Por Neto Lucon  para o E+ (Estadão) 
Dica de Bru Waldorf (Via Facebook)
Pela primeira vez na história da 
televisão brasileira uma transexual se tornou repórter de um programa 
feminino. No programa Mulheres (TV Gazeta), a modelo mineira Carol Marra
 se destacou em um quadro, e foi convidada para desenvolver reportagens 
especiais sobre cultura, gastronomia e, claro, moda.
Formada em jornalismo, Carol foi 
descoberta no Fashion Rio 2011, entrou para o casting a agencia Wool 
Agency, participou de vários desfiles e, agora, se diz realizada com a 
oportunidade na TV. “O convite surgiu pelo meu talento e capacitação 
profissional, não pela minha condição sexual”, diz a top.
Ela falou ao E+:
Depois de um ano modelando, diria adeus à carreira nas passarelas pela carreira de apresentadora?
Nunca planejei ser modelo, aconteceu
 por acaso e abracei essa profissão com carinho e dedicação. Mas, 
diferente das outras modelos, eu comecei tarde na profissão. Não tenho 
mais 17 anos, tenho 24. Portanto, quero aproveitar as oportunidades e, 
até quando der, me dedicar a outras coisas sem abandonar as passarelas. 
Como surgiu o convite para ser repórter especial da TVGazeta? 
O diretor Rodrigo Riccó assistiu a 
entrevista que fiz ao programa e me achou articulada e desenvolta. 
Quando soube que eu era jornalista, fez o convite para o quadro Repórter
 Por um Dia. Acabou que já apresentei cinco matérias para o programa 
(ri). Acho que me saí bem, pois a produção elogiou bastante. Sinto que 
nasci pra isso, amo me comunicar, amo televisão.
Quais pautas você irá abordar no programa? 
A princípio, sou uma repórter 
especial, faço pautas de comportamento e cultura, mas não tenho nada 
definido. Fiz a cobertura da pré-estreia do musical Tim Maia, a 
exposição de Marylin Monroe, matérias de gastronomia e sobre o Minas 
Trend Preview, que é a primeira semana de moda no calendário da moda do 
Brasil. Tenho ideias de um quadro fixo. É um projeto que vou apresentar à
 direção do programa.
O programa se chama Mulheres. Isso lhe deixa lisonjeada?
Me sinto lisonjeada pelo convite, 
porque sei que sou competente e capaz, não por ser transgênera. Penso 
que o convite da emissora surgiu pelo meu talento e capacitação 
profissional, não pela minha condição sexual. Uma mulher não se resume a
 uma genitália. Ser mulher é algo grandioso, está na alma, é ter uma 
sensibilidade especial.
Já assistia ao Mulheres anteriormente?
Assisto a Cátia Fonseca 
(apresentadora do programa) desde quando era criança, no programa Note 
& Anote, da Record. Eu adorava as aulas de artesanato, já fiz 
 algumas travessuras em casa. Gosto desses programas femininos, embora 
não tenha tanto tempo para assistir por conta da carreira de modelo.
Diante de tantas apresentadoras, o que acha da Cátia?
Ela é uma pessoa incrível, de uma 
sensibilidade e alegria que nos contagia. Passei uma tarde no estúdio e é
 impressionante o poder de comunicação dela, que não usa o TP 
(telemprompter, aparelho que a apresentadora lê em frente das câmeras). 
Ela é gente como a gente, não tem frescuras, por isso é tão querida e 
respeitada.
Como os telespectadores encaram uma repórter transexual?
Por incrível que pareça, recebo 
muito carinho do publico. Só mensagens de incentivo e elogio. Cada dia 
mais percebo que donas de casa, mães de família  me respeitam e  admiram
 o meu trabalho. É impressionante: onde achei que teria uma barreira e 
preconceito, não encontrei. Isso se deve pela minha conduta profissional
 séria. Não quero ser uma repórter palhaça,  caricata. Quero mostrar 
conteúdo, de forma leve, sem ser pedante.

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