Autor da proposta de criação do Dia do Orgulho Heterossexual, o vereador evangélico Carlos Apolinário garante que não tem nada contra os homossexuais, só combate o que classifica como privilégios da opção sexual: 'Eles querem ser uma categoria especial de pessoas'
Ele
figura na lista dos dez brasileiros mais homofóbicos, já propôs a
criação do Dia do Orgulho Heteressexual, mas o vereador paulistano
Carlos Apolinário, do PMDB, garante que não tem nenhum preconceito
contra gays. “O que eu não aceito é alguém querer se esconder atrás de
sua opção sexual”, afirma.
Evangélico,
Apolinário é um dos apoiadores da Marcha para Jesus, que acontece neste
sábado na cidade e é o evento que mais rivaliza com a Parada Gay. Ele
recebeu o site de VEJA para explicar, afinal, qual é a sua posição em
relação aos homossexuais: “Eu combato os privilégios. O dia em que os
gays lutarem por leis que valham tanto para eles quanto para os
heterossexuais, eles terão muito mais sucesso.”
Confira os principais trechos da entrevista:
O senhor é homofóbico? De
maneira nenhuma. Pode procurar, você não vai encontrar uma única
declaração minha em que eu desrespeite a figura humana do gay.
Então por que o senhor está na lista dos dez mais homofóbicos do Brasil? Porque
eu combato os excessos deles. Não acho que eu tenha o direito de ir à
piscina coletiva do meu prédio, ou a um restaurante, e ficar dando
beijos exagerados ou acariciando a minha mulher em público. Se um
heterossexual agir dessa maneira, vão chamar a polícia e ele pode ser
enquadrado por atentado violento ao pudor. Mas se chamarem a atenção de
duas pessoas do mesmo sexo que estejam se beijando excessivamente dentro
de um restaurante, por exemplo, eles acusam quem os repreendeu de
homofobia.
Os gays não podem demonstrar afeto? Podem,
mas dentro do razoável. Se eles chegam de mãos dadas num restaurante,
por exemplo, é razoável. O que eu combato é o excesso, que muitas vezes
eles adotam não por amor, mas para chocar, confrontar a sociedade, para
dizer: ‘vocês têm que nos engolir’. Como diz o Agnaldo Silva, autor de
novelas da Globo, o gay no Brasil é folgado. Não é o Apolinário quem
está dizendo, é o autor da novela Fina Estampa. E eu concordo com ele, apesar de acreditar que nem todos sejam assim.
Por que o senhor propôs a criação do Dia do Orgulho Heterossexual? Meu objetivo era o de levantar o debate em relação aos privilégios dos gays.
Privilégios? Em geral os gays reclamam de que são perseguidos... Pois
eu digo que hoje eles são cada vez mais protegidos. A OAB está fazendo
um verdadeiro tratado a favor dos gays, a ONU está preocupada com eles, o
mundo está preocupado com os gays. Parece que vamos ter dois mundos:
um antes e outro depois dos gays.
E os casos de violência contra homossexuais? Essa
é uma mentira das maiores que tem. Aqui em São Paulo, por exemplo, o
único lugar onde tem havido esse problema é na Avenida Paulista, de vez
em quando. Mas eu não tenho tomado conhecimento de outros casos em São
Paulo ou no Brasil. O que acontece é o seguinte: se você bate o carro e o
cidadão do outro automóvel é heterossexual, o máximo que vai acontecer é
uma ocorrência da batida; mas se o motorista do outro carro é gay e
acontece uma briga, uma discussão, vai sair no jornal “motorista bate em
casal de gays”. A briga não aconteceu em função da opção sexual, mas
eles transformam nisso.
Os gays se dizem discriminados... Pelo
contrário. Eu não conheço um único restaurante em São Paulo que proíba a
entrada de gay. Não conheço nenhuma igreja católica, evangélica ou
espírita que proíba a entrada de gay. Eu, que sou evangélico, já sofri
muito preconceito. Quando era criança, na escola, zombavam de mim. Eu
levava a Bíblia escondida dentro da blusa, quando ia para a igreja, para
não ser gozado. Eu sei o que é o preconceito. Hoje, vale a pena dizer
que é gay. Virou um escudo. Estamos na seguinte situação: se um gay
furar a fila no supermercado, é melhor deixar ele lá. Porque se você for
brigar, vão dizer que você é homofóbico.
O que o senhor acha da proposta de emenda constitucional do deputado Jean Wyllys, que permite o casamento gay? Se
eu estivesse no Congresso, votaria contra. Só que eu vivo em um país
democrático. Mesmo que eu seja contrário, se o Congresso aprovar o
casamento entre pessoas do mesmo sexo, vou respeitar a lei. O que não
significa que vou passar a ser favorável a isso. São coisas diferentes.
Continuarei acreditando que o casamento deve acontecer entre um homem e
uma mulher. Mas mesmo sendo contrário, eu respeito, se essa for a
vontade da sociedade. E isso nós não sabemos, porque o casamento foi
autorizado pelo Supremo Tribunal Federal e não pelo Congresso Nacional.
O STF não tem poder para decidir a questão? Na
minha opinião, não. Essa matéria deveria ser discutida por deputados e
senadores e, uma vez aprovada, teria de ser sancionada pela presidente
da República. São etapas necessárias para que a sociedade amadureça a
ideia. Ao decidir daquela forma, o Supremo legislou no lugar do
Congresso e isso é errado.
Por que o STF assumiu o papel do Congresso Nacional nessa questão? Porque
o STF está sendo acionado pelos gays para se pronunciar. Eles têm
pressa, querem acelerar esse processo. A maioria do Congresso Nacional,
hoje, não quer o casamento entre pessoas do mesmo sexo, nem aceita a
adoção de crianças por casais de homossexuais. Só que os gays querem
enfiar isso tudo goela abaixo do Congresso e da sociedade. Os gays
precisam aprender a conviver com quem não concorda com eles. Eles têm de
se acostumar ao fato de existirem pessoas que continuarão contrárias ao
casamento gay, mesmo que ele seja aprovado. É um direito individual, e a
democracia me dá o direito de me expressar. Mas eles não aceitam isso.
Eles querem a lei da mordaça, querem ser uma categoria especial de
pessoas. E é contra isso que eu luto. Se ninguém falar nada, vai chegar o
tempo em que os jornais não poderão mais fazer reportagens sobre os
gays porque a lei vai proibir. Eles querem calar a sociedade e ninguém
tem coragem de enfrentá-los.
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