quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Morre Gore Vidal, reconhecido intelectual gay que desafiou gerações


Publicado na Nossos Tons
Morreu na terça-feira(31), vítima de pneumonia e aos 86 anos de idade, o escritor norte-americano Gore Vidal. Gore, que se definia como uma "puta fina", era considerado um dos principais intelectuais gay do mundo. "Não existe isso da pessoa homossexual ou heterossexual. Apenas existem atos homossexuais ou heterossexuais", chegou a declarar.
Eugene Luther Gore Vidal nasceu no dia 3 de outubro de 1925 em um hospital militar em West Point, no estado de Nova York e começou a escrever aos 19 anos, quando servia como soldado no Alasca. Considerado um dos escritores americanos mais ilustres do século passado, ele produziu 25 livros, mais de 200 ensaios e peças de teatro, incluindo os best-sellers "Lincoln" e "Myra Breckenridge", além de roteiros para cinema - entre eles, o do filme "Ben-Hur". Gore Vidal foi ainda argumentista de filmes como "Calígula" (1979) e "Is Paris Burning" (1966). O seu terceiro romance, "A Cidade e o Pilar", causou sensação em 1948, por ter um homossexual assumido como protagonista. Publicou ainda com os pseudônimos Edgar Box, Katherine Everard e Cameron Kay.
Ao lado de Truman Capote e Norman Mailer, ele fez parte de uma geração de escritores que eram também celebridades. Seus comentários ácidos e espirituosos eram bastante apreciados; Vidal aparecia constantemente em talk shows na TV e em colunas sociais. Seu círculo de amigos incluiu Tennessee Williams, Orson Welles e Frank Sinatra. Ele também era próximo da família Kennedy, em especial de Jackie Kennedy, que era sua irmã de criação.
Foi uma das primeiras figuras públicas a combater os estereótipos em torno dos homossexuais. Na edição de Setembro de 1969 da revista "Esquire" o também ensaísta escreveu: "Todos somos bissexuais. Trata-se de um fato da nossa natureza. E todos somos sensíveis a estímulos sexuais do nosso próprio sexo bem como do sexo oposto. Certas sociedades, em certas ocasiões, sobretudo pelo interesse em manter o abastecimento de bebês, têm desencorajado a homossexualidade. Outras sociedades, especialmente as militaristas, têm-na exaltado. Mas, independentemente de tabus tribais, a homossexualidade é uma constante da condição humana e não é doença, nem pecado, nem crime... Apesar dos melhores esforços das nossas tribos de puritanos para que o seja. A homossexualidade é tão natural como a heterossexualidade. Reparem que eu utilizo 'natural' e não normal."
Em 1950, Vidal conheceu Howard Austen, que foi o grande amor de sua vida, e com quem morou num palácio de cinco andares em Ravello, Itália, até a morte de Austem. Em 2005, após o falecimento de Howard, Vidal decidiu se mudar para Los Angeles.

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