Um momento decisivo da vida do homossexual: A hora de sair do armário
auto-aceitação
"Quando
chega a pré-adolescência e a adolescência, essa coisa da orientação
sexual ainda não está muito clara, até porque nessa fase não se tem
clareza do que é a sexualidade. então, quando se adquire clareza da
orientação sexual e vem o desejo de “sair do armário”, entra o grande
medo que se tem da revelação.
as dificuldades internas
em relação a isso, se a visão for negativa, preconceituosa, tudo pode
influenciar a maneira de como administrar a questão de sair do armário
ou não.
de maneira geral, ainda
existe uma homofobia internalizada muito grande, porque não há como
eliminar anos e anos de uma mensagem negativa a respeito da sua
sexualidade. o grau de autoaceitação varia muito, muito em função da
mensagem que se tem desde criança e durante a adolescência. enfim, tudo
depende das mensagens que se vem recebendo, depende da história de vida
de cada um". klecius borges
especialista em "terapia afirmativa" para lgbt,
o psicólogo klecius borges, dá orientações para quem deseja se assumir,
apontando caminhos que contribuem para uma relação mais harmônica e,
principalmente, para uma sexualidade bem resolvida.
Saindo do armário aos poucos
claro que, dependendo da
família, de onde esse jovem cresce, ele pode ter maior ou menor
facilidade de lidar com isso. sair do armário não é necessariamente um
ato único em que o sujeito está fora do armário para todo mundo. sair do
armário publicamente é a terceira e última etapa desse processo, que é
muito mais longo. por outro lado, também, hoje você tem mais modelos,
você tem uma visibilidade um pouco maior, principalmente nas grandes
cidades, o que torna essa situação teoricamente menos problemática do
que era no passado, mas não necessariamente. porque uma coisa é você ser
aceito nesse pequeno grupo, outra coisa é ser aceito de maneira mais
integrada na sociedade. até em cidades como são paulo você vê que não é
muito fácil você se assumir de uma forma mais aberta.
Família: não há como prever a reação dos pais

Compreender a dificuldade na aceitação
Segunda coisa: se a maior parte dos homossexuais demora alguns anos para se autoaceitar, é importante entender que os pais não vão aceitar de uma hora para a outra. se para eu que sou jovem homossexual é difícil, como é que eu espero que alguém vá aceitar da maneira mais imediata? é preciso também estar preparado para uma situação que não necessariamente vai ser exatamente como eu gostaria que fosse.
Planejando o momento de se abrir
O terceiro ponto que eu acho muito importante é, na medida do possível, que esse jovem planeje, faça um planejamento da saída do armário, porque muitas vezes acontece de uma maneira não planejada e na pior hora possível. então numa hora numa briga fala: “e também eu sou gay”. então, nessa hora, as coisas tendem a acontecer de uma maneira muito mais conflituosa do que se há alguma coisa planejada.
Orientação sexual não é só sexo

A importância das amizades
Fora do núcleo familiar, é importante que esse jovem desenvolva certas alianças também na comunidade homossexual. aqui no brasil ainda é uma coisa muito complicada, mas pessoas que possam dar a ele esse suporte, que possam, numa eventual situação de conflito familiar, a quem ele pode recorrer para ter algum suporte emocional, para não sentir abandonado. no estados unidos, por exemplo, é muito legal, você tem várias associações, tipo ongs que nós temos no brasil, que dão suporte para esse cara, ele recebe folhetos, vídeo, faz reuniões de “coming out”, ele se prepara para lidar com isso, tem o apoio da comunidade. então, na medida do possível, ele ter algum suporte, algum amigo mais velho, que tenha passado por esse situação.
Esconder demais pode ser perigoso

Onde foi que eu errei?
Os
pais precisam entender que esse choque que pode acontecer com a
revelação é natural. nenhum pai, nenhuma mãe escolhe criar um filho
homossexual. aí não é só uma questão de preconceito, mas das
dificuldades que esse filho vai encontrar numa sociedade heterocentrada.
então, independente de ser bom ou ser ruim, é uma sociedade
heterocentrada, então ser homossexual é ser minoria, ser minoria requer
um certo grau de sofrimento, e os pais gostariam que seus filhos que não
passariam por isso. então para os pais tem várias questões que os pais
precisam lidar, alguns mitos, como “onde eu errei?”, a primeira pergunta
dos pais. eles precisam entender que não erraram.
Lidando com a frustração

A informação contra o preconceito é um processo
É importante os pais entenderem que eles vão precisar saber mais sobre
esse assunto, precisam se perguntar: “onde é que posso obter mais
informações sobre isso”.
nos estados unidos tem uma associação chamada “pink flag”, formada por
pais e amigos de homossexuais, que existe há mais de 30 anos, tem em
toda cidade americana. ela dá todo o apoio para o pai dos homossexuais,
há reuniões, uma linha que a mãe pode ligar, conhecer outras mães, tem
uma estrutura de comunidade que no brasil ainda não existe, pelo menos
que eu saiba. os pais precisam saber como é que podem ajudar seu filho. é
uma situação complicada, difícil, por mais que eu aceite, eu o ame, ele
vai encontrar dificuldades na vida. então o que eu posso fazer para
ajudá-lo, são preocupações que os pais devem ter.
O amor em primeiro lugar

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