Publicado pelo UOL
Por Felipe Werneck e Antonio Pita
O estudo do perfil dos municípios brasileiros produzido pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta terça-feira
apontou que os municípios brasileiros ainda estão longe de adotar
políticas contra a homofobia. Em 2011, apenas 79 municípios (1,4% do
total) possuíam legislação específica sobre o tema e 99 (1,8%) tinham
programas ou ações de combate à violência contra a população de gays,
lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT).
A temática da homofobia e sexualidade também foi investigada pela
pesquisa no âmbito das escolas. Segundo o estudo, apenas 8,7% dos
municípios (480) tinham algum tipo de ação visando à inclusão e
manutenção de alunos. O item é apenas o sexto colocado entre as
temáticas de inclusão discutidas nas escolas do País. Ao todo, 93,7% dos
estabelecimentos afirmaram ter políticas de inclusão em outras áreas.
"Esta é a primeira vez em que são medidas quais temáticas de inclusão
são trabalhadas pelas escolas municipais. Pelo levantamento, a Região
Nordeste é a que tem Estados com maior incidência de municípios com essa
preocupação", afirma Daniela Santos Pacheco, uma das responsáveis pela
pesquisa.
Pelo levantamento, apenas 8 capitais e o Distrito Federal adotam ações
nessa área. O tema do combate ao preconceito contra o público LGBTT nas
escolas é sinônimo de polêmica desde o ano passado, quando o Ministério
da Educação anunciou a intenção de editar material didático de combate à
discriminação nas escolas. Nas eleições municipais deste ano, o chamado
'kit gay' também foi discutido entre os candidatos à Prefeitura de São
Paulo. Na cidade, não havia, em 2011, programa nas escolas para o tema.
Ainda de acordo com os dados do IBGE, a Região Sul é a que apresenta a
menor proporção de municípios com programas para o público (3,5%). A
região que possui mais municípios com atuação nesta área é o
Centro-Oeste, com 12,9%, seguida do Nordeste, com 12,3% dos municípios
com ações dentro das escolas.
Em relação à legislação, a pesquisa também apontou os principais eixos
temáticos trabalhados pelos órgãos de direitos humanos dos municípios.
Entre eles, o combate à discriminação, o reconhecimento de direitos e o
reconhecimento de nome social adotado por travestis e transexuais. Neste
último quesito, apenas 1% dos municípios têm legislação específica. No
Norte, nenhuma cidade atua sobre a questão.
Apesar dos números pouco expressivos sobre os direitos da população
LGBTT, a pesquisa destaca um avanço nos municípios em relação às
políticas de Direitos Humanos. Em dois anos, o número de cidades com
estrutura específica para o tema mais que dobrou, saltando de 1.400
municípios para cerca de 2.900.
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