Publicado no site do Senado
A equiparação da homofobia ao crime de racismo, como prevê o Projeto de 
Lei da Câmara 122/2006, será discutida na próxima terça-feira (15), a 
partir das 10h, no Seminário “Diferentes, mas iguais”, promovido pela 
Presidência do Senado por iniciativa da presidente em exercício, Marta 
Suplicy (PT-SP). Devem participar do seminário a ministra da Secretaria 
de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, e o 
governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. 
O seminário ocorre na véspera da 3ª Marcha Nacional contra a Homofobia, 
que se realiza em Brasília no dia 16. Durante o evento, a Associação 
Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais 
(ABGLT) entregará aos senadores documento pedindo a aprovação do PLC 
122/2006 na forma do substitutivo da ex- senadora Fátima Cleide (PT-RO),
 já aprovado na Comissão de Assuntos Sociais em novembro de 2009. 
Durante o seminário, serão debatidos temas como o papel do Estado na 
construção de uma sociedade de respeito à diversidade; políticas 
positivas de combate à homofobia e aspectos constitucionais e legais da 
criminalização da homofobia. Haverá ainda testemunhos de vítimas da 
homofobia e de seus familiares. 
Além do governador do Rio de Janeiro, deverão comparecer ao seminário a 
presidente da Comissão Especial da Diversidade Sexual do Conselho 
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Maria Berenice Dias, e o 
superintendente de Direitos Individuais Coletivos e Difusos da 
Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Cláudio 
Nascimento, entre outros convidados. Programação completa. 
Crescimento da violência 
Marta Suplicy espera que o seminário sensibilize os senadores e a 
sociedade civil sobre a seriedade do recrudescimento da violência 
homofóbica e a consequente necessidade de aprovação do projeto que torna
 crime a discriminação por orientação sexual.
- Agora, não só a Europa, mas também a Argentina e outros países 
vizinhos avançam neste tema e na proteção da diversidade. E o Brasil 
caminha para trás - lamentou a senadora. 
Na opinião da senadora, um país que deixou, por 16 anos parado na Câmara
 dos Deputados, projeto que regulamenta a união civil entre pessoas do 
mesmo sexo e “há dez anos não consegue levar a voto de maneira bem 
sucedida projeto que trata de direitos humanos e respeito à cidadania” 
(PLC 122/06), não é um país que está “somente parado e, sim, 
retrocedendo na questão dos direitos humanos”. 
Mobilização 
Marta Suplicy ressalta que a sensibilização dos parlamentares só vai 
ocorrer, porém, com mobilização cívica, na medida que as pessoas 
entenderem que os direitos humanos estão sendo desrespeitados e que as 
agressões estão se tornando cada vez mais violentas.
A senadora acredita que a maioria dos cidadãos brasileiros não concorda 
que um cidadão homossexual seja vítima de preconceito, e lamentou que 
isso não esteja se refletindo em ações concretas. 
- As pessoas estão sendo vitimizadas não só em seus empregos, mas quando
 passeiam, quando se divertem, em todas as situações - afirmou. 
PLC 122 
O PLC 122 é de autoria da ex-deputada federal Iara Bernardi (PT-SP) e 
foi aprovado na Câmara em dezembro de 2006. A proposta altera a Lei 
7.716, de 1989, que tipifica "os crimes resultantes de discriminação ou 
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". A 
proposta de Iara Bernardi inclui entre esses crimes o de discriminação 
por gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero, 
igualando-os ao racismo. 
Além da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania, o projeto também terá 
que ser votado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e,
 se aprovado, segue para o Plenário. Aprovada pelos senadores, a matéria
 retornará à Câmara, uma vez que o texto original foi modificado por 
substitutivo da ex-senadora Fátima Cleide, aprovado na Comissão de 
Assuntos Sociais em novembro de 2009. O substitutivo inclui também a 
discriminação contra deficientes e idosos na Lei 7.716/89. 
Para Marta Suplicy, o PLC 122 é, na verdade, algo "muito simples" que 
não interfere na vida de nenhum cidadão que não cometa atos de agressão.
 O PLC 122/06 levou quatro anos para ser votado na Câmara dos Deputados.
 Ao perceber que seria difícil aprovar a matéria na Comissão de Direitos
 Humanos do Senado, em 2011, Marta Suplicy fez acordo com os líderes da 
oposição e apresentou novo substitutivo à proposta. Mas o acordo não se 
concretizou em aprovação. 
Após o adiamento da votação, a comunidade LGBT informou à Marta Suplicy 
que prefere a votação na forma do substitutivo da senadora Fátima 
Cleide. Documento neste sentido será entregue pela ABGLT ao Senado na 
próxima terça. 

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