Visto no Opera Mundi
Com o objetivo de eliminar “questões controvertidas e suscetíveis de
doutrinamento ideológico”, o Ministério da Educação da Espanha decidiu
rebatizar o polêmico projeto Educação para a Cidadania para Educação
Cívica e Constitucional e desenvolver uma série de modificações
idealizadas pelo ministro José Ignacio Wert.
Agora, a proposta de reforma do sistema de ensino do país encabeçada em
2006 pelo governo do PSOE (Partido Socialista Operário da Espanha)
tentará excluir do currículo dos alunos da rede pública quaisquer
referências a conflitos sociais e à homossexualidade. Mais além, também
buscará espaço para incorporar à educação básica dos espanhóis temas
como a “iniciativa privada” e a “crítica ao nacionalismo excludente”.
Em 2006, entidades religiosas como a Conferência Episcopal Espanhola
revelavam-se as grandes opositoras às mudanças. Contudo, agora que o
conservador PP (Partido Popular) decidiu intervir na questão, passaram a
manifestar seu apoio à reforma e se disseram ansiosas por
“concretizações”.
O jornal espanhol El País teve acesso à proposta, que não terá mais a
única cláusula na qual condenava atos de homofobia. Esse era um dos
principais pontos de maior atrito entre religiosos e o antigo governo
socialista.
Outros termos nos quais se previa o estudo de tensões sociais foram
fortemente modificados, de tal forma que “atividades sociais que
contribuam para uma sociedade justa e solidária”, conforme previa o
projeto original, tornem-se secundárias. Em geral, as alterações do
documento substituíram conteúdos anteriormente bem delimitados por um
vocabulário muito mais genérico.
Desaparecem do texto, por exemplo, referências antes presentes, como
“riqueza e pobreza” e “a falta de acesso à educação como fonte de
pobreza”. No lugar delas surgem elementos bem menos objetivos, como “o
dever de transparência na gestão pública”, “as eleições” e “o
parlamento”.
O mesmo ocorre com a seção sobre homossexualidade, que perdeu um
parágrafo inteiro no qual é instituída a aprendizagem da “valorização
crítica da divisão social e sexual do trabalho”, bem como “os
preconceitos sociais racistas, xenófobos, antissemitas, sexistas e
homofóbicos”.
A Conferência de Educação, prevista para a próxima quinta-feira
(24/05), abordará essas mudanças e discutirá ainda o decreto que
endurece os critérios para ser beneficiário de uma vaga em uma
universidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário