sábado, 28 de julho de 2012

Com 110 candidatos, 2012 terá a campanha 'mais gay' da história


Publicado na Folha
De acordo com levantamento feito pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) 110 candidatos ligados ao movimento LGBT - como gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis - disputarão as eleições municipais em outubro deste ano, o maior número de candidatos gays já registrados no Brasil.
Segundo o presidente da ABGLT, Toni Reis, o número representa um avanço histórico para a categoria, e demonstra não só a diminuição do preconceito por parte da sociedade, como também o fortalecimento da categoria. "Claro que ainda sofremos discriminação, mas isso demonstra o crescimento do nosso movimento em todas as cidades do Brasil", afirmou.
Satisfeito com os números, Toni acredita ainda que a quantidade de candidatos do movimento pode aumentar. "Ainda vamos descobrir novos candidatos, que às vezes não têm relação com nenhuma associação, ou está em uma cidade muito afastada, mas que é assumidamente gay", afirma o presidente da associação. Segundo Toni, com os novos candidatos, a lista pode chegar a 150 nomes. "E queremos eleger pelo menos 10%", diz. Caso a meta seja cumprida, o número de candidatos gays eleitos passará de oito, como em 2008, para 15, um aumento de 53,3%.
Em 2008, levantamento feito pela ABGLT listou 112 candidatos ligados ao movimento, mas a maior parte desses era de postulantes "aliados". Segundo Toni, o levantamento dos aliados, candidatos que se comprometem a apoiar o movimento, ainda não foi feito, mas deve crescer, a exemplo do número de candidatos gays.
Candidato único
Dos 110 candidatos, apenas um disputará a eleição majoritária. Renan Palmeira (Psol) tentará se eleger prefeito de João Pessoa e para isso pretende superar o preconceito.
"Há uma parte da sociedade mais conservadora, raivosa, que produz um movimento contrário à minha campanha, mas já consegui quebrar a barreira da estereotipização, de ser uma candidatura marcada por apenas uma bandeira, e mostrei que temos diversas outras lutas", disse.
Apesar do ânimo de Renan com sua candidatura, Toni afirma que ainda vê distante a possibilidade de um prefeito homossexual ser eleito. "Acho que vai demorar ainda uns 50 anos para vermos isso. Tenho muitos amigos que são políticos, mas que não saem do armário com medo, porque sabem o que isso pode representar."
Porém, para o candidato do Psol, mesmo se não vencer a eleição, sua candidatura traz um significado especial. "O valor pedagógico, de trazer uma candidatura com esse tema para a eleição, de dar visibilidade a isso, representa muito", declarou.

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