Publicado no Terra
Por Thaís Sabino
O arco-íris vai estar presente como nunca nas eleições deste ano,
segundo a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis
e Transexuais (ABGLT), o número de candidatos LGBTs é um recorde no
Brasil, com mais de 100 concorrentes em prol do respeito à diversidade
sexual. Em 2008, a ABGLT registrou 79 candidatos. Para estampar o
propósito carro-chefe das campanhas, muitos dos LGBTs inseriram o 24 no
número da candidatura - o 24 identifica o veado no jogo do bicho.
Luta contra a homofobia, educação nas escolhas sobre diversidade sexual,
incentivo dos LGBTs no mercado de trabalho e criação de centros
recreativos para a comunidade estão entre os projetos dos candidatos. De
acordo com o membro da ABGLT e candidato a vereador em Curitiba, Márcio
Marins (PSB), ter apenas militantes da causa não é o suficiente, por
isso, o movimento decidiu entrar na política para tentar eleger
representantes. "Nem sempre o aliado está disposto a enfrentar qualquer
tipo de barreira, precisamos aprovar esses espaços", justificou.
O argumento de Marins faz sentido para o filósofo e autor do livro
Consciência e liberdade em Sartre: por uma perspectiva ética, Carlos
Eduardo de Moura, que prevê uma luta árdua para obter a inserção social
completa dos LGBTs na sociedade. Para Moura, o marco de candidatos
alcançado não significa que o povo estará pronto para deixar o
preconceito de lado em outubro. "Há uma coragem maior da comunidade LGBT
de colocar a cara a tapa. É uma percepção da necessidade de se inserir
na sociedade, não mais se esconder. O fato de se impor na sociedade é o
primeiro passo para a evolução, mas isso não é para amanhã ou daqui uma
semana, vai demorar", disse ele.
Satisfeito pela participação política registrada pela ABGLT, o candidato
homossexual a vereador Léo Lobato (PT) em Natal disse que o conformismo
da população LGBT em buscar articulação política em torno de seus
direitos é uma de suas preocupações. "Muitos esquecem que a pouca
liberdade conquistada até hoje pelos homossexuais é fruto de disputa
politica de décadas", afirmou. Segundo Moura, toda mudança histórica
exige conflitos. "As mulheres só ganharam espaço quando se inseriram na
sociedade, elas saem de casa, da exclusão, para buscar o seu espaço",
comparou.
Eleições 2012
Para a filósofa e socióloga Rosa Maria Rodrigues de Oliveira, nos
últimos anos já ocorreu uma preocupação política com os LGBTs. "A partir
das edições do Programa Brasil sem Homofobia, em 2004, quando o Estado
efetivamente encampa, pelo número de propostas legislativas, normas
federais e jurisprudência dos tribunais que é crescente neste período,
bem como há uma diversificação maior do envolvimento nos diversos
setores de uma resposta estatal à demandas dos movimentos sociais os
temas relacionados às homossexualidades e identidades de gênero", citou.
Porém, para Moura o Brasil ainda está em processe de amadurecimento e a
diversidade de opiniões sobre votar ou não em um candidato LGBT nessas
eleições ainda deve ser grande. "Creio que a massificação e moralismo
religiosos escurecem a reflexão em torno do novo", disse ele. "Mas a
participação dos candidatos já é um "colocar para pensar". A receita é
instalar o conflito do novo, para trazer reflexão", concluiu.
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