Visto no site da Globo News
O professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ Francisco Carlos Teixeira fala sobre a relação do novo Papa com Cristina Kirchner e a posição dele em relação ao casamento entre homossexuais e o aborto.
Nos jornais argentinos, uma grande repercussão sobre a eleição do Papa Francisco, natural de Buenos Aires, e a suposta polêmica de que a presidente do país, Cristina Kirchner, não teria simpatia por Jorge Mario Begoglio, enquanto cardeal. “A questão é muito grave porque o casal Kirchner, e ela particularmente, foram muito duros com o cardeal. Eles chegaram a impedir que missas festivas fossem feitas em Buenos Aires, transferindo para outras províncias, para que o cardeal não estivesse presente. Enquanto cardeal, ele era muito amigo de Eliza Carrió, uma líder da oposição à esquerda de Cristina Kirchner, e tem uma amizade especial pelo ex-prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, o diretor do Boca Juniors. Ele é o grande opositor de Cristina, e o Papa o trata como filho. Cristina vai à Roma, e isso, na linguagem histórica, em que os imperadores resolviam ir à Roma, era reconhecer a derrota”, explica Francisco Carlos Teixeira, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ.
Há ainda outra polêmica, de que o Papa Francisco, enquanto cardeal, teria sido omisso na época da ditadura. Hoje, Adolfo Perez Esquivel declarou que isso não aconteceu. “É muito complicado no nosso país e no Chile a atuação da igreja durante aqueles anos difíceis da ditadura. No caso da Argentina, a igreja se ausentou. A acusação que pesa contra o Papa hoje é a de que ele teria sido omisso na desaparição e prisão de dois padres jesuítas, o padre Francisco e o padre Orlando. Na verdade, Perez Esquivel, que é um histórico defensor do direitos humanos, Prêmio Nobel da Paz por isso, disse hoje na primeira página de La Nación, que isso não é verdade. E o Papa, no seu livro de memórias, ainda como cardeal, diz: ‘Eu não tinha forças. Eu não conhecia’. Então, acusar alguém de omissão dessas condições é complexo”, declara o professor.
A posição do novo Papa sobre união homossexual e aborto
Enquanto cardeal, em Buenos Aires, Jorge Mario Begoglio já lutava contra a união entre homossexuais e contra o aborto. Francisco Teixeira diz que isso não deve mudar. “Se as pessoas estão esperando alguma mudança radical, não haverá. Francisco fez uma opção pelos pobres, pelo serviço social, o que ele já fazia em Buenos Aires, mas ele sinaliza que os valores morais não vão mudar. Aquilo que marcou a administração dele em Buenos Aires, a luta contra a união dos gays, a luta contra o aborto, a luta contra a educação pública laica, vão continuar como elementos fundamentais”, declara.
O professor lembra ainda de um caso ocorrido em Buenos Aires, quando um rapaz matou a própria mãe. “O cardeal, hoje Papa, deu uma entrevista dizendo: ‘Por que vocês estão escandalizados quando um filho mata a mãe, se tem centenas de mães que todo dia matam os filhos?”.
Veja o vídeo aqui.
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