Publicado pela BandPress
Artigo de Arnaldo dos Anjos
É espantoso constatar que em pleno século 21, tempo de grandes saltos
tecnológicos e de informação sendo despejada por todos os lados para
todo que qualquer um que as busque, ainda presenciemos situações com
claros resquícios da barbárie inerente -embora inaceitável- ao ser
humano. Pior é perceber que a família, que em tese deveria ser a
responsável não só por atender as necessidades básicas de um
adolescente, mas também orientá-lo e principalmente protege-lo, seja no
fim das contas, em muitos casos, o próprio agente opressor.
Não é novidade dizer que em função da inquietação e discriminação
existentes na sociedade em torno da prática homossexual, a homofobia, o
adolescente, temendo ser rejeitado, muitas vezes esconde sua condição e
se isola, colocando sua saúde em risco. Neste caso, a família exerce –
ou deveria exercer - papel fundamental no direcionamento destes
adolescentes. Lamentavelmente isso é muito mais uma exceção do que a
própria regra.
Presenciei, não de forma passiva, a exposição pública e vexatória de um
rapaz de 16 anos pelo pai que acabara de descobrir que o adolescente era
homossexual. Além de espanca-lo em publicamente na frente dos amigos e
do namorado do garoto, o pai em sua clara demonstração de pátrio poder e
masculinidade vociferava toda sorte de injúrias contra aquele ao qual
devia proteger, acolhere respeitar. Mesmo em meio ao protesto dos
passantes, o homem não se intimidou e em alto e bom tom declarou que
“preferia um filho ladrão, um drogado, um assassino, mas viado não”.
Creio que tudo que eu possa dizer á respeito, toda minha indignação e
profunda tristeza não serão em absoluto coisas novas. Lamentavelmente
vivemos numa sociedade homofóbica que discrimina com violência a
homossexualidade, fazendo com que homossexuais se exponham a riscos para
a saúde por medo de terem a sua orientação sexual revelada.
Por conta desta segregação sofrida pela sociedade e em muitos casos pela
própria família, jovens se lançam em segredo numa vida desregrada de
promiscuidade em que buscam através da prática sexual inconsequente o
preenchimento de seu vazio existencial. Sua autoestima é abalada ao
ponto destes jovens aceitarem os estigmas que lhes são impostos. Postos
como escória, comportam-se como escória. Isso sem contar a quantidade
espantosa de jovens homossexuais que sucumbem ás pressões e perseguições
sofridas em seu ambiente de convívio e terminam por cometerem suicídio.
Seria essa a modernização do clássico de Shakespeare, onde os amantes
impossibilitados de entregarem-se ao sentimento tão vivo e puro dentro
de si, encontram na morte a solução para a questão?
Lembremos que, nenhum valor, seja ele religioso, político, ideológico,
se sobrepõe ao humano. E que pouca valia há em lamentar a perda de um
filho, seja para as drogas, para a prostituição, para a morte, entre
tantas outras possibilidades, sem que antes tenha se esgotado todas as
possibilidades de auxílio, pautadas na compreensão, na tolerância e no
respeito ao ser humano em questão.
“Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.”
Albert Einstein, genial como era. Atual como é!
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