domingo, 28 de outubro de 2012

Portugal identifica falta de informação sobre homossexualidade nos currículos universitários


 
Publicado no Correio da Manhã
 
Mais de metade dos futuros profissionais das áreas da Saúde, Educação, Direito e Psicossocial não tiveram contacto com qualquer informação científica sobre homossexualidade e homoparentalidade nos currículos universitários, indica um estudo da Universidade do Porto.
 
O estudo "Homoparentalidades num contexto heteronormativo", da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, analisou as atitudes face à diversidade sexual de pessoas que, nas suas áreas específicas de intervenção, lidarão com crianças, jovens e adultos e averiguou o seu contacto pessoal e científico com a diversidade sexual.
 
Para tal, inquiriu 1.288 estudantes de 12 instituições de ensino superior de diversas regiões do país, que frequentavam os dois últimos anos de nove licenciaturas de quatro áreas: Psicossocial (Psicologia, Serviço Social, Educação Social e Sociologia), Saúde (Medicina e Enfermagem), Educação (Ensino Básico e Educação de Infância) e Jurídica (Direito).
 
O estudo alerta para a importância da formação de futuros médicos acerca de temáticas LGBT e da sua consciencialização enquanto agentes promotores da saúde de todas as pessoas, independentemente da sua orientação sexual.
 
Em declarações à Lusa, o autor do estudo, Jorge Gato, adiantou que "54% dos futuros intervenientes da rede social inquiridos não tiveram contacto com nenhum tipo de informação sobre homossexualidade ou homoparentalidade no âmbito das licenciaturas, um número que sobe para 80% no caso dos alunos de educação de infância".
 
Para Jorge Gato, "é fundamental que se intervenha ao nível da formação dos professores e daquilo que é ensinado nas escolas para que as coisas mudem, porque os professores têm um ascendente grande sobre os alunos".
 
"Considerando que os estudantes inquiridos frequentavam os últimos anos dos respectivos cursos, parece claro que a presença destas temáticas no currículo não constitui ainda uma preocupação na maior parte das formações analisadas", refere o investigador.
 
Como tal, defende, os currículos das licenciaturas devem incluir informação cientificamente validada e a consciencialização dos futuros profissionais acerca das suas atitudes face à diversidade sexual.
 
"Sabemos que a informação só por si não muda as atitudes, mas é responsabilidade dos cursos dar formação cientificamente validada a estas pessoas", defendeu. Para Jorge Gato, a falta de informação científica poderá explicar "parcialmente" as atitudes dos estudantes perante estes temas.
 

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