Publicado no Terra
A polêmica envolvendo o Kit anti-homofobia está ganhando novos capítulos
na campanha pela prefeitura de São Paulo. Com Fernando Haddad no centro
das atenções por ser candidato do PT na capital mais importante do
país, o assunto passou a ser explorado. Nesta terça-feira, ao ser
questionado por jornalistas, o tucano José Serra tentou evitar a
polêmica, mas classificou como ridículos e impróprios alguns aspectos do
Kit. A declaração do candidato do PSDB acabou provocando a reação do
presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais (AGLBT), Toni Reis.
Concebido durante a gestão de Haddad no ministério da Educação, o
material didático foi idealizado para combater o preconceito relacionado
às questões de sexo e de gênero nas escolas da rede pública, mas teve
sua distribuição suspensa por decisão da presidente Dilma Rousseff (PT),
que, pressionada por setores conservadores, afirmou que o kit
apresentava conteúdo inadequado por conter vídeos em que relações
homossexuais são abordadas. Em carta endereçada a Serra, Reis se disse
surpreso com a postura do candidato e pediu que os direitos da
comunidade AGLBT sejam assegurados.
"Eu peço, para uma boa política comprometida com o respeito a toda a
população, como tem sido a marca de sua atuação nos cargos que ocupou,
que continue dando ênfase à promoção indiscriminada da cidadania e da
inclusão social, e que a população de lésbicas, gays, bissexuais,
travestis e transexuais (LGBT) não seja utilizada para gerar polêmica em
época eleitoral, ou em qualquer outra época. Isto só serve para
validar, banalizar e incentivar a homofobia e manter a esta população à
margem da cidadania. Prezado José Serra, não manche sua biografia. Não
rife nossos direitos", diz o trecho final da carta assinada pelo
presidente da associação.
Em outra parte, Reis critica o uso eleitoral do assunto e a incoerência
do tucano. "Durante seus mandatos como prefeito da Cidade de São Paulo e
governador do Estado de São Paulo, você liderou várias iniciativas de
vanguarda na promoção do respeito à diversidade sexual e às pessoas
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). Fiquei muito
entristecido pelo uso indevido do debate sobre as políticas públicas de
combate à homofobia como uma arma eleitoral, referindo-se ao material
educativo do projeto Escola Sem Homofobia como um 'kit gay' com
'aspectos ridículos e impróprios' para crianças".
Procurada, a assessoria do candidato José Serra enviou nota que reproduz
trechos da própria carta aberta, nos quais Reis reconhece o histórico
do tucano em defesa dos direitos da comunidade gay. O comunicado também
lista ações de Serra em benefício do público LGBT, mas não responde às
acusações de uso político do chamado kit anti-homofobia.
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