Visto no G1
Dica de Augusto Martins 
Estudante transexual da Universidade de Brasília (UnB) luta pelo 
direito de ser chamado pelo nome que escolheu e não pelo que consta no 
registro civil. No início deste ano, um estudante de Ciência Política, 
que tem o nome de mulher em todos os documentos, entrou com recurso na 
reitoria da UnB pelo direito de ser chamado pelo nome que escolheu: 
Marcelo Caetano.
 Marcelo Caetano diz já ter passado por diversas situações 
constrangedoras. “Na hora da chamada, quando é a lista só para assinar o
 nome, assino sem problema. Mas quando a chamada é oral eu converso 
diretamente com os professores, alguns têm ótima reação, mas nem todos 
são assim”, conta.
 A Procuradoria da UnB já deu parecer favorável ao estudante, mas 
sugeriu que sejam mantidos os dois nomes na documentação do aluno. 
Agora, a decisão será levada para votação no Conselho de Graduação, 
formado por professores.
 “Nós estamos apenas aguardando o pronunciamento do relator. E assim que
 tiver a primeira sessão, já com o parecer do relator, o processo 
provavelmente será votado”, garante o chefe de gabinete da reitoria da 
UnB, Davi Diniz.
 A psicóloga Tatiana Lionço afirma que o impedimento do uso do nome 
social, aquele escolhido por opção, diferente do que consta no registro 
civil, pode deixar marcas, muitas irreparáveis. “Quando essa situação se
 coloca a pessoa transexual fica vulnerável à injúria, ao processo de 
bullying e sem contar a necessidade de se expor cotidianamente a 
condição transexual”, ressalta.
 Mas o uso do nome social divide opiniões entre os estudantes da 
instituição. “Assim abre também a [possibilidade] para todas as outras 
pessoas que têm vontade de querer mudar o nome”, diz a estudante 
Michelle André.
 Para o universitário Fernando Morbec deve prevalecer o direito de 
igualdade. “Muitas vezes as pessoas ficam desconfortável com o nome que 
elas têm civilmente e prefere ser chamada pelo nome social”, diz.
 Se a UnB aprovar o pedido de Marcelo Caetano a decisão seguirá uma 
tendência. O Ministério da Educação e os Conselhos Regionais de Ensino 
orientam as instituições a permitirem o uso do nome social dentro de 
escolas e universidades. O mesmo acontece na administração pública.
 Desde 2010, uma portaria do Ministério do Planejamento garante que 
servidores públicos federais possam usar o nome social nos crachás de 
identificação. "É importante [essa medida] porque resguarda o direito 
dessas pessoas de não sofrerem constrangimentos na sua vida pública, nos
 seus relacionamentos. E nos queremos preservar, justamente, a dignidade
 dessas pessoas”, enfatiza o coordenador de Promoção e Defesa dos 
Direitos LGBT da Secretaria de Direitos Humanos.

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