terça-feira, 14 de agosto de 2012

Livro: "Diversidade sexual e homofobia no Brasil"


Publicado no blog Resenhas Brasil
Texto de José Szwako*
O livro "Diversidade sexual e homofobia no Brasil" é publicado em um momento ímpar de nosso debate sobre direitos, relações sociossexuais e formas interseccionadas de intolerância e discriminação.
Em meio a avanços e retrocessos, entre conquistas no Judiciário e um disparatado “Dia do Orgulho Heterossexual”, os resultados de uma pesquisa homônima ao livro são a chave de entrada para um universo de pessoas e relações que a imaginação homofóbica julga “estranho” ou “desconhecido”.
O livro não traz vítimas nem algozes, pois trata as várias dimensões, faces e nuances da homofobia, reconhecendo o alcance, mas também os limites do termo. Ao longo de treze capítulos, pesquisadores e militantes destrincham a violenta eficácia das representações e práticas acerca de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
Mas se os dados analisados mostram um cenário violento, ou mesmo cruel, nada permite reduzir essa realidade à violência física e aberta. Nutrido por outras investigações da Fundação Perseu Abramo, o survey vai além do dito, do explicitamente homofóbico e ressentido que habita a cultura sociossexual brasileira, e inquere o não dito. Nessa dupla chave, a homofobia é mais que o ódio aberto e intransigente, é a pretensa tolerância típica do “não tenho nada contra, mas...”.
Dessa postura de pesquisa resulta um cenário que desfaz os pequenos lugares-comuns que engendram a sociabilidade intolerante e preocupa quem vislumbra uma sociedade mais democrática. Os domínios e os sujeitos tratados no livro são variados, indo da saúde aos direitos, passando por marcadores intersecionados da diferença, chegando à articulação entre recursos socialmente herdados, disposições públicas e indisposições privadas.
Nesse emaranhado todo, Diversidade sexual e homofobia no Brasil desvela um país violentamente ambivalente: ao mesmo tempo que uma suposta liberdade sexual abençoa nossa população, não param de crescer os clamores por “decência”, “moral” e “valores”, enfim, por punição.
Quem são as práticas e os sujeitos punidos, todos sabemos; suas razões, ou algumas delas, serão encontradas aqui.
*José Szwako é doutorando em Ciências Sociais na Unicamp

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