movimento LGBT. No primeiro 
momento, os atendentes aprenderam a notar as identidades de gênero, 
depois a identificar quando há homofobia e terminaram simulando um 
atendimento. As próximas capacitações começam em agosto. No mês 
seguinte, junto a Campanha de Combate a Homofobia que vai iniciar, a 
Delegacia de Crimes Homofóbicos estará funcionando, o que representa 
mais etapas do Plano Estadual que serão cumpridas. 
Para a assessora Jurídica do Grupo de Resistência de Travestis e 
Transexuais da Amazônia, Bruna Lorrane, a capacitação vai atender a um 
receio da comunidade. “Os órgãos de segurança são os primeiros contatos 
da vítima e as delegacias, por exemplo, não são receptivas. Há machismo,
 falta de informação e também, por isso, a comunidade LGBT tem receio de
 fazer as denúncias. Por isso depois do disque-denúncia, vamos passar 
pelas polícias Militar e Civil, para capacitar o máximo do aparato”, 
afirma.  
Trotes ainda dificultam o trabalho, diz diretora 
Para garantir que o trabalho esteja em pleno funcionamento, é importante
 evitar um grave problema que os números de denúncia e de emergência 
ainda passam: os trotes. “A população deve saber que o disque-denúncia 
(181) não é para situações flagranciais, e sim para investigações. O que
 for urgente deve ser avisado ao 190. Além disso, muita gente faz 
denúncias que não existem por brigas com vizinhos ou dão um endereço 
inexistente. Isso dificulta nosso trabalho, traz gastos de mandar uma 
equipe para verificar a denúncia, além de deixarmos de atender uma 
denúncia procedente”, argumenta a diretora Christiane Lobato. 
Nos casos de homofobia é difícil haver denúncia. “A grande maioria das 
ligações para o 181 não são feitas pelas vítimas, e sim por terceiros. 
Mas a gente espera que agora isso mude. Principalmente, no caso da 
homofobia, quase não recebíamos denúncias. Esperamos que informando a 
comunidade LGBT da capacitação isso mude”, considera.

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