Publicado na Folha
Por Natália Cancian
Homens, gays, negros, entre 15 e 29 anos, agredidos dentro de casa por 
familiares e vizinhos. Esse é o perfil da maioria das vítimas de 
homofobia no país. 
Por dia são feitas 19 denúncias de violência motivadas por homofobia, 
segundo relatório da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da 
Presidência. É primeira vez que o governo divulga dados oficiais sobre o
 tema. 
O estudo usou dados coletados em 2011 pelo Disque 100, que recebe e 
verifica relatos de violações dos direitos humanos, somados a registros 
da ouvidoria do SUS, da Secretaria de Políticas para Mulheres e do 
Conselho Nacional de Combate à Discriminação. 
Ao todo, foram registradas 6.809 denúncias. Em 62% dos casos o suspeito 
era conhecido da vítima -familiares e vizinhos respondiam por mais da 
metade das agressões. 
Os registros de violência supostamente cometida por desconhecidos foi de
 cerca de um terço do total. Em 9% dos casos, o suspeito não teve a 
identidade informada. Grande parte das agressões ocorreu na casa da 
vítima (42%). A rua foi palco de 31% dos casos informados. 
O estudo ainda traça um perfil dos suspeitos: 40% é homem, heterossexual e tem de 15 a 29 anos. 
Isso mostra que os jovens são as maiores vítimas e também os maiores 
agressores", diz Gustavo Bernardes, coordenador de direitos LGBT da 
Secretaria Nacional de Direitos Humanos. 
Ele crê que o número de agressões seja maior porque nem todos denunciam.
 A denúncia predominante foi de violência psicológica (42,5%), como 
humilhações e ameaças, seguida de discriminação (22%) e de violência 
física (16%). A maioria aponta mais de um agressor. 
Para a presidente da Comissão de Diversidade Sexual da OAB, Maria 
Berenice Dias, a ausência de uma lei que criminalize a homofobia faz a 
maioria das denúncias ficar impune. "Acaba condenando à invisibilidade 
todas essas agressões", afirma.


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