Publicado 
no blog Resenhas Brasil
Texto de José Szwako*
O livro "Diversidade sexual e homofobia no Brasil" é publicado em um 
momento ímpar de nosso debate sobre direitos, relações sociossexuais e 
formas interseccionadas de intolerância e discriminação. 
Em meio a avanços e retrocessos, entre conquistas no Judiciário e um 
disparatado “Dia do Orgulho Heterossexual”, os resultados de uma 
pesquisa homônima ao livro são a chave de entrada para um universo de 
pessoas e relações que a imaginação homofóbica julga “estranho” ou 
“desconhecido”. 
O livro não traz vítimas nem algozes, pois trata as várias dimensões, 
faces e nuances da homofobia, reconhecendo o alcance, mas também os 
limites do termo.
Ao longo de treze capítulos, pesquisadores e militantes destrincham a 
violenta eficácia das representações e práticas acerca de lésbicas, 
gays, bissexuais, travestis e transexuais. 
Mas se os dados analisados mostram um cenário violento, ou mesmo cruel, 
nada permite reduzir essa realidade à violência física e aberta. Nutrido
 por outras investigações da Fundação Perseu Abramo, o survey vai além 
do dito, do explicitamente homofóbico e ressentido que habita a cultura 
sociossexual brasileira, e inquere o não dito. Nessa dupla chave, a 
homofobia é mais que o ódio aberto e intransigente, é a pretensa 
tolerância típica do “não tenho nada contra, mas...”. 
Dessa postura de pesquisa resulta um cenário que desfaz os pequenos 
lugares-comuns que engendram a sociabilidade intolerante e preocupa quem
 vislumbra uma sociedade mais democrática.
Os domínios e os sujeitos tratados no livro são variados, indo da saúde 
aos direitos, passando por marcadores intersecionados da diferença, 
chegando à articulação entre recursos socialmente herdados, disposições 
públicas e indisposições privadas. 
Nesse emaranhado todo, Diversidade sexual e homofobia no Brasil desvela 
um país violentamente ambivalente: ao mesmo tempo que uma suposta 
liberdade sexual abençoa nossa população, não param de crescer os 
clamores por “decência”, “moral” e “valores”, enfim, por punição. 
Quem são as práticas e os sujeitos punidos, todos sabemos; suas razões, ou algumas delas, serão encontradas aqui.
*José Szwako é doutorando em Ciências Sociais na Unicamp

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