Publicado pela Folha
Por Gilberto Dimenstein
A nota da Igreja Católica contra Celso Russomanno é baseada num artigo
leviano do bispo licenciado da Igreja Universal e coordenador de sua
campanha, acusando os padres de estimular a distribuição do chamado
"kit-gay". Essa é uma obsessão religiosa de evangélicos, católicos,
islâmicos e judeus --e fonte de perversidades.
Está aí um bom momento para debater essa questão, já que, por conta das
eleições municipais, entrou na agenda --e da pior forma possível. Os
homossexuais são vítimas cotidianas de diferentes tipos de violência, a
começar nas escolas, onde se formam ou se reforçam os preconceitos. O
que devem fazer os governantes? Ficar de braços cruzados em nome dos
princípios religiosos?
O sensato --mais do que sensato, a obrigação-- dos governantes é tentar
ajudar os estudantes a saber conviver e respeitar a diversidade. Ou
devemos levar para dentro das escolas cartilhas religiosas que estimulem
a segregação?
O chamado "kit gay" foi preparado por educadores e especialistas para
evitar a violência que acompanha a demonização das minorias. Mas como
evangélicos fazem parte da base do governo, Dilma Rousseff ajudou a
enterrar essa material. Como se sabe, o PRB apoia seu governo.
Mas como religião vira cada vez mais assunto eleitoral, com a conivência
dos candidatos e dos partidos, somos obrigados a ver olhares medievais
orientando políticas públicas.
O pior é que os gays, já massacrados normalmente, não sabem nem reagir e
apanham calados. Mas eles ajudam a projetar o melhor de São Paulo: ser
uma cidade da diversidade.
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