Visto na Folha
Por Raphael Veleda
"Desenhar ainda é basicamente a mesma coisa desde a Pré-História. É 
juntar o homem e o mundo", definiu nos anos 80 o artista plástico 
norte-americano Keith Haring, último grande ícone do movimento pop art, 
iniciado 30 anos antes, quando nomes como Andy Warhol ousaram inserir 
elementos da cultura popular nos museus. 
A obra do artista, que era homossexual, é tema de uma grande exposição 
no Brooklyn Museum, desde o mês passado e que fica em cartaz até o dia 8
 de julho: "Keith Haring: 1978-1982". 
O acervo inclui os primeiros trabalhos em papel, vídeos experimentais, 
objetos pessoais, cadernos de esboços e diários, onde ele escrevia 
compulsivamente. 
"A importância da mostra é nos dar uma visão do pensamento estético de 
Haring e mostrar o fundamento conceitual que motivou seu trabalho", 
disse à Folha a curadora Raphaela Platow. 
"Os primeiros anos marcam o desenvolvimento de sua linguagem visual. Até
 1978, ele fez desenhos abstratos e trabalhos em vídeo. Em 1979, só 
criou obras baseadas em linguagem escrita." 
O museu escaneou dezenas de páginas de diários e vem aos poucos postando as imagens na internet (keithharing.tumblr.com), uma forma de diminuir as restrições físicas da exposição. 
Nas páginas digitalizadas, há muitos desenhos, rabiscos, colagens, poemas e pensamentos de Haring. 
Cada anotação é parte do retrato de um jovem artista em formação, anos 
antes de se mudar para Nova York e se deslumbrar com as possibilidades 
criativas da cidade. 
"Ele escreveu sobre tudo e quase diariamente. Opinou sobre energia 
atômica, computadores, arte, sua identidade sexual, shows do Greatful 
Dead, absolutamente tudo que fazia parte de sua rotina." 
LEGADO 
Há características que aproximam a obra de Keith Haring, nascido em 
1958, em Reading, pequena cidade da Pensilvânia, de seus predecessores 
da pop art: as figuras humanas, sem rosto, da mesma cor e que contam 
histórias sobre as rotinas de um tempo, sobre como se organizava a 
sociedade. 
Nas ruas da "Big Apple", onde chegou sozinho em 1978 após estudar arte 
em seu Estado natal, o jovem homossexual se descobriu como artista. As 
placas vazias de publicidade no metrô, cobertas com um papel preto, 
serviram de tela para os primeiros trabalhos. 
Antenado às novidades da época, Haring inseriu um novo elemento a um movimento que tomava fôlego na década de 1980: o grafite. 
Morto em NY em 1990, aos 32 anos, após complicações causadas pela Aids, 
suas mensagens pregam união, tolerância e alegria, traduzidas em imagens
 quase sempre icônicas e multicoloridas. 






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