Publicado no G1
Por Pedro Cunha
“Uma das coisas mais importantes da minha vida”, disse Giselle Camargo 
de Sousa, transexual, sobre a conquista do direito de alteração de nome.
 Ela fez o pedido em maio deste ano e a solicitação, julgada procedente,
 foi publicada na última edição do Diário do Judiciário de Minas Gerais.
 Para a servidora pública de 20 anos, seu antigo nome já não a 
representava. “A mudança significa uma realização pessoal”, comemora 
Giselle. Segundo ela, outro benefício com a troca é a diminuição do 
preconceito.
(O tema desta reportagem foi sugerido ao G1 pelo VC no G1. Você também 
pode enviar sugestões pelo Fale Conosco.) 
A mineira de Belo Horizonte contou que já enfrentou situações 
constrangedoras. Recentemente, Giselle prestou um concurso e, no momento
 em que o examinador a chamou pelo nome, todos a olharam de uma maneira 
diferente. “Eu fiquei um pouco desconcertada. Achei estranho e fiquei 
chateada com a situação”, relatou. Giselle já chegou a ser demitida da 
empresa em que trabalhava. Segundo ela, o motivo foi preconceito. 
Apesar da diversidade sexual não ser plenamente aceita, a jovem acredita
 que o Brasil esteja evoluindo neste aspecto. Para o juiz titular da 
Vara de Registros Públicos de Belo Horizonte, Fernando Humberto dos 
Santos, o judiciário normalmente tem interpretações diversas a respeito 
do caso, pois ainda não há uma lei vigente. Ele explicou que este é um 
pedido cada vez mais recorrente. “Por uma questão de dignidade, é 
razoável que o novo nome com que a pessoa se adaptou, e que ela vem 
sendo reconhecida na sociedade, é que seja o nome que a identifique”, 
explicou o juiz. 
A coordenadora especial de Políticas de Diversidade Sexual de Minas 
Gerais, Walkiria La Roche, acredita que o feito é um grande avanço para o
 estado. Segundo ela, neste caso, é muito comum que a transexual se 
depare com situações difíceis, que possam trazer algum constrangimento. 
“Este pedido é um direito de qualquer cidadão, pois existe na nossa 
legislação o crime de constrangimento vexatório”, disse. 
Para Walkiria, a possibilidade da mudança de nome significa a garantia 
de uma cidadania mais plena. E é o que Giselle procura. A servidora 
pública já tem um noivo em São Paulo, e, em pouco tempo, pretende se 
mudar. 
A jovem, que tem vocação para os estudos, está temporariamente parada. 
Porém, não por um período tão longo. Ela deseja ingressar em uma 
universidade para cursar medicina. Segundo Giselle, a escolha foi 
motivada, sobretudo, pelo fato de seu corpo estar se modificando. “Eu 
tive que estudar muito a respeito da transformação. A questão do corpo, a
 relação dos hormônios, e, até mesmo, a cirurgia que eu pretendo fazer. 
Então foi isso que me despertou interesse”, explicou. Na mesma decisão, o
 juiz julgou improcedente o pedido de mudança de gênero. Giselle 
informou que vai recorrer para assegurar a conquista de um grande 
desejo. 

Nenhum comentário:
Postar um comentário