Publicado no UOL
Dica de Augusto Martins
Por Estefani Medeiros
Em maio deste ano, a Marvel anunciou que realizaria o primeiro casamento
gay das HQ's, com o herói Estrela Polar e o namorado Kyle como
protagonistas. Menos de um mês depois, a DC Comics tirou o personagem
Lanterna Verde do armário. Apesar das notícias serem recentes, a
história da cultura LGBT nos quadrinhos já tem 40 anos, comemorados com
discussão na Comic-Con, realizada na última sexta (13).
Em conversa com o UOL, a veterana dos quadrinhos gays alternativos,
Trina Robins diz que a levar o assunto para o mainstream com histórias
de personagens da Marvel e DC, as duas maiores editoras de quadrinhos
dos EUA, "pode ajudar a combater a homofobia."
"Eu moro em San Francisco, que é bastante amigável para os gays, mas em
grande parte dos estados americanos, as pessoas são muito
preconceituosas", explica. "Sempre vão existir pessoas homofóbicas, mas
os quadrinhos podem ajudar a entender melhor esse momento."
O momento a que Robins se refere é o apoio do governo americano e do
presidente Barack Obama aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo. "É
claro que os lançamentos nessa época são uma boa hora para ganhar
dinheiro, mas também é sobre mostrar a diversidade desses heróis, tornar
o universo mais rico", completa.
Para James Robinson, autor do quadrinho "Earth 2", em que Allan Scott
revela sua sexualidade, disse que ainda precisa "tomar muito cuidado
quando escreve esse tipo de história". "Acho que nos últimos dez anos
melhorou muito, mas infelizmente a América ainda tem dificuldades para
aceitar os gays, por isso ainda tenho medo de criar vilões, acho que as
pessoas agora precisam de bons exemplos."
Para Nicola Scott, que ilustrou a história do Lanterna Verde em parceria
com Robinson, a história também tenta acabar com o perfil de um
estereótipo gay. "O estilo tem que seguir a personalidade do personagem,
não sua sexualidade. Um personagem pode ser gay e não ser feminino, ou
vice-versa, eles não precisam parecer um casal, o beijo tem que ser algo
natural."
Alyson Bechdel, autora de histórias de personagens lésbicas como "Dykes
to Watch Out For", concorda que introduzir o assunto mostrando histórias
com personagens bonzinhos é uma boa solução. "O que importa é que está
acontecendo uma mudança orgânica, um envolvimento que pode ajudar a
movimentar a sociedade."
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