domingo, 1 de julho de 2012

Rio: Casos de homofobia devem ser notificados pelos hospitais, diz Prefeitura


Publicado pelo O Dia
A Prefeitura do Rio, através da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual (CEDS), lançou na última quinta-feira, um conjunto de ações para combater a homofobia no município do Rio em comemoração ao Dia Mundial da Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros), celebrado em 28 de junho.
Estiveram presentes no Palácio da Cidade, em Botafogo, o prefeito Eduardo Paes, o coordenador especial da Diversidade Sexual, Carlos Tufvesson, o secretário municipal de Saúde e Defesa Civil, Hans Domann, a secretária municipal de Assistência Social, Fátima Nascimento e a delegada chefe da Polícia Civil, Marta Rocha.
Na ocasião, o prefeito Eduardo Paes assinou um decreto que torna obrigatório o preenchimento de formulário específico na rede de saúde para a notificação compulsória mediante ciência nos casos de registro de ódio homofóbico. Tal decisão é pioneira no país e será efetivada não só em todas as unidades de saúde pública e privada da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil.
“O dia de hoje lembra nossos compromissos com os Direitos Humanos. Essa questão da diversidade sexual é respeitada e exigida pela Polícia Civil. Hoje, a Prefeitura dá um grande ensinamento ao povo dessa cidade e ao Brasil com a necessidade da notificação obrigatória. Com isso, nós teremos a ideia real do tamanho desse crime, do desrespeito aos direitos humanos. Talvez essa decisão da notificação tenha sido a mais sábia e a mais acertada”, elogiou a delegada Marta Rocha.
Entre os presentes no Palácio da Cidade para assinatura do decreto do Prefeito estavam Lucinha Araujo, Lenny Niemeyer, Yara Figueiredo, Jacob e Simone Orlean, Glorinha Pires Rebelo, André Piva, Antonia Fontenelle, Marcelo Faustini, Bayard Tonelli, Betina Durovni, Christina Moreira e Vanja Ferreira, entre outros muitos convidados.
Dentro desse pacote de ações, foi também assinada por Tufvesson e pela secretária municipal de Assistência Social, Fátima Nascimento a resolução que renova e garante a continuidade do projeto DAMAS, que capacita profissionalmente travestis e transexuais e auxilia em sua inserção no mercado de trabalho.
“Após pesquisa entregue a esta Coordenadoria pelo grupo TransRevolução, que apontava que 95% das travestis e transexuais que se prostituem gostariam de serem inseridas no mercado de trabalho, não temos como não continuar esse importante e pioneiro projeto da prefeitura do Rio”, afirma o coordenador especial da Diversidade Sexual, Carlos Tufvesson, que completa: “O DAMAS reacende a cidadania dessas cidadãs que fazem parte do recorte de gênero que mais sofre preconceito em toda a nossa sociedade”.
Vale ressaltar que o DAMAS foi retomado no início de 2012, teve seu conteúdo pedagógico reformulado e aumentou a carga-horária semanal. O projeto DAMAS funciona hoje com duas turmas de 20 alunas cada e com essa resolução, iniciará seleção para a formação de mais duas turmas.
Também foi apresentado na tarde desta quinta-feira, a campanha “Discriminação: sem denúncia, não há solução”, mais uma vertente do programa Rio Sem Preconceito, criado e dirigido pela Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual. De 28 a 30 de junho, será realizada intensa panfletagem com distribuição de material gráfico em locais de frequência LGBT da cidade nas zonas Sul, Norte, Oeste e no Centro da cidade, reforçando a importância de se exercer a cidadania através da denuncia em caso de violação dos direitos civis.
“A ausência de cidadania imposta à comunidade homossexual – cerceada de diversos direitos civis – faz com que violações a sua cidadania não sejam denunciadas. De nada adianta termos leis de proteção se elas não forem reivindicadas”, conclui Tufvesson.
Será reforçada aos cidadãos a existência da lei 2475/96 que proíbe terminantemente a discriminação aos LGBTs nos bares, restaurantes e comércio em geral, assim como também nas repartições públicas municipais. Carlos Tufvesson e a Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual também receberam uma moção de louvor oferecida pela Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a vereadora Teresa Bergher.
“A Coordenadoria cumpre um papel que é muito mais importante do que as iniciativas que a gente tem nessas datas especiais, como trazer permanentemente para o município esse tema. O fundamental é tratar esse tema de maneira concreta. O Rio é uma cidade aberta. Não vamos tolerar uma cidade com nenhum tipo de manifestação de preconceito, de ódio, de violência contra os direitos das pessoas porque essa é uma cidade que recebe todos muito bem. O Rio vai prosseguir sendo a marca da diversidade, da cidade aberta, que a gente sempre foi”, encerrou o prefeito Eduardo Paes.

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