Publicado na Folha
De acordo com levantamento feito pela Associação Brasileira de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) 110 candidatos
ligados ao movimento LGBT - como gays, lésbicas, bissexuais, transexuais
e travestis - disputarão as eleições municipais em outubro deste ano, o
maior número de candidatos gays já registrados no Brasil.
Segundo o presidente da ABGLT, Toni Reis, o número representa um avanço
histórico para a categoria, e demonstra não só a diminuição do
preconceito por parte da sociedade, como também o fortalecimento da
categoria. "Claro que ainda sofremos discriminação, mas isso demonstra o
crescimento do nosso movimento em todas as cidades do Brasil", afirmou.
Satisfeito com os números, Toni acredita ainda que a quantidade de
candidatos do movimento pode aumentar. "Ainda vamos descobrir novos
candidatos, que às vezes não têm relação com nenhuma associação, ou está
em uma cidade muito afastada, mas que é assumidamente gay", afirma o
presidente da associação. Segundo Toni, com os novos candidatos, a lista
pode chegar a 150 nomes. "E queremos eleger pelo menos 10%", diz. Caso a
meta seja cumprida, o número de candidatos gays eleitos passará de
oito, como em 2008, para 15, um aumento de 53,3%.
Em 2008, levantamento feito pela ABGLT listou 112 candidatos ligados ao
movimento, mas a maior parte desses era de postulantes "aliados".
Segundo Toni, o levantamento dos aliados, candidatos que se comprometem a
apoiar o movimento, ainda não foi feito, mas deve crescer, a exemplo do
número de candidatos gays.
Candidato único
Dos 110 candidatos, apenas um disputará a eleição majoritária. Renan
Palmeira (Psol) tentará se eleger prefeito de João Pessoa e para isso
pretende superar o preconceito.
"Há uma parte da sociedade mais conservadora, raivosa, que produz um
movimento contrário à minha campanha, mas já consegui quebrar a barreira
da estereotipização, de ser uma candidatura marcada por apenas uma
bandeira, e mostrei que temos diversas outras lutas", disse.
Apesar do ânimo de Renan com sua candidatura, Toni afirma que ainda vê
distante a possibilidade de um prefeito homossexual ser eleito. "Acho
que vai demorar ainda uns 50 anos para vermos isso. Tenho muitos amigos
que são políticos, mas que não saem do armário com medo, porque sabem o
que isso pode representar."
Porém, para o candidato do Psol, mesmo se não vencer a eleição, sua
candidatura traz um significado especial. "O valor pedagógico, de trazer
uma candidatura com esse tema para a eleição, de dar visibilidade a
isso, representa muito", declarou.
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