Visto no site Nossos Tons
Dica de Augusto Martins
Apesar de ser prática corrente no seu seio, às vezes com
contornos onde a vergonha e o crime se confundem, a Igreja Católica
Apostólica Romana (ICAR) elegeu o combate à homossexualidade como
desígnio divino do seu proselitismo. Melhor dito, a ICAR tem horror a
tudo o que diga respeito à sexualidade, apenas se conformando com a
função reprodutiva, de preferência com exclusão do prazer.
A ICAR não se dá conta de que a castidade, que tão entusiasticamente
advoga, é o mais demolidor contracetivo existente e que o método
tradicional da reprodução, que tanto a enoja, é o mais popular,
frequente, e ao alcance dos mais pobres.
A misoginia herdada do Antigo Testamento está na origem de todos os
preconceitos e tolices que a ICAR tem cometido contra a saúde da mulher,
o planeamento familiar e o combate às doenças sexualmente
transmissíveis, especialmente em relação à sida, onde a teologia do
látex se sobrepõe à defesa da saúde e da vida de milhões de pessoas.
De todas as formas de sexualidade, a homossexualidade é a que mais
perturba o Papa e, curiosamente a que mais tem abalado o Vaticano.
Trata-se de uma abominação, segundo o Levítico (18:22), mas,
contrariando a opinião divina e a Igreja, a OMS suprimiu-a da relação de
doenças, por não afetar a saúde mental nem os comportamentos normais. E
o Conselho Europeu, baseado no consenso generalizado das conclusões
científicas, opõe-se a que seja qualificada como doença, desvio
psicossomático ou perversão, instando os Governos a suprimir qualquer
tipo de discriminação motivada na tendência sexual.
Perante a fanática homofobia clerical foi interessante ler no El País
de 12 de Abril p.p., que o Dr. John Boswell, no seu livro «Las bodas de
la semejanza» documenta como na Igreja católica, dos séculos VI a XII,
existia como normal a celebração litúrgica de casamentos homossexuais,
com ritos e orações próprias, presididos por um sacerdote.
É a partir do século XIII que a homossexualidade assume o caráter de vício horrível (pecado nefandum=innombrable),
tão horrível que «innombrable» não se aplica a factos mais graves:
assassinato, matricídio, abuso de menores, incesto, canibalismo,
genocídio e deicídio incluído.
Enfim, venha o diabo para explicar esta violência homofóbica da teologia católica cuja demência é comum aos outros monoteísmos.
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