Visto em Um Outro Olhar
"Não levanto bandeira”, dizem alguns gays. Ana Carolina, Ney Matogrosso e, recentemente, Maria Gadu resolveram reproduzir a fala.
Maria Gadu chegou a dizer à Folha de S. Paulo” que não “levanta
bandeira” gay porque parece que está “menosprezando a outra opção, o
hétero”. “Por que que vou falar que viado é do caralho? É do caralho
mesmo, mas hétero também é”, disse.
Uma coisa não elimina a outra.
Gadu parte do princípio de que levantar bandeira pela igualdade de
direitos dos cidadãos LGBT é cercear a liberdade dos cidadãos
heterossexuais. É, no mínimo, desinformada.
Os cidadãos LGBT não querem menosprezar outras orientações – a
hétero, inclusive. Querem igualdade de direitos. Repito: igualdade.
Se os gays têm os mesmos deveres civis, porque não podem ter acesso
aos mesmos direitos civis que os cidadãos heterossexuais, como disse o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), em discurso no Congresso.
Não é uma questão de tirar o direito de uns para dar a outros. Não é
questão de levantar bandeira para dizer que “viado é do caralho”. É uma
questão de ser humano. É não aceitar e se conformar com a discriminação.
É não concordar com injustiças.
Dizer que não levanta bandeira gay ou qualquer outra cuja defesa
seja a dos direitos humanos é claramente, sim, levantar uma bandeira. É
tomar um posicionamento político sim, por mais que ache que não.
E lamentavelmente é ser a favor da manutenção do status quo da diferença social. O ignorar a violência é compactuar com ela.
É também da democracia a defesa da manutenção de status quo, seja ele
o mais questionável. Mas não é democrático defender o desrespeito aos
direitos humanos.
Privar cidadãos de acesso a direitos civis é claramente um
desrespeito à democracia. E ignorar tais desrespeitos é levantar
bandeira também, Maria Gadu.
A luta da militância LGBT - assim como lutaram/lutam a feminista e a
negra -é pela igualdade de direitos. E isso não coisa de “gay militante”
é questão de humanidade. De direitos humanos.
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